Afinal, a ditadura militar foi boa ou não para o Brasil?
Existem muitas explicações para o golpe militar de 1964. Uma das causas ocorreu quando o presidente João Goulart (1961-64) quis implantar as reformas de Base: reforma das universidades, agrária, tributária, urbana, eleitoral, e é claro a intervenção do estado na economia.
É bom lembrar que o presidente João Goulart (1961-64) estava isolado politicamente. Não tinha apoio do Congresso. A economia ia mal e havia muita insatisfação popular. Outra coisa, em março de 1964, na cidade de São Paulo ocorreu ''A Marcha da Família, com Deus, pela liberdade'', que foi organizada para combater governo Goulart. Foi uma demonstração de forças conservadoras de direita contra o esquerdismo e o socialismo.
Para os militares, o governo queria impor um governo comunista no país. Portanto, era fundamental acabar com a corrupção e restaurar a democracia no país. Essa foi a justificativa e o estopim para o golpe militar.
Em 31 de março, Jango é deposto. Vale lembrar que os que civis apoiaram a ditadura: empresariado, grandes jornais - O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo -, parte da Igreja Católica, Igrejas Evangélicas e os EUA... Assim, durante os anos 1964 a 1985, durante 21 anos, o país foi governado com mãos de ferro por cinco generais.
Assim, entrou em cena a convivência com abusos, violações, agressões, ausência do Estado de Direito, torturas e silêncio político. E é claro a perseguição implacável aos sindicatos, índios e quilombolas. Tudo isso em nome da Segurança Nacional. O período mais sanguinário da ditadura veio com os atos institucionais. O pior deles: o AI-5. Esse ato institucionalizou a violência e a tortura no país. Aliás, com ele os princípios democráticos e as liberdades individuais foram suprimidos.
Por meio dele, o presidente da República tinha plenos poderes para fazer o que quisesse aos opositores do regime. Como é sabido, os militares fizeram ampla propaganda publicitária para justificar a violência e a tortura como algo necessário e benéfico para o país. Para calar a opinião pública, os militares concederam benefícios a classe média. Jango se exilou no Uruguai.
GOLPE DE 64 NÃO TROUXE MUDANÇAS BOAS PARA O PAÍS
Em relação ao chamado milagre econômico (1969-73), que ocorreu na gestão Médici, foi um período de construção de grandes ''obras faraônicas'': exemplo a Ponte Rio-Niterói e a rodovia Transamazônica (BR-230). Essas obras permitiram enormes desfalques de dinheiro público e o aumento considerável da dívida externa. Uma triste verdade: os gastos militares não foram auditados. Houve, sim, inúmeros casos de corrupção e enriquecimento ilícito de militares. Portanto, o milagre econômico ocorreu ante a situação econômica internacional favorável. No entanto, quando chegou ao seu fim e a inflação aumentou, os militares perderam apoio e a conexão com a sociedade.
O pior cenário: o milagre promoveu o crescimento econômico, contudo beneficiou apenas a minoria mais rica da população. A realidade veio à tona: Médici reconheceu o aumento da pobreza, apesar do crescimento econômico. O que parece certo é que neste período houve aumento abissal da miséria e pobreza nos quatro cantos do país. Mais, nos governos militares a inflação atingiu 223% ao ano e a dívida externa ultrapassou os US$ 100 bilhões. No tempo de Jango, a inflação era de 85%.
O mais importante: o saldo da ditadura é extremamente negativo para o país, houve recuo e deterioração na saúde, na educação, na cultura, no transporte público, no aumento da desigualdade social, na institucionalização da tortura, na precarização das relações de trabalho, na instalação da censura aos meios de comunicação, no acréscimo absurdo da inflação e da dívida externa.
E mais, a violação dos direitos humanos, implantação de uma cultura autoritária no país, superfaturamento de obras, roubo de dinheiro público e aumento da população urbana. Resultado, isso acarretou a ampliação da violência nas cidades. Um detalhe importante: vários militares – de baixa e alta patente - eram contrários ao golpe.
Em 15 de março de 1985, a ditadura chegou ao seu fim. Por fim vale dizer que o golpe de 64 não trouxe mudanças expressivas para o país, aliás, os historiadores esclarecem que a estrutura econômica permaneceu inalterada: o latifúndio, o capital estrangeiro e a riqueza concentrada nas mãos da elite burguesa, apenas, 10% da população. O historiador Pedro Henrique Campos esclarece que o pagamento de propinas se consolidou durante a Ditadura Militar.