NÃO HÁ UM SEQUER
NÃO HÁ UM SEQUER
Carlos Roberto Martins de Souza
Parece, pelo andar da boiada, que Deus renunciou ao seu posto de Senhor soberano. Quando assisto ao filme de terror que está sendo rodado nos estúdios da igreja evangélica, Sinto-me culpado, pois, por anos alimentei este enredo terrível, abominável e imoral. Fiz parte deste negro presente do cristianismo. Que credibilidade pode ter uma teologia que tenta nos fazer acreditar, e adorar, um Deus que usa a politica para um bem maior? Como aceitar que o ensino contido na Bíblia tenha sido abolido, dando lugar a ideologias políticas criminosas e danosas a alma e ao caráter do homem? Os líderes religiosos evangélicos modernos olham para os seus fiéis como se eles fizessem parte de suas “salas de troféus”, o templo como lugar onde exibem suas medalhas, taças e diplomas. A tão pregada justiça desapareceu, as lideranças, com dificuldades morais e materiais, resolveram abandonar a bandeira da justiça, hastearam em seu lugar uma mais vistosa, mais atraente, mais rentável, a da politica. Sou cristão e não posso admitir que a mensagem bela e nobre de Jesus seja raptada por um sujeito vil, que advoga a mentira como regra, que incentiva perseguir, ou medir outras pessoas por “ideologias". O “Capetão ” se coloca, diametralmente, contrário a tudo o que preguei, ensinei, vivi na minha juventude. Ele não cabe no evangelho que aceitei desde minha adolescência. Seu discurso é abertamente racista. O ex-capitão não tem valores familiares, não possui conteúdos éticos e nunca mostrou caráter suficiente que possa defender a moral cristã. Mas, lamentavelmente foi adotado pela Igreja como “CRISTÃO”. No Pináculo, local da tentação, satanás ofereceu a Jesus um modelo eclesiástico muito usado na construção de estruturas religiosas modernas. Tudo recheado com vastas quantidades de ostentação, poder, prosperidade e influência. Ambas oferecidas com grande entusiasmo, mas o negócio religioso é tratado como patrimônio particular de gestão empresarial e familiar. Grandes conglomerados foram erguidos, a oferta de Satanás foi aceita pelos operadores do comércio da fé. Hipocrisia, venalidade e vassalagem tornam, a cada dia, a caricatura mais evidente do cristianismo no Brasil. Teólogos, sociólogos e filósofos de todas as tendências se perguntam, o quê os crentes conservadores viram em Broxonaro? Como embarcaram com malas e cuias no Titanic de um maluco terrorista, dono de um passado sem nenhuma referência na história do Brasil? A pergunta feita tem implicações diretas na decadência moral e espiritual da igreja. Bolsonaro, mesmo mais parecido com um “Bateau Mouche”, que um Titanic, pode produzir um naufrágio épico para o Brasil. A igreja já afundou, esta no abismo da escuridão moral. Destroços são vistos por toda a parte, mas não há sobreviventes. O exibicionismo no meio evangélico ultrapassou os limites da razão, com a falta de credibilidade reinante no meio dos crentes, com a falta de Deus em tudo, com a escassez de conversões a Jesus Cristo, os líderes evangélicos ignoram a amplitude e a profundidade espiritual dos ensinos do Mestre, mercenários, salteadores e falsos profetas, desconsiderando a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitam ao que vem de Deus, e com a opção vergonhosa e imoral pela transformação da igreja em comitê político, a coisa deteriorou por completo. Preocupados com o lado material, com facilidades, com uma vida fácil, as lideranças optaram por fazer da igreja um balcão de negócios e não uma agência do Reino de Deus. “O senhor olhou do céu para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, que buscasse a Deus, porém, desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos. Não há quem faça o bem NÃO HÁ UM SEQUER" - Salmos 14:2 e 3. A decadência da igreja evangélica no Brasil está descrita nestes versos, o padrão do culto se constitui no envolvimento vergonhoso da igreja com a política, a ruína espiritual foi adornada pelo materialismo e pelo mundanismo. A estica moral e espiritual desapareceram, a classe inferior é literalmente enganada por mercenários, a igreja fornece recursos para o autoaperfeiçoamento da falta de discernimento espiritual. As coisas estão indo de mal a pior, e temo que nunca mais vá melhorar, pois a igreja se vendeu a políticos e mercenários. A mentira pode destruir uma nação, e o que vemos é que ela já destruiu a igreja, pois ela aliou-se a um mentiroso, Jair Mentindo Bolsonaro. As igrejas nada mais são hoje do que comunidades de interesses, Deus é apenas um ajudante de obras, um auxiliar administrativo ou um serviçal, que com seu nome, homens buscam vender seu produtos. A estrada para o inferno está sendo pavimentada com os cadáveres dos evangélicos, no campo de jogo o diabo, nos últimos anos, bateu todos os recordes, a igreja é uma servil imitação do mundo. Ao abandonar a Bíblia, ao se aluar a politica e a políticos, a Noiva do Cordeiro se transformou em uma garota de programa, e as portas do inferno dominam, e em nome de picaretas, o diabo está deixando e rolando. O padrão da igreja primitiva não atrai os evangélicos, pois lá a coisa era séria, não havia intimidade entre o imperador e o culto, jamais foi ovacionado ou tratado como personalidade. Hoje, por medo e por comodidade, o presidente é ate tratado como cristão, embora a sua vida e a sua conduta provem exatamente o contrário, ele não passa de um espertalhão que viu nos crentes uma chance de continuar sua vida de politico do baixo clero. É lamentável que a igreja tenha se perdido. Insisto, mesmo correndo o risco de dar murro em ponta de peixeira afiada, sem coragem de expor as pedras de sustentação da teologia evangélica, a caricatura fica cada dia mais bizarra. Com uma única vantagem, ver um movimento sem a cera da hipocrisia. O custo será um futuro pavoroso. Ou não é ameaçador ver “cristão” aplaudindo político de quinta categoria? Não é assombroso ver quem se diz do lado de Jesus, apoiar e defender um bandido disfarçado de gente de índole e mentiroso? Não, no meio evangélico não há um sequer que possa merecer credibilidade, que, de fato, esteja disposto a “fazer e defender" o bem!.