Voto adolescente
Gilberto Amado, (advogado, diplomata, escritor, jornalista e político brasileiro, falecido em 1969), dizia: “Só há uma coisa pior do que um jovem conformista: um velho rebelde”.
Outra frase utilizada por diversos estadistas de renome vai na linha de que “quem não foi comunista até os vinte anos não tem coração; quem é depois dos trinta não tem juízo”. Uma variante dela profecia que “o jovem que não é comunista é mal caráter; o comunista em idade adulta é um idiota”.
Por seu lado, Nelson Rodrigues dizia que “o jovem, justamente por ser mais agressivo e ter uma potencialidade mais generosa, é muito suscetível ao totalitarismo. A vocação do jovem para o totalitarismo, para a intolerância, é enorme. Eu recomendo aos jovens: envelheçam depressa, deixem de ser jovens o mais depressa possível; isto é um azar, uma infelicidade”.
Longe de aderir ou rejeitar qualquer uma dessas narrativas, torna-se inevitável, no mínimo, fazer uma auto critica. Dos jovens, espera-se que rechacem de pronto quaisquer dessas afirmativas. Aqueles que, todavia, tenham vivido mais de meio século, poderão com maior facilidade concordar com elas.
Entretanto, membros desse segundo grupo, com a maturidade adquirida ou simplesmente pelo “...não tem juízo”, fomentam, como nunca, a participação dos jovens de dezesseis e dezessete anos nas próximas eleições (que assim o seja, pois, a lei o prevê). observou-se uma maciça campanha nos canais de comunicação, escolas e universidades, engajados na tarefa de levarem os jovens a alistarem-se. Anteciparam-se mesmo à campanha do Superior Tribunal Eleitoral.
Há que se registrar que nesse segmento está a maior massa a contrapor-se ao conservadorismo. Este, pareceu impassível, mas teme-a com certeza, a considerar quão acirrada aparenta-se a próxima corrida eleitoral para a Presidência da República.
Como participantes desse processo, cabe-nos estar atentos a fim de evitar que um ou outro grupo aproveite-se da disposição desses jovens, que tem força para oxigenar a política, e, mesmo sem ter carteira de motorista ou responder criminalmente por seus atos, poderão decidir o destino de todos nós.
Ivair Nunes Pereira
21/04/2022