DO LADO DE LÁ – (primeira parte)

DO LADO DE LÁ – (primeira parte)

Está em jogo a vida, uma vez que em cada dia é menos um dia. O nascimento é o início da morte, uma vez que está limitada ao tempo – nascer, crescer, reproduzir e morrer. Caminhar sempre para o lado de lá onde tudo acontece, é quando tudo termina que começa, que começa a vida. O que estava do lado de lá era apenas a espera que estava para o lado de cá, pois o que vê e contempla está sempre do lado que conta o tempo, mesmo sem vê-lo passar, o fim está do lado de lá.

A vida vivida dentro do que foi panejado para se viver, deveria acontecer sem ter que levar em conta, a modernidade, a não ser pela defesa da vida e não para torna-la diferente do que foi planejada desde o início – trabalhar é muito bom, e nunca foi um castigo, ter que suprir suas necessidades com o suor do rosto. O começo foi num jardim regado de flores perfumadas e coloridas; animais, pássaros – um mundo cheio de atrativos para ser desfrutado durante a peregrinação neste plano, descobrir coisas, dar nomes às espécies e descobertas a fins. Logo, por outro lado, a vida é bela e boa de ser vivida.

Quem disse que cada um cuida do seu modo de viver, isto é, diferentemente do habitual, ou seja, fora do padrão em que a sociedade criou e que vem se transformando ao longo das épocas, no que se diz: fazer a moda, fugir das igualdades, ser importante, chamar a atenção, se projetar, superar a mediocridade. Tocar a vida de outro modo, como se necessário para dar sentido, ou, quando não, apenas para contrariar os iguais.

Fazer acontecer é o esforço de transformar ideias em realidades, é contrário do que se diz no jargão popular “deixa a vida me levar”, não é bem assim. Dentro dos limites naturalmente oferecidos por nossa natureza, podemos avançar, indo em frente e lutando por realizar nossos projetos, desde que saibamos respeitar nossos limites. Fazer de outro modo, não quer dizer de uma insatisfação, mas é quando se faz valer uma ideia a partir de outra ideia, se concluída ou não, se melhor, mas não em competição.

Quanto à maneira de condução dos projetos, não necessariamente, partem de ideias preconcebidas, mas elas podem acontecer de modo original, dando linha à imaginação, permitindo produzir com singularidade, cada um no seu jeito de ser, fazer, pensar. Quando desta forma construímos a nossa identidade, o nosso trabalho se torna prazeroso – o artista na sua arte não está preocupado quanto ao valor o que está produzindo, mas que no resultado final seja o primeiro a se encantar com seu trabalho. Além do mais, faz da vida um acontecimento, sem estabelecer dia e hora, aprendendo a se contentar com um dia de cada vez.

Na peregrinação da vida temporal haverá sempre o desejo de alcançar o que está do outro lado. A travessia pode ser feita rasgando os mares bravios, às vezes pondo em risco nossas vidas, no entanto tendo os olhos voltados para a frente, na certeza de que o alvo será atingido. Vindo as tempestades, contra elas lutar, para que, posteriormente poder contar que a vida valeu a pena ser vivida a despeito dos medos e desafios. Assim, por cada conquista, o alvorecer de um novo dia, na mesma expectativa de que algo existe, mais à frente, do outro lado.

Se na escuridão das nuvens aponta para uma iminente tempestade, a providencia das armas de defesa se projetam na expectativa de que ela poderá acontecer, todavia, sem o pretexto de que a viagem será interrompida. Estará sempre em voga que a vida é para ser vivida na sua maior intensidade, os percalços é que dão valor por cada conquista. Não é como apertar um simples botão fazendo surgir na tela o desejável, quando ainda é apenas um vislumbre de algo nada palpável, apenas sustentado em nosso imaginário. A vida nos impõe a que lutemos pela sobrevivência, o que na verdade, é a razão de tudo que impulsiona o nosso ser, o nosso existir, pois que, bem sabemos que a vida planejada pelo Criador, nos será concedida na sua plenitude quando tivermos alcançado o outro lado.