Lula, de novo, pode ser bom
Pelo histórico dos dois mandatos anteriores Lula pode ser uma boa opção para muita gente. Pode ser ótimo para o sistema financeiro, sempre privilegiado nos seus oito anos de governo, tendo como gestor um homem da banca. Lembrar que nas suas palestras “off shore” o então presidente trabalhou para atrair o capital internacional.
Lula será bom também para os carteis de sempre, que voltarão para compor o seu bem bolado Conselhão. Foi e será bom para o agronegócio, com juros subsidiados e contenção dos sem terras. Lula tem o poder de almoçar com o Stédile e jantar com o fazendeiro. Mantem a esquerda no bridão e prestigia o capital. Pode voltar a ser bom para as empreiteiras arrependidas pelo acordo de leniência e para aquelas que escaparam, com o BNDES aberto para os amigos de sempre.
O lulismo, como inegável fenômeno populista, tem sustentação na camada menos informada politicamente, que não têm a corrupção como tema recorrente. Até o austero STF considerou Lula um injustiçado. Muito bom para as elites, ele tem o dom de engambelar os carentes com sua bolsa família. Finge que distribui renda e acomoda uma classe que não se rebela e se constitui em reserva de mercado eleitoral.
Lula é bom para a democracia bolivariana, com apoio político dele e financeiro do BNDES, para governos populistas e que se perpetuam na demagogia e na miséria do povo. O seu companheiro Maduro desagregou o mercado sul-americano, abrindo espaço para que outros países da região saíssem com acordos bilaterais com os americanos do norte e Europa.
Lula foi e será bom para os políticos do Centrão, base de apoio para qualquer governo. Eles serão contemplados com cargos e outros mimos, votando como seu chefe mandar e cobrando a conta em seguida. Lula é, especialmente, ótimo para o MDB, do qual sempre dependeu, com um apoio espúrio e pragmático. O partido do saudoso Ulisses Guimarães trocará votos por ministérios, diretorias de bancos estatais e altos cargos na administração federal. O vice do MDB foi uma invenção do Lula e que Dilma não queria.
Ao contrário do atual governante Lula é bom para as redes de comunicação, que voltarão a ter gordas verbas de publicidade das empresas estatais. Como antes ele será bom para os pelegos de plantão, que sonham com a volta da contribuição sindical compulsória. O melhor de tudo é a esquerda pensar que estará no governo, o que é bom para a tranquilidade das classes produtoras. Restaria a ilusão de que a corrupção não terá mais espaço, sendo mais vigiada pela imprensa investigativa e pelo Ministério Público. Afinal de contas serão apenas mais quatro anos. Se a injeção dói você tem que tomar logo.