DESPEDIDA DE CASADO
DESPEDIDA DE CASADO
Carlos Roberto Martins de Souza
A poucos dias de deixar a cadeira, Boçal Nero passou a ser uma representação “ipsis litteris” de si mesmo, um boneco de pano, sem nenhum poder que não seja o de ceder poder aos outros que garantem sua sobrevida. Entenda-se Centrão. Encurralado pelas pesquisas, nocauteado com a derrota anunciada, ele está sentido o gostinho amargo de seu próprio veneno. Fingindo que governa, e com a boiada e os aliados vivendo a ilusão de que estão sendo governados, ele vai contando os dias para a sua melancólica despedida. Ele passou os últimos dias obcecado com a ideia de que seria vitorioso, que as passeatas salvariam a sua pele, mas não vingou, resta pedir aos evangélicos que orem pelo seu futuro. Em fim de feira, a Barraca do Broxo está fazendo promoções, distribuindo o que tiver, só para manter os seus apoiadores esperançosos de que algum milagre aconteça. O casamento tão badalado entre a “cadeira” presidencial, e a “bunda” do Broxado acabou, a maquiagem está borrada, o cabelo desarrumado, a fantasia rasgada, expondo um arlequim em fim de Carnaval, mais perdido que minhoca em areia quente. Balançando entre o Centrão e os militares, ele sabe exatamente a dimensão de seus problemas, e que sua queda é iminente. A camuflagem das contas públicas indicam que o desespero é real, as concessões feitas são apenas a do tempo, para que alguma coisa aconteça, daqui a pouco ou mais adiante, que empurre Bolsonaro para a sarjeta da política. Os remédios das urnas são conhecidos, e todos são amargos. Alguns, são fatais, principalmente quando o candidato se acha a cereja do bolo. No caso, Broxo não passa da mosca no cocô. Bolsonaro talvez conte neste momento somente com o suporte fiel dos evangélicos, cujo os interesses são tão baixos e mesquinhos, que até o demônio já diz que não acredita. Ainda assim, há uma rebelião em muitos redutos evangélicos, e o risco é que até as eleições eles possam causar danos irreversíveis ao Capetão. Se o Centrão o abandonar, sobrará para Bolsonaro o apoio dos filhos e de alguns políticos profissionais na arte de puxar saco. Bolsonaro será derrubado pelo povo nas urnas, num duro golpe contra quem sempre surfou nas ondas das vitórias em pleitos pretéritos. Agora ele vai amargar o ônus de sua ignorância. Bolsonaro foi a gambiarra mais ridícula que a igreja evangélica inventou como opção para derrotar as esquerdas. Nunca foi político, mas um miliciano avulso que ficou 30 anos no Congresso sem fazer nada. Era, e é um figurante. Nenhum líder político na história do mundo tem tanta capacidade de auto-destruição quanto o presidente do Brasil, Jair Embora. E esta capacidade é inata à sua personalidade insana, tresloucada e sem a menor noção de modos e maneiras. Ele é um fracassado de carteirinha, pois nunca conseguiu visibilidade na política. Fracassou no Exército, de onde saiu com a sanidade mental questionada, pois quis mandar a caserna para os ares. Fracassou na Câmara Federal, onde a única coisa que conseguiu fazer foi aparelhar o gabinete para criar um cabide de empregos que comprou mandatos sucessivos para ele e para o filhos, com apoio de rachadinhas e milicianos cariocas. E fracassou também na presidência da República, fracasso coroado com o sonho de um golpe militar no 7 de setembro de 2021. Ali, com a caneta da burrice, ele assinou a sua demissão. Depois da pompa da cerimônia de casamento com a igreja, as traições começaram, resta saber como será a despedida melancólica de quem um dia foi chamado de Mito, Messias, O Cara, O Imbatível. O Centrão tem o Broxo atravessado na garganta, mas não vai regurgita-lo agora, vai segurar, pois no momento exato, vai cuspi-lo numa vala qualquer. O Arthur Lira apostou em um casamento feliz, porém pensa com pragmatismo. O presidente é o noivo dos sonhos, mas pode gerar um divórcio amargo. Melhor aumentar o dote e se preparar para o futuro, em uniões mais promissoras. E quanto custa para casar com o Centrão? Broxonaro não sabe, pois o pagamento é a perder de vista.