Sitting on a sofa on a Sunday afternoon (sentado num sofá num domingo á tarde)
Going to the candidates debate (vendo debate entre candidatos) Laugh about it, shout about it (ria e grite sobre isso) When you've got to choose (quando você tem que escolher) Every way you look at this, you lose (cada vez que você olhar você perde)
É mais ou menos isso que diz a canção “Mrs. Robinson” da dupla Simon e Garfunkel. E é exatamente isso que eu senti vendo o último debate dos presenciáveis na Globo na noite passada.
Em andanças lá pelo Nordeste há alguns meses atrás perguntei à várias pessoas se elas preferiam Lula ou Bolsonaro para presidente. A resposta foi praticamente unanime: Lula. Mas ele não é ladrão? perguntei. “Ele pode ser um ladrão, mas ninguém fez mais pelo Nordeste do que ele” foi a invariável resposta.
É uma opinião que merece reflexão. Parece que em política a questão moral perde substância quando posta em confronto com o resultado. O “rouba, mas faz” tem apelo mais forte do que a honestidade dos candidatos, pois esse conceito é uma questão muito relativa quando se trata de política.
Bolsonaro foi eleito em 2018 graças a dois motivos relevantes: primeiro, porque Lula estava preso, acusado de corrupção e segundo porque um idiota fundamental tentou matá-lo com uma facada. Se Lula fosse o seu adversário ao invés do insosso Fernando Haddad, dificilmente Bolsonaro teria sido eleito. Haddad não tem um décimo do prestígio do Lula. Talvez não consiga se eleger nem para governador de São Paulo.
Se Bolsonaro perder a eleição de domingo será exclusivamente por culpa dele. E de seus apoiadores mais radicais que ainda não entenderam que o povo não quer saber de ideologias, mas sim do que pode acontecer com suas vidas se um ou outro ganhar a eleição. Tanto o presidente quanto os seus apoiadores estão dando uma verdadeira aula de incompetência política ao tentar descontruir o prestígio do Lula ao invés de construir o próprio prestígio mostrando o que fez e o que pode ser feito para melhorar a nossa vida. Ninguém quer saber se isso será feito pela esquerda ou pela direita, desde que seja feito. Quem souber mentir melhor sobre isso ganha.
Já está mais que provado que a questão moral, em política, tem pouco peso quando se trata de compará-la aos possíveis benefícios que se recebe (ou se espera) receber com a eleição de determinado candidato. Não fosse assim os Sarneys, os Barbalhos, os Magalhães, os Collors de Mello, Paulo Maluf e outros políticos não teriam construído os feudos que construíram, e malgrado todos os escândalos e carimbos de ladrão que lhes foram colados, continuam mantendo intactos os seus currais.
O desgaste que a Lava a Jato causou na crosta petista elegeu Bolsonaro em 2018. Agora a imbecilidade dos bolsonaristas está em vias de devolver o governo aos petistas. Se os institutos de pesquisas estiverem certos Lula deverá vencer com boa folga. E Maquiavel dará um grande sorriso em seu túmulo, porque mais uma vez provará que está com a razão.