A ARTE DO VOTO
A ARTE DO VOTO
Carlos Roberto Martins de Souza
Está chegando a hora de você ser você como nunca foi, de você ser testemunha de você mesmo. Ser seu juiz. As eleições estão aí, e os candidatos chegam junto, num pacote perigoso, muitas vezes explosivo e destruidor. Nas ruas, nos rádios, na televisão, nas redes sociais, e principalmente nas igrejas, vai aparecer gente tentando te convencer, te comprar, te ludibriar e até te obrigar a votar num determinado partido ou candidato. E para ele vale tudo, conquanto que consigam te convencer. Votar deveria ser uma atitude de honestidade, lamentavelmente não é, no mínimo é um ato de sinceridade, de democracia, mas é também uma desgraça, pois é o momento em que qualquer pilantra, qualquer oportunista se transforma em santo, mesmo não valendo o nome que tem. Pior, ainda tem aqueles eleitores que fabricam um andor, enfeita, coloca cartazes, senta um sujeito lá em cima e vai para as ruas anunciar o beato como o homem mais honesto, mais santo e mais ético do mundo. O problema é que o povo nunca tem noção, nunca pensa que o ato de votar nada mais do que fazer a democracia na sua profundidade. A máquina política é movida pelo combustível do voto, que é de poder incendiário sem comparação. Já vimos grandes incêndios provocados pelo uso incorreto, pelo manuseio indevido de algo com tamanho poder de destruição. O mais grave, as vítimas são sempre aqueles que, achando estar agindo certo, na urna acendeu o pavio e deu inicio ao processo de combustão. É deprimente, delirante, ultrajante e vergonhoso ver como o cidadão usa seu voto, chega a ser cômico se não fosse terrível e perigoso. Pelo voto aqui no Brasil, o eleitor inconsequente serve a um amigo, mesmo que a biografia dele não traga nada que abone o voto nele. A maioria esmagadora vota sem se preocupar com o passado do candidato, se o sujeito é ou não digno de receber, e pela procuração do voto passada nas urnas, dão poderes para que façam qualquer coisa sem consultar quem o elegeu. No Brasil o voto tem sido usado como arma para se combater um inimigo, e no caso mais recente, a esquerda foi a vítima da ignorância do eleitor. Aqui, e não é diferente em outras nações, o voto se presta ao ato de obediência a um chefe, a um superior e até a um líder religioso. Aqui, nas últimas eleições presidenciais, ficou evidente o “voto simpatia", mesmo não tendo afinidades nenhuma com o candidato, sem saber quem ele é, mas incentivado por amigos da onça, o cidadão vota nele. Sem contar as ameaças feitas por pastores e similares que pregam que quem não votar no candidato dele, será punido por Deus. Como se Deus tivesse tempo para se preocupar com candidato. O negócio não é salvar o Brasil, para esta gente é salvar a igreja de ser incomodada e perseguida, eles querem continuar iludindo o povo, arrancando dinheiro, e para isto usam o voto como moeda de negociação entre Deus e o diabo. Milhões de brasileiros ainda não se deram conta de que com o voto a gente escolhe, de forma pessoal, de maneira definitiva e irrecorrível, o candidato ou grupo deles que vão nos governar por pelo menos quatro anos. Depois de apertado o botão de “confirma", resta apenas torcer para que a vaca não vá para o brejo e leve o eleitor junto. É nas eleições que escolhemos aqueles que têm direito de demitir e nomear funcionários, por meios nunca republicanos, que vão presidir e controlar a existência de todo o organismo burocrático do Estado. Não preciso explicar muito posto que nós nadamos num mar revolto em plena inflação e sabemos que é à custa da nossa fome e de nossa aflição. Os gananciosos, alguns com carteirinha se santo dada por uma denominação ou uma igreja, adotam a postura de serem uma bancada divina, e a esta divindade dão o nome de “Bancada Evangélica”, que eu chamo de “Sócios do Inferno". São falsários religiosos que desde a ditadura usam a igreja como fachada para enganar multidões.
Pelo voto, escolhemos de forma igual, aqueles que nos vão cobrar impostos, muitos criados apenas para gerar ganhos para os políticos, e, pior ainda, aqueles que irão estipular a quantidade desses impostos. Nos últimos anos a geração de recursos por “impostos" virou uma praga, como diz a musica: “Tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer". Percebam como é grave a escolha desses “cobradores”, você não faz opção, você é a opção deles para arranjar grana. Uma vez lá em cima, no cargo que você colocou, podem nos arrastar para penúria, como estamos vendo, nos sugar como morcegos humanos, a última gota de sangue do nosso corpo, nos arrancar o último fio de esperança, e até último vintém do bolso, aquele que você, com suor e muito esforço, guardou para emergências. Preste muita atenção, escolher um candidato não é escolher um animal de raça, mesmo que todos sejam de raça ruim, porque, afinal, o animal quando é ruim, mas lhe venderam como top de linha, dá-se uma surra, devolve-se ao vendedor, pede-se o dinheiro de volta. Já o governo quando é ruim, ele é quem nos dá a surra, nos esbofeteia, nos humilha, ele é quem nos põe na rua ou debaixo de uma ponte, tira o nosso último pedaço de pão, e nos faz apodrecer na cadeia, apenas por sermos contrários ao que pregam. E quando a gente não se conforma, nos intitula de comunistas, esquerdistas e revoltosos, se precisar nos consomem sem deixar rastros. Vivemos tempos sombrios, seres humanos sendo tratados como ossos que a cachorrada política não quer deixar, brigam acirradamente por eles, alguns matam para ter a peça nos dentes. Estes cães fazem da “ARTE DO VOTO", a arte de tripudiar sobre a população, num teatro onde a “ARTE DA MANIPULAÇÃO” é encenada sem cerimônia para agradar as multidões. Tenho visto coisas absurdas sendo praticadas em nome do voto, pelo voto e com o voto, nas últimas eleições presidenciais isto ficou evidente, foi um desastre sem precedentes, um bando de gente oportunista, em nome do voto, que chamaram de “útil”, e que hoje sabe-se que foi inútil, fantasiaram partidos, candidatos e propostas, levaram para as ruas e deu no que deu. Pelo voto, usaram Deus como avalista, apresentaram como gente enviadas do além, com poderes sobrenaturais, nomeadas por Deus para salvar a pátria dos comunistas. O que vemos é uma ameaça a democracia sendo articulada pelos “homens de Deus" que milhares de eleitores escolheram e ainda hoje veneram como os santos, os homens de bem. Com o voto, destruíram a moral, a ética, a esperança, e por fim, permitira0m que homens sem escrúpulos tomassem de assalto a igreja evangélica fazendo dela um balcão de negócios escusos, imorais e sujos. Com o maldito voto irresponsável, estão ainda tentando fazer de um “Satanás” um ser confiável, digno de ser reconduzido ao cargo de presidente, que este Satã nunca deveria ter ocupado. Vai aí um conselho de alguém zeloso, ele pode parecer esdrúxulo, sem sentido, um mau conselho, mas no fundo é revestido da maior honestidade que se possa imaginar, óbvio diante do tema em questão. Se por qualquer motivo imoral, irracional ou de cunho pessoal você estiver comprometido a votar com alguém, talvez por sofrer alguma pressão de um que se acha poderoso para votar neste ou naquele candidato, não se preocupe, fique tranquilo, siga em frente de cabeça erguida. Não se prenda inutilmente e infantilmente a uma promessa arrancada por um espertalhão que usou sua pobreza política, ou seu pensamento de dependência, ou até mesmo a sua timidez. Lembre-se sempre, “seu" voto, que é seu, é secreto. Inviolável! Na hora do sufrágio, lembre-se, ali você tem que ser você, pois nem sua sombra te acompanha, o que você fizer, como ato voluntário, não vai passar de um minuto, talvez. Ali você é livre, e como é, o seu dedo indicador vai indicar quem, de fato, é você como cidadão. Se alguém, usando uma boa lábia, o obrigou a prometer que votaria nele, e você prometeu, esqueça. Se você teve medo de dizer não, e disse sim, agora, sozinho, sem fiscal, diga um sonoro não. Não é crime! Não é errado. Lembre-se, crime comete quem pressiona o eleitor a declarar voto antes de ele ir a urna. Violar o sagrado que é a sua liberdade, seu direito de escolha, é um ato inflacionar e merece punição, e a sua é dizer não. Pense bem, se você chegou a sua sessão com a consciência pesada pelo “sim" dado a alguém por ter te pressionado, iludido, prometido mundos e fundos, se por medo, se sente pressionado, fique atento e tenta certeza, na cabine de votação e você e sua consciência, ninguém vai espionar, ninguém vai vigiar, ou você fala a verdade usando o dedo, ou sua consciência será sua eterna acusadora, ninguém além dela vai fazer uma devassa na sua vida e nas suas atitudes. Então, seja corajoso, seja ético, use a honestidade a seu favor, não se preocupe com o que vai acontecer lá fora, pois lá são candidatos, gente que não tem princípios, muito menos caráter, homens que fazem do cidadão um fantoche, prometem fazer dele muita coisa, usam e abusam de mentiras, pois buscam somente aquele seu voto, que dependendo, pode decidir muita coisa. Assim, na cabine, você tem a oportunidade de faltar com a palavra sem cometer nenhum crime posto que ela foi dada a um candidato usando a força e o poder persuasivo de convencimento. Pelo amor da responsabilidade que você tem, escute apenas a sua consciência, esqueça o que você prometeu. Fique atento, palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o fim, até no caixão.