Eleições. Bolsonaro e Lula. Democracia. Situação e oposição. Notas breves.

Quem se sentará, na cadeira de presidente do Brasil, a partir de 1 de janeiro de 2.023? Não sei. Sei que ouvi lulistas, dando certa a vitória do Lula, afirmarem que Lula irá prender Bolsonaro e que os bolsonaristas têm de aprender a perder. Calma lá, que o andor é de barro. Tais pessoas querem um Lula democrático, ou um Lula autoritário? E o que entendem por “os bolsonaristas têm de aprender a perder”? É o coração de uma democracia a oposição, e não a situação. O presidente de turno, Bolsonaro, se em algum momento inspirou-o arroubos autoritários, a oposição dissuadiu-o de trilhar tal caminho, impôs-lhe resistência, enfim: fez-lhe oposição – está aqui só uma conjectura, um exercício de retórica, pois o presidente Bolsonaro, um respeitador da democracia, jamais deu mostras de postura autoritária, e, sabemos, a oposição a ele não foi construtiva, e leal, tendo em mira o bem do país, mas desleal, prejudicial ao Brasil, quase vindo a provocar a ruína de todos nós. Exagero? Basta relembrarmos as políticas implementadas durante a inexistente epidemia. Mas, e se o povo brasileiro eleger Lula presidente, não serão os bolsonaristas que terão de aprender a perder, mas os lulistas que terão de aprender a ganhar, isto é, entender que, repetindo, é a oposição o coração de uma democracia. Ao afirmarem que os bolsonaristas têm de aprender a perder querem os lulistas que ouvi a externar tal disparate dar a entender, e dão a entender, que têm os bolsonaristas de aceitar, e passivamente, e calados, toda a política do Lula, e toda ação dele, seja ela quais forem. Ora, parece-me que os lulistas estão a pedir um governo autoritário.

Não estou, aqui, a generalizar, mas a reproduzir, em uma síntese, o pensamento de pessoas, inclusive familiares meus, e parentes, e amigos de longa data, aqueles que apóiam Lula, ou, não o apoiando, opõem-se a Bolsonaro. Para tais pessoas "os bolsonaristas têm de aprender a perder" é o mesmo que "Lula tem o direito, porque democraticamente eleito, de fazer o que lhe der na telha, pois ele é o dono do Brasil, ele é o salvador do Brasil, ele é a alma mais honesta do Brasil, ele não tem pecados, e os bolsonaristas têm de se prosternar diante dele, humildes, calados, e beijar-lhe os pés". É esta a idéia que fazem os lulistas de autêntica democracia. Mas, o Bolsonaro não foi democraticamente eleito? Foi. Neste caso, no entanto, não cabe a mesma regra. Oposição ao Bolsonaro é democracia; o governo dele, não. Para os lulistas, quem não beija os pés do Lula é fascista, nazista, e etecétera e tal.

E para encerrar esta nota breve, repito, para não haver mal-entendidos: estou a considerar palavras de familiares, parentes e colegas meus, aqueles que dentre eles são lulistas, ou, não o sendo, anti-bolsonaristas - e por incrível que pareça, caso pareça incrível para alguém, os que, anti-bolsonaristas, não sendo lulistas, têm uma postura idêntica à dos lulistas, e dos lulistas mais renhidos.

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Há bolsonaristas que estão certos de que o Bolsonaro se reelege, no primeiro turno, com 70% dos votos válidos. Entendo-os equivocados. Tendo-se em mente o meu círculo familiar, e parental, e de amizades, tem o Bolsonaro, se muito 30% dos votos; uns outros 30% irão para o Lula, com uma pequena vantagem para este, e os restantes de votos, nulos, brancos, e em outros candidatos, e não são poucas as abstenções. Se é o meu círculo de relacionamento um microcosmo da sociedade brasileira, então, sim, Lula tem, e sem fraude, chances de se eleger presidente, e no segundo turno, a depender de qual candidato os que não votaram, no primeiro, nem em Bolsonaro, tampouco em Lula, irão votar. Ora, quase todas as pessoas que eu conheço tem como fonte de informações a Globo, a Band, a Folha, o Uol, a CNN, toda a formação intelectual delas resumida nessas emissoras de televisão e canais de internet; portanto, a visão-de-mundo delas está de acordo com uma cultura revolucionária, politicamente correta, de subversão de valores, hostis aos valores cristãos, e anti-bolsonarista, e elas não se vexam disso, pois não se vêem na condição de seres servis ao comando dos donos do poder, e se dizem atentos à realidade, donos de pensamentos críticos, de livre pensar, e tão independentes e inteligentes que jamais manipulam os manipulam, os ideologizam a mídia e os intelectuais e os artistas. Pensam acreditar eles, e eles unicamente, com a própria cabeça.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 27/09/2022
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