ENTREVISTA DE BOÇAL NERO A GLOBO
ENTREVISTA DE BOÇAL NERO A GLOBO
Carlos Roberto Martins de Souza
Desesperado com sua baixa popularidade, com as pesquisas que dão como certa a sua derrota, Boçal Nero, que quando assumiu, afirmou em alto e bom tom que fecharia a Globo, a quem chamou de lixo, agora, vendo as grades, não de programas políticos, mas da prisão atormentando seus miolos, num ato de humilhação oportuna, decide participar das entrevistas da emissora. De estimulador critico contumaz contra a Globo, agora, com o rabo sujo no meio das pernas, ele tenta conquistar os que antes ele instigou a tratar a empresa como lixo não reciclável. Antes de ir, porém, o Bozo pediu ao seu líder espiritual Silas Mala Cheia para fazer uma semana de vigília de orações, pois precisava de suporte. Também exigiu a presença de Edir Macedo no camarim, pois ele é especialista em tratos com o capeta. Ele, envergonhado, liga para o amigo.
Boçal: Macedão, meu guro, vou ter que entrar no inferno, fui obrigado, e lá há demônios que me perseguem há anos, preciso de alguém entendido no assunto, se puder, leve bastante sal grosso, vamos fazer um descarrego, para só depois eu entrar no recinto. Vou pendurar minhas ferraduras na porta, e colocar a minha mulher de joelhos na entrada como castigo, pois foi ela quem me meteu nesta confusão. Ela convenceu os evangélicos de que eu era o cara! Só não sabia que eu seria um "cara de pau", um puto arrependido que teria que me render aos caprichos do destino. Pelo amor de Deus, a esta altura, preciso do espaço da Globo, pois a audiência dela é a maior no Brasil, mesmo com a minha campanha de difamação da emissora. Perdi! Ninguém acreditou em mim, meus apoiadores não perdem as novelas, e principalmente os jornais da Globo. Me resta a humilhação, mas não quero passar por isto sozinho, então lembrei de seus serviços e de sua relação íntima com o tinhoso. Perdoei dívidas milionárias suas, agora chegou a hora de pagar.
Cabreiro e preocupado com a tal entrevista, o candidato à derrota nas eleições, Jair Mentindo nem percebe as minúcias, são seus assessores que precisam estarem atentos. São tantas emoções! Já na chegada, o primeiro arranca rabo. Até lembrou do Rei Roberto Carlos: "Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver. Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer, e a toda hora vão estar presentes, você vai ver".
Boninho: Este é o camarim que será ocupado pelo senhor e sua equipe. Foi por sorteio, já está pronto. É o camarim "Estrela", o tapete "vermelho" é praxe. Há uma mesa de petiscos a base de camarões, mas já deixamos um médico especialista em obstrução intestinal de plantão. Tem uma garrafa de "Caninha 51", nosso patrocinador master.
O chefe da segurança, perplexo, espantado, percebe os detalhes e a coincidência, e treme nas bases. Se borrou todo. Meteu a mão no bolso, puxou um crucifixo dado por um Pai de Santo e fez logo o sinal da cruz.
Chefe: Presidenteeee! Pelo amor de Deus, é o número 13! Entendeu? É muito azar. Berrou enfurecido. O diabo foi esperto, chegou primeiro e se pendurou na porta. Nós já começamos mal, até a sorte está contra o senhor, acho melhor desistir da entrevista, pode ser pior, pois há "cheiro de pinga no ar", só faltou a foto do filho da puta do Lula do lado do número.
Boçal: Puta que o pariu! É sacanagem? Vocês não viram isto antes? Incompetentes! Chama o Boninho, merda! Vamos negociar.
Chefe: Está em cima da hora, não dá para fazer muita coisa, pois o senhor atrasou muito sentado no vaso, o senhor precisa diminuir o tempo de suas cagadas, pois elas estão deixando as coisas difíceis.
Boçal: Eu não te pedi opinião, pedi solução. Das minhas merdas cuido eu, são elas que me aliviam. De cagada entendo eu! Chama alguém da a emissora, ou mando explodir esta porra. Vou soltar um traque daqueles.
Curto e grosso, o diretor chefe da Globo é chamado pelo oficial de ordens, e Boni, irritado, já vai dando as cartas.
Boni: O senhor aceitou as regras, agora é tarde, se desistir, os resultados serão desastrosos, pois o Brasil todo está ligado, todos aguardando para ver o seu desempenho. Ou aceita, ou o fiasco vai derrubar ainda mais a sua credibilidade. É a sua chance de ter alguns pontos no Ibope. Além do mais, o Lula nos ligou dizendo que já se acomodou na rede, tá com uma garrafa de pinga e um prato de torresmo, pronto para se divertir.
Bozo: Boninho, meu garoto, você é o cara, já desdenhei você, mas me rendo, reconheço o poder da Globo, me ajuda, se eu entrar neste camarim, vou ser motivo de piadas, vou estampar as capas de jornais, de revistas e serei manchete até na Record, que tem me poupado. Quebra essa. O Tiririca acertou, pior que tava, ficou.
Boni: Não cabe negociação, o senhor assinou o contrato, se até a "sorte" o trai, não é problema nosso, vamos prosseguir. O nosso "maquiador" vai cuidar dos detalhes e da produção visual do senhor.
Boçal: Caralho, eu não deixo bicha tocar em mim, sou machocho, tomo Cloroquina e Ivermectina todo dia para não dar chance nem de uma "bicha" entrar no meu bucho. Até aqui querem me provocar, este viado não põe a mão neste corpinho de "Capitão Gay", nem no meu caixão. Viadagem eu não aceito!
Boni: Presidente, discriminação é crime, não lhe avisaram? Olha o Xandão do STF, se chegar nos ouvidos dele, o senhor corre sérios riscos. Por muito menos aliados seus foram conhecer a cadeia.
Bozo: Pô, caralho, e eu estou preocupado com crime? Faz parte da minha biografia, meu governo é sustentando por criminosos, muitos com passagens pela prisão, não queira me ensinar o que já tenho no sangue. Sou de raiz miliciana. Viado é viado. A única bolsa que eu rodo é a das propinas e das rachadinhas.
Entraram no estúdio, e a coisa azedou de vez, o sangue do Capetão talhou de vez, o intestino travou, saiu fogo pelas ventas com o que se seguiu.
Organizador de Palco: Senhor, por gentileza, sente-se a "esquerda", nesta cadeira reservada para os entrevistados. As da "direita" são dos entrevistadores.
Boçal Nero: Porra, estão me zoando, nem começou e vocês já querem que eu vá embora? Eu só aceito se esta merda de cadeira ficar a "direita". Esta palavra esquerda me causa diarréia, talkey? Respeitem o meu passado. Nem meu braço é "esquerdo", é canhoto. Até meu pinto quando cai para a "esquerda", dou logo uma porrada na cabeça dele, pois não aceito rebeldia.
Passado o entrevero, foram para o palco, que por sinal, tinha a ornamentação com motivos ligados a vacina da COVID. E mais uma vez os ânimos se acirraram, pois os convidados tomaram como provocação. 1,2,3… No ar!
William Bonner: Presidente, faça sua apresentação.
Boçal: Brasileiros, evangélicos, sou um homem de bem, família, sou cristão, odeio a verdade, adotei a mentira, pois minha equipe a "fantasiou" de tal forma, que milhares de idiotas acreditam que o que falo ou faço é verdade. Tenho mais de trinta anos que não trabalho, nunca tive "carteira assinada", por isto nunca dependi de "acordos sindicais" tido como conquistas da "esquerda" pelos trabalhadores. Não tenho Fundo de Garantia, coisa de militante, tenho Fundo Partidário. Não recebo ordens, dou. Casei várias vezes, pois gosto de rodízio de carne. Sou colecionador de mulheres, é fetiche.
Bonner: O senhor é evangélico?
Bozo: Tá me gozando? Sou! Fui batizado, meu amigo e prisioneiro pastor Everaldo me concedeu esta graça, foi meu maior golpe nos crentes. Enganei bobo em casca de ovo. Me elegeram Messias, eu vim para que tenham morte, e morte em abundância. A igreja evangélica vestiu até a minha cueca samba canção, e eu as túnicas dela.
Bonner: O senhor acredita que uma "mula falou" com Balaão, explicando que tinha salvo a sua vida, como tá escrito na bíblia?
Bozo: Sacanagem não. O que tem isso a ver com a política, cacete? É gozação? É provocação? Mas eu acredito sim, pois tá escrito, o Marco Feliciano me convenceu, pois segundo ele, a potra dele também fala e troca idéias com ele.
Bonner: Impressiona ao povo brasileiro ver e ouvir que o presidente acredita em "mula falante" e não acredita em "urna eletrônica". É muito hilário.
Boçal: Eu preciso dar ao povo uma justificativa para minha derrota, e achei nas urnas o que eles querem, pois como eu, não entendem de tecnologia, assim, o que eu falar eles vão repetir. Falo o que mandam falar.
Bonner: Como assim? Explique.
Bozo: Frequentei um puteiro por décadas no Rio de Janeiro, lá tinha um papagaio idiota, o bicho não sabia nada, o que ouvia, repetia para cada cliente que entrava. Acariciar a cabeça dele dava prazer e estimulava o bicho a falar merda ainda mais. O povo evangélico me ama e estão do meu lado na luta contra este maldito "voto eletrônico".
Bonner: É pecado ganhar política com a desgraça do povo?
Boçal: Claro que não! Tá insinuando o que? Vou te processar!
Bonner: Então o senhor vai devolver tudo que roubou do povo nestes seus quatro anos de governo?
Boçal: Eu não roubei ninguém, apenas fiz o que sempre fiz, nunca trabalhei, assim precisava arranjar formas de garantir a minha renda, de meus filhos e das minhas mulheres. Eu chamo de "doações obrigatórias", não roubo.
Bonner: São mais de 670.000 mortes por COVID, qual a sua culpa?
Bozo: Cuuuuuulpa? Que merda, vocês não sabem o que falam. Eu não matei ninguém, podem fazer perícia, podem exumar, podem fazer autópsia, não vão encontrar nenhum vestígio, faço muita merda, muita cagada, mas esta não cabe no meu bucho. Estas mortes são culpa da oposição, do STF, dos preguiçosos, pois obrigaram a fechar tudo, o povo não morreu de COVID, foi por frustração, eles não tiveram nem o tão comemorado carnaval, baixou o banzo, preso em casa o povo começou a encher a barriga, a ficar sentado demais, muitos bichados, não deram conta do recado… Deu no que deu, e aí a impressão vermelha colocou tudo na conta da pandemia.
Bonner: O senhor não visitou nenhum hospital, nem na pandemia porque?
Boçal: Hospital? Prá quê? Quantos eleitores tem ali? Quantos votos? Doente quem visita é a família, assim deixei para elas, quem cuida é médico, me ocupei em visitar praias, cidades, igrejas, pois foi fui eleito para isto. Montei um hospital móvel, minhas "motociatas" ajudavam os participantes a ter alternativa de lazer, ali todos estavam doentes, tinham problemas psicológicos sérios e a minha presença fazia parte da terapia.
Bonner: O senhor nunca chorou, qual a razão?
Boca: Bosta, até isso? Chorar é coisa de marica, de fraco, chorar pra que? Tenho coisas mais importantes com que me preocupar e divertir, quem chora é trabalhador quando pega seu salário e vê que ele é menor que suas contas. Como quem paga minhas contas são vocês, não tenho com que lamuriar.
Porque o Brasil tem tantos problemas?
Boçal: É a nossa cultura, ela já começa no nosso Hino Nacional. Lá fora hinos falam de guerras, de lutas, suor, aqui já começa na terceira pessoa, o povo não assume nada, "Ouviram do Ipiranga…". Quem foi? Ouviram e ninguém sabe de nadaa. Na segunda parte já vem a vadiagem, "Deitado eternamente", o povo carrega a herança. Nós temos 365 dias, mas na prática se trabalha só a metade, pois o resto a militância de esquerda, mancumunada com sindicatos, juntou feriado, férias, nascimento de filho, casamento, morte e converteram em folgas.
Boni: O senhor é homofóbico como dizem por aí?
Boçal: Cacete, vocês não tem outra pergunta? Sou homem foda! E põe foda nisto! Já jantei três casamentos, se precisar, janto mais um. Homofóbico é uma palavra inventada pelos libertinos. Sou M & F, macho e fêmea. Não complica, me poupem disto.
Bonner: O que o senhor acha da palavra "sigilo"?
Bolsonaro: Eu desisti do voto impresso estou partindo para uma nova estratégia. O resultado da eleição só será conhecido daqui a 100 anos. Isso se a terceira geração de Carluxos estiver no poder. Não quero ninguém bisbilhotando milha vida nem da minha família, daqui a cem anos ninguém vai lembrar de nada, acho que nem a história.
Bonner: Tema é corrupção. O que o senhor tem a dizer?
Bozo: No meu governo nunca teve corrupção, tudo que pagamos a alguém é tratado como bênçãos revertidas a quem nos apóia, afinal, somos um governo cristão. Convertermos pronina em bênçãos, pois nós evangélicos entendemos que tudo vem de Deus, inclusive as nossas recompensas financeiras.
Bonner: Sobre o D.O - Diário Oficial, algum projeto?
Bozo: Vou transformar num grupo de ZAP ZAP, mas já vou adiantando, não quero ninguém dando opinião, não quero pastor mandando versículo e nem crente enchendo meu saco. É uma maneira de deixar as coisas mais claras para a população, tá ok? Eu não disse que a Constituição sou eu? Pois eu sou o diário também, Aras!
Bonner: Que projeto importante o senhor deixa como herança de seu governo?
Boçal: A menina dos meus olhos, "Minha Tornozeleira, Minha Vida", meus colaboradores do Centrão e meus aliados todos estão na fila, o projeto inclui até capinha para as bichinhas. Alguns mais próximos já estão usando como acessório do Look.
Bonner: Caso o senhor perca, deixará a cadeira e passará a faixa presidencial ao seu sucessor?
Bozo: Tá maluco, filho de uma égua? Perder? Eu? Quem falou isto? Ou ganho no voto, ou ganho no grito, já distribui caixas de fósforo e gasolina para todos os meus eleitores, vou tocar fogo nesta porra de Brasil e o povo que se dane. O que vou perder é a paciência, e não será no voto.
Bonner: Qual será a nova missão dos militares no seu novo mandato?
Boçal: Os militares também vão fazer assistencialismo. Eleitores de Lula vão ganhar um telefone 5G. Cinco dedos tamanho G espalmados no pé da orelha.
Bonner: Sobre o "Kit Sexo" para militares, qual explicação?
Boçal: Vocês são foda! Idiotas! Percebemos que a alta da inflação, da gasolina e o desemprego deixaram os brasileiros "duros", por tempo prolongado, com exceção dos militares. Precisávamos de uma solução rápida, eficiente e discreta, então autorizei a compra de Viagra, próteses penianas, amendoim e catuaba. Também vamos disponibilizar um exemplar da revista "G Magazine" para cada militar. A coisa vai ficar dura na marra ou não me chamo Jair.
Bonner: Mas esta é uma questão de guerra? Contra quem?
Bozo: O seu moleque, tenho um carinho e uma preocupação muito grande com a "MORAL DA TROPA". Cabeça baixa não funciona. Além disto, a prótese peniana é fundamental para combater o comunismo. Prá frente Brasil! Prá cima homens! É para o alto que a coisa funciona no meu governo.
Bonner: Então o senhor não vê problemas nesta farra "luxúria", neste bacanal?
Bozo: Babaca! Bacanal? Onde? Render-se, jamais! Na luta por objetivos muito específicos, o exército brasileiro pode até perder alguma batalha contra a "impotência", mas jamais quer perder a guerra. O "mastro" deve estar sempre pronto para ser enfiado numa bandeira quando exigido. Nosso novo lema é "Faça amor, não faça guerra". Eu, particularmente sou " imbroxável", mas a tropa… Já faturei três casamentos!
Bonner: Vamos ao sorteio da pergunta do telespectador. A sorteada foi a numero "13", de um tal Luiz Inácio. É do nordeste.
Bozo: Desgraça, acho que tudo isto foi planejado, cai no golpe da minha imbecilidade, acreditei na história da "entrevista", e entrei bem, entrei numa fria! Tem forças ocultas me traindo.
Luiz Inácio: O senhor é devoto de algum santo? Eu indicaria Santo Expedito, o santo das causas impossíveis, quem sabe ele não alivia o seu desespero da derrota?
Bozo: Filho da puta, você acha que é quem? Eu sou o santo! Até os evangélicos me veneram, até me beatificaram.
Bonner: Faça as suas últimas considerações.
Boçal: Já, porra? Agora que eu estava gostando. Meu gado, minha boiada, sei que prometi o céu, mas acabei nem saindo do inferno, pois o diabo não me liberou, fiz um governo satânico em obediência ao chefe Satanás, a quem devo tudo. O "Pão e o Circo" eu garanti, não faltou Cloroquina, mas o principal, o ódio, este eu ensinei e fui correspondido. Meus eleitores, amigos de fé, sei que já sou um "Ex", apenas cumpro o tempo que me resta, meu futuro é negro, temo a cadeia, peço que façam jejuns e vigílias, pois este pesadelo me assusta. Vou deixar para a memória meu filme no qual retrato a minha vida, o nome? "O Mentiroso", vocês poderão enxugar as mágoas e matar a saudade do Capetão, o Messias que vocês tanto exaltaram. Adeus!