ESCOLHAS E ESCOLHA
ESCOLHAS E ESCOLHA
Carlos Roberto Martins de Souza
Estava em um supermercado e observava uma senhora na escolha de legumes e verduras. A forma como ela verificava cada detalhe me impressionou e me chamou a atenção. O zelo dela era algo fora dos padrões da maioria absoluta, foram tantas perguntas ao funcionário, que se fosse eu, ficaria irritado, parecia um interrogatório. Como sou curioso, e por conhecer a pessoa, brinquei com ela: “Na escolha dos seus candidatos a senhora tem o mesmo cuidado?”. A resposta dela me deixou pasmo; “O que você tem com isto?”. Logo percebi que candidato ela escolhe de qualquer maneira. Lamentavelmente esta é a postura de 100% de nossos eleitores, em outras circunstâncias de escolha, verificam tudo, mergulham nos detalhes, brigam, reclamam e até deixam de levar o produto por coisas mínimas. No entanto, quando a coisa é mais grave, pois a sua escolha envolve a coletividade, ele o faz de forma relaxada, sem nenhum cuidado ou critério. O mais duro, confiam apenas nas propagandas, mesmo sabendo que quem oferece o produto não merece a mínima confiança. Outra situação, o sujeito, quando vai comprar um carro, faz mil e uma perguntas, leva em um mecânico, em um lanterneiro, examina todos os detalhes, e até a quilometragem rodada. A procedência, para muitos, é o primeiro fator determinante. Mas, e na escolha de um candidato a um cargo político? Bem, é ate hilário algumas colocações e comportamentos. Das explicações, nem precisa esperar algo racional. A reputação do escolhido pouco importa, a idoneidade sequer é levada em conta, o passado não existe, há um desleixo total por parte do eleitor, ele vai na conversa dos outros, é um verdadeiro “Maria vai com as outras", um idiota, um burro, um ignorante, um irresponsável. Anta! E até um criminoso, pois, se os escolhidos não preenchem os requisitos básicos, e se possuem algum desvio de conduta, o voto dele é o avalista, ele está dizendo que aprova a comportamento delituoso do seu postulante a um cargo político qualquer. E ainda se declara um “patriota”, um “sabe tudo", um cristão. É algo cômico, para não dizer imoral. Enquanto esta forma de escolha continuar, nós brasileiros seremos o que sempre fomos, analfabetos políticos, irresponsáveis e presos políticos. Nos prendemos a tradições, rivalidades, ideologias e até a religiosidade. Muitos em prisão perpétua, pois suas formas de escolhas são inegociáveis. O povo vai para as ruas, faz carreatas, veste na cor do candidato, participa de reuniões, fazer vigílias, jejum, e o escambau, mas o mais importante sequer é lembrado ou levado em consideração. Somos um povo preguiçoso por excelência, idiota por convicção, burro por opção, a tal eleição é a prova disto, não conheço um só eleitor que se preocupa tanto com seus candidatos, como se preocupa com algumas aquisições que faz. Assim, Tiriricas, Broxonaros, pastores, cantores, vigaristas continuarão sendo eleitos e bajulados pela população miserável, estes pilantras, oportunistas e trapaceiros continuarão fazendo o Brasil caminhar como mula sem cabeça, indo de um lado para o outro, sem nenhuma expectativa de melhora de vida para a população. E chamam isto de exercício da democracia. Misericórdia!