A LIÇÕES DO MINEIRAÇO
A LIÇÕES DO MINEIRAÇO
Carlos Roberto Martins de Souza
O Mineirão, com um público de 58.000 torcedores, diante da Alemanha, deixou lições e reflexões para gerações futuras e que se aplicam a todas as áreas da vida. Naquele dia, o Brasil confiou no grito da torcida, no seu talento, no fato de jogar em casa, no peso da camisa amarelinha, no Felipão e sabe-se lá mais no que para encarar a Alemanha. E o vexame foi inevitável. Quando chegou no quarto gol o torcedor ali incrédulo pensando se aquilo realmente estava acontecendo. Aconteceu. Eu estava bem pertinho do Mineirão, meu cunhado mora lá, pude ver a multidão enfurecida com o resultado destruindo lojas e quebrando tudo. Foi uma noite terrível. Pois bem, o Boçal Nero não é o centro da politica, e nem você é o centro do das eleições. As coisas não vão acontecer baseadas apenas na sua vontade. Há muitos fatores em jogo e, às vezes, podemos ser surpreendidos por situações totalmente inesperadas. Camisas, multidões, bandeiras, técnicos, massagista, médicos, torcida, barulho, chuteira de marca, vigílias de oração, jejum, não ganham jogo, só o time pode fazer gols e, quem sabe, garantir a vitória. A turma do Bozo está contando com o ovo dentro da galinha, estão promovendo um “BRASILSAÇO” eleitoral achando que o jogo está ganho. Fizeram um desfile de blocos caricatos no dia 7 de setembro, todos vestidos de periquito australiano, muita bandeira, muitos gritos, alguns até cômicos como o “imbrochável”. Soltaram seus insultos contra a esquerda e contra os adversários, o ódio fala mais alto, como se eles fossem zagueiros que precisassem serem tirados do campo. O governo do improviso deu adeus ao reinado, está surfando no mar do vexame que ele mesmo criou, a derrota anunciada antecipadamente vai abrir a caixa dos sigilo decretados pelo medroso e maldoso Capetão Bozolino, e vamos ver porque o bandido quis esconder suas falcatruas por tanto tempo. É certo que o ufanismo desmedido sempre cria ilusões que em algum momento se despedaçam. A derrota para a Alemanha era a crônica de uma morte anunciada, embora nem o mais cético dos analistas pudesse prever o vexame construído em cinco minutos de apagão. Depois da vitória do Satanás Boçal Nero em 2018, nem mesmo os evangélicos idiotas que elegeram o Capetão acreditavam que em tão pouco tempo ele seria deposto, amargando a sua primeira e mais humilhante derrota politica. A “Eleição das Eleições” patrocinada pelos evangélicos não decolou, virou um voo de galinha. Alguns evangélicos chamam de “Maldição Hereditária”, pois deixaram Deus na ditadura para abraçar os ditadores, e agora vem o troco com juros e correção monetária. Um rebanho de gado nocauteado, incrédulo, decepcionado, humilhado, sem saber para onde olhar, os idiotas bolsonaristas acordam imerso no pesadelo do barulho retumbante das urnas. Eu quero ver o que Malafaia e sua gangue de mercenários vão fazer, pois ninguém acredita nas lorotas que contam e pregam. O que vão fazer quando a boiada estourar, quando o gado sair quebrando o que estiver pela frente? Nada explica, às vezes, o acontecimento. Quem já viveu na roça sabe bem que a boiada pode estourar por causa de um incidente mais trivial, a súbita corrida de uma ave assustada, o vôo de uma pomba, uma vaca se espanta e há o contágio, a confusão se espalha sobre o rebanho. É um estouro único, assombroso, o gado se atirando sem controle, misturando-se e pisoteando tudo, nem mesmo cercas os seguram. E a boiada está prestes a estourar, é só questão de “quando”, pois muitos descobriram que foram enganados. Eles estão acordando do pesadelo e vendo o tamanho da asneira que fizeram. Ainda há uma dignidade interior nas pessoas que, dia a mais, dia a menos, rompe couraças e acende feito chama. Ainda há aqueles que tem vergonha na cara e são capazes de se redimir de seus erros. Como um palito de fósforo em caixa fechada, um queima o outro. A fumaça sobe, o cheiro de pólvora denuncia que houve uma explosão. É inevitável. Pois bem, as pessoas já não suportam mais essa imposição de vida que não leva a lugar algum, essa multidão sem rumo e sem liderança está despertando, mesmo tarde, mas antes tarde do que nunca. A depressão é coletiva. Por enquanto, o excesso de festas como 7 de setembro, motociatas, morte da rainha, Festa do Peão conseguem distrair a maioria insana e burra. Mas, após todo o desfile dos blocos caricatos, das avenidas, das fantasias de patriotas, vem a quarta-feira de cinzas. A festa acaba, resta aos inteligentes a reflexão. Acabada a festa, ficarão sujeiras abandonados no piso dos salões. E nada terá sobrado de nossas roças tão duramente cultivadas. No estouro da boiada, até se pode saber de onde ela vem, mas nunca para onde vai. Naquele fatídico 8 de julho de 2014 o povo, atônito, viu que nem sempre é o tido como lenda, como mito, como o “favorito" ganha, e que vexames as vezes fazem as pessoas refletirem. Broxonaro entrou em campo com o coro de “já ganhou" puxado pelos pobres evangélicos na torcida, estão fazendo um tremendo barulho, cantam que, “em nome de Deus", já ganharam. Eu quero ver o que vão dizer de Deus quando o aviso prévio de Boçal Nero for assinado nas urnas, será que faltou fé? Ou será que, ao contrário do apregoado pelos tais crentes, Bozo não era o escolhido do Senhor? Será que faltou mais oração? Ou será que oraram, mas não vigiavam, dormiram, cochilaram e o cachimbo caiu. Imagino a cara de bundão na noite de domingo, di 02 de outubro, depois das eleições, com os pastores tentando explicar o óbvio, a derrota. Será que vão colocar Deus na lista negra por causa do vexame? Vou fazer questão de ir a uma igreja aqui perto, um reduto de bolsonaristas, quero me divertir um pouco vendo o contorcionismo do pastor para acalmar a boiada. Vai ser o ápice, a coroação de uma longa espera. Na saída, imagino a manada querendo sair em estouro de boiada para chorar as mágoas escondidos em casa.