Lula, PT e o engodo da corrupção
Que tristeza! Às vésperas da talvez mais importante eleição da história do Brasil, ainda termos que ver Lula defender-se, em entrevistas, debates, mesas redondas, do estigma de corrupto e ex-presidiário. O ex-presidente já deu uma boa resposta sobre ser ex-presidiário: com ele estão Tiradentes, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, José Pepe Mujica, Nelson Mandela, entre outros e outras que foram presos políticos por defenderem a igualdade, a justiça, os direitos humanos, a liberdade. E o nacionalismo verdadeiro, que sempre contraria os interesses dos onipresentes impérios totalitaristas. Mas Lula não consegue dar resposta à altura da pecha de corrupto, ou de ser o líder de um governo corrupto. Qual o motivo?
Logo na primeira eleição disputada por Lula, que chegou ao segundo turno com o “caçador de marajás” fabricado pela Globo, na última semana de campanha o sindicalista barbudo ameaçava chegar à presidência de república. Então três fatos elegeram Collor: fabricados depoimentos passionais de uma ex-companheira ressentida que acusou Lula de verdades e inverdades; a vergonhosa edição do debate final entre Lula e Collor, condenando o primeiro e catapultando o segundo; e, por fim, na véspera do segundo turno, a transmissão em cadeia nacional de TV do estouro do cativeiro de Abílio Diniz, os sequestradores com camisetas do PT, o que no inquérito subsequente provou-se que foram enfiadas na marra em bandidos comuns, e não em terroristas ou militantes políticos. Tentou-se imputar ao Lula e ao PT o estigma de bandidos e sequestradores, mas depois mudaram de estratégia: pareceu mais viável acusá-los de corruptos.
Com Lula e Dilma presidentes, inventaram-se o “mensalão”, o “petrolão” e a Lava Jato. Quem ainda não foi conferir estas três farsas? Sim, compravam-se votos no Congresso Nacional, como infelizmente sempre se comprou. E sim, houve corrupção e desvio de verba na Petrobras, como acontece em toda grande empresa do mundo. A corrupção é um nefasto traço da natureza humana, sempre vão existir oportunistas de plantão especializando-se em tirar proveito indevido de tudo que é feito pela humanidade. Sempre foi assim, infelizmente assim deverá continuar até que a ética, a moral, a empatia consigam fazer com que os cidadãos todos se comportem com honestidade a toda prova. Até tal ansiado momento de emancipação da humanidade, a corrupção precisa ser desencorajada, investigada e punida com leis severas. Quanto à Lava Jato, já está mais que provado que foi uma operação criminosa destinada a prender Lula, destruir a Petrobras e outras grandes empresas brasileiras e a criminalizar ainda mais o PT e seus quadros. Na verdade, destinou-se a perpetuar o Brasil colônia, fornecedor de matérias primas baratas.
Por qual motivo o estigma da corrupção é tão difícil de ser superado? Primeiro, porque a grande mídia trabalha incansavelmente para repeti-lo. E por qual motivo? Por que a grande mídia não reconhece a corrupção de outros governos, como o Banespa em São Paulo, o Banestado e a “privataria tucana” no Paraná, as compras de votos para a reeleição de FHC? Por que não reconhece que os governos do PT foram os que mais procuraram criar leis e mecanismos para evitar a corrupção? A resposta tem sido dada pela mídia alternativa, que infelizmente ainda não chega à grande massa de brasileiros, como chega o faccioso Jornal Nacional e o Fantástico de domingo.
O estigma de corrupção destina-se a afastar do Brasil um governo popular, progressista e nacionalista, que tem como principais bandeiras a emancipação da população mais desvalida e a soberania do país frente à rapinagem e ao espectro da total dominação que vigoram internacionalmente. O engodo da corrupção visa, enfim, manter no país um governo fantoche, submisso e entreguista à rapinagem internacional, comandada pelos EUA e suas empresas.
O esquema de estigmatização de Lula, do PT e de políticos nacionalistas, via a pecha da corrupção, conta com outros esquemas coadjuvantes: a elite brasileira herdeira do ressentido escravagismo, comparsa do imperialismo estadunidense e do mercado, e o sistema educacional em eterna crise, do qual Darcy Ribeiro diz que não é crise, é projeto. Para manter a população na ignorância funcional, que acredita no engodo da corrupção.