JAIRLÂNDIA
JAIRLÂNDIA
Carlos Roberto Martins de Souza
Num lugar distante, num outro planeta, habitado apenas por gente desmiolada, desequilibrada, encontra-se o maior e mais badalado centro de entretenimento já imaginado pelo ser humano. É o um parque temático projetado e construído sob a supervisão direta da Igreja Evangélica, com os projetistas Silas Mala Cheia, Pedir Mais Cedo, Roubo Roubo Só Ares, e Maldemiro dos Diabos assinando como responsáveis técnicos. Todos com CREA – Conselho Regional de Enganação e Armação. Um complexo “complexo" de atrações políticas construído sob medida para atender a uma fatia de bobo, digo, do bolo que sempre sonhou com um “Reino Encantado" onde poderiam eleger um rei. Vivendo no descrédito, sem perspectivas de crescimento moral, sem expectativas de expandir o número de salvos, com medo de perderem as regalias, a população estava prestes a promover uma grande rebelião, a “Revolta dos Fracassados". Então, Gênio da Maquininha do Pix pensou: por que não JAIRLÂNDIA? Seria uma homenagem singela da “Ala da Prosperidade" ao palhaço Bozolino e sua esposa Dona Bicheque, uma ferrenha e fervorosa defensora dos habitantes do país perdido. Alguns queriam promover um concurso para a escolha do nome, mas uma corrente de marceneiro, ou melhor, mercenários, não aceitou, pois reunidos numa “Santa Ceia", depois de várias vigílias de oração, receberam uma profetada de um anjo da morte de que “JAIRLÂNDIA” era uma voz vinda do céu, e que era a revelação de Deus para nominar o mega empreendimento. O agraciado com a mensagem foi um tal Marquito Feliz Com o Cano, um cara que era pastor respeitado e adorado no reino distante, e a ele coube a tarefa de anunciar as “Boas Velhas Novas". Na assembleia, reunidos no Templo de Só Limão, ops! Salomão, levaram o nome, que foi aprovado por unanimidade. Todos eufóricos, era a redenção da terrinha que já se julgava abandonada, agora teriam divertimento e a chance de terem um monarca para chamarem de seu. A notícia correu o país, foi um alvoroço, JAIRLÂNDIA caiu nas graças do povo mesmo antes de sair do papel higiênico. Multidões fazendo reuniões de oração em prol do projeto, doações vinham de todas as partes, pessoas vendendo tudo para contribuir com a tão sonhada Pátria Armada. Marcaram a data, a população, vestida de verde amarelo, todos numa ”Burruciata" foram votar, era o ápice, a coroação do sonho. Fizeram uma grande festa, o “Festival de Besteiras" para escolher o slogan do Reino Encantado, por aclamação o escolhido foi: "O Mundo de Ontem, de Amanhã e da Fantasia”. Enfim, as obras começaram em outubro de 2018, gente abestalhada, espalhada por toda a parte comemoravam, afinal tinham um reino do jeitinho que “exigiram" de Deus, melhor, com um Príncipe Mal Criado disposto a promover o parque de diversões em troca de apoio e de proteção. Uma exigência foi feita pelo homenageado, o povo não poderia ler e nem estudar a “BÍBLIA”, pois ela temia que o povo descobrisse que ele não passasse de uma Praga Egípcia descoberta nas escavações em busca da verdade feita nas páginas do tal livro. Na inauguração, um mega “é vento" foi realizado para celebrar a benção alcançada, convidados especiais não faltaram, mas um se convidou, fez questão de animar a festa, levou até mestre de cerimônia e DJ, tudo pago pelo convidado. Quem? Quem? Ia me esquecendo, Madame Satã! Sim, e foi eleito como “Conselheiro Espiritual” da nova Terra do Investimento, pois ele era um precursor da Teologia da Prosperidade, uma corrente que incentiva o povão a ganhar muito dinheiro, viver devassadamente e cobrar de Deus os seus direitos como moradores usuários e sócios da nova diversão. JAIRLÂNDIA tinha muitas atrações, algumas bizarras, ouras hilárias, mas viviam lotadas. O passeio com o homenageado era o divertimento predileto, era numa avenida onde eles faziam a famosa “MOTOCIATA" para massagear o ego e levantar a moral do Bozolino. Dava tesão nele estar rodeado de idiotas, era o maior fetiche dele. Tinha também o famoso “Trenzinho da Alegria”, o condutor escolhido foi um “maquineista" do Centrão, um grupo que anda pelos reinos na busca de gente para corromper. Entre Deus e o diabo eles fazem qualquer negócio, com qualquer reino para manter a vidinha de devassidão que levavam. A coisa ia tão, mas tão bem, bem que decidiram mudar o nome do Parque de Diversões para “PORNOLÂNDIA”, era tanta sacanagem, tanta relação promiscua entre o sagrado e o profano, que a nova alcunha caiu como luva na mão. JAIRLÂNDIA estava em ebulição, ferviam águas podres nos templos, nos corredores do Palácio, nos programas evangélicos de televisão, nos gabinetes. Cisternas rotas foram cavadas para saciar a sede do povo, tudo feito com cuidado, nos mínimos detalhes. A narrativa foi construída com primor, para endossar o seu encantamento e vendê-lo como um produto crível para eleições e cunhou para si o epiteto de mito, se autoproclamando nas redes sociais com essa figura mítica. No Reino Encantado das pérolas e de culpados irreais, a coisa começou a azedar. Logo o Bozolino começou a anunciar que todo universo tão poderoso e influente se uniu para derrubá-lo. De acordo com o mundo do “faz-de-conta”, existem príncipes, reis e uma corte de notáveis ao seu redor, local onde se vive através do espectro mágico e alegórico do mundo da imaginação, da fantasia. Foi este o mundo construído pela Igreja evangélica e por parte da população idiota do Brasil. Agora, diante de uma reviravolta, JAIRLÂNDIA derrete com o calor das eleições, ele não foi projetado para resistir a altas temperaturas alimentadas pelas brasas da verdade, desta forma, como todo o “faz-de-conta” se evapora no ar por não ter nenhum fundo de verdade, a gestão de Bozolino começou a virar fumaça a partir do seu próprio núcleo familiar, passando pelos seus aliados de ponta, seus príncipes encantados começaram a ser associados a corrupção, alastrando-se para toda a sua família e assessores. Nessa fantasia que beira o devaneio coletivo, além da trupe familiar ser acusada de corrupção, pesa contra a sua corte de ministros notáveis a denúncia de atividades ilícitas ou indiciamentos em casos ainda a serem investigados. Mas ele não quer perde a cadeira e o titulo, “ex" não combina com suas ignorância, assim ele está promovendo om movimento revoltoso, a data escolhida é 7 de setembro, naquele dia os “crentes" do Reino Bozolitico, convocados e obrigados pelos pastores, vão para as ruas cultura o palhaço Bozolino, pois o reinado dele acabou e há risco de ele ser metido numa masmorra, e lá termine o seu sonho de ser o Messias. Fique atento, pois querem nos calar. A ditadura não é impedir-nos de falar, é obrgar-nos falar. O ser Boçal Nero é, na essência, um chouriço de fezes. Fechando a fábula, fica novamente o povo como o personagem mais triste dessa história de encantamento, o “Bobo da Corte” na certeza que o fizeram de bobo em nome de Deus. JAIRLÂNDIA faliu, mas sua queda pode causar muito barulho, pois de barulho Bozolino entende.