TARCISIO, O PARAQUEDISTA DO BOLSONARO

O último debate realizado na Band entre os candidatos a governador do Estado de São Paulo deixou bem clara uma situação: O candidato de Bolsonaro para o governo de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas, enfrentará um sério problema na sua campanha para governar o nosso estado. Ficou patente em tudo que se viu e ouviu nesse debate que ele é um paraquedista que Bolsonaro soltou em São Paulo para tentar ganhar o eleitorado de um estado que é imprescindível a qualquer governo que queira controlar a economia do país, pois São Paulo é a locomotiva que a movimenta. Tarcisio é um candidato que nada sabe de São Paulo. Deixou isso bem claro nas respostas que deu às perguntas que lhe foram feitas e nas propostas de governo que fez.  Até pouco tempo ele ainda não sabia por qual estado iria concorrer.

Esse é um dos males do sistema político brasileiro: proporcionar oportunidade para que aventureiros se elejam em lugares onde nunca estiveram e dos quais nada sabem. Sarney, maranhense da gema, por exemplo, já foi senador pelo Amapá. Nunca esteve lá antes. Isso acontece frequentemente nas eleições para deputados estaduais, permitindo que candidatos peneirem votos em locais onde nunca puseram o pé.

Mas em São Paulo o paraquedista do Bolsonaro terá outro problema: Vai disputar diretamente com outro candidato que, além de ter a máquina pública na mão, ainda tem a vantagem de concorrer por um partido que há vinte e três anos governa o estado. Isso lhe dá uma capilaridade que dificilmente o candidato bolsonarista conseguirá obter em menos de dois meses de campanha. Tarcisio e Rodrigo Garcia estão empatados em segundo lugar nas pesquisas, mas a tendência é que o tucano cresça em razão dessas condições. Se no plano federal existe uma polarização insana entre Lula e Bolsonaro, sem espaço para uma terceira via, em São Paulo, ao contrário, há uma tendência de os eleitores de direita e centro direita se aglutinarem em torno de um candidato que represente uma alternativa à essa polarização destrutiva e perigosa que está ocorrendo na corrida para o Planalto. Tarcisio só terá êxito eleitoral se conseguir tirar o tucano do segundo turno, pois o petista Haddad, graças à força do PT no estado, já tem, praticamente, lugar garantido na disputa. Garcia e Tarcísio disputam o segundo lugar, mas o tucano tende a subir nas pesquisas à medida em que a campanha for para as ruas e mais informações sobre os candidatos forem divulgadas.

Esse é o grande problema que os paraquedistas enfrentam quando são jogados em uma batalha. Primeiro precisam conhecer o terreno onde caíram. Depois têm que conquistar a confiança das pessoas que moram nesse território. E principalmente convencê-las que sua presença ali será benéfica para eles e não apenas mais uma tentativa de ocupação. Isso Tarcisio ainda não conseguiu fazer. E dificilmente terá tempo para isso.