O ACENDEDOR DE FOGUEIRAS

 

Em Foz do Iguaçu (PR) um homem foi morto a tiros na madrugada do último domingo quando comemorava seu aniversário de 50 anos. Petista convicto, armou uma festa temática tendo o PT como tema. De repente, um sujeito, não convidado para a festa, chega armado, gritando o nome de Bolsonaro. Uma troca de tiros acontece e o aniversariante Marcelo Arruda morre no local. O invasor, Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal, também foi baleado.

Foz do Iguaçu é famosa pelas lindas Cataratas do Rio Iguaçu e por fazer fronteira com a Argentina e com o Paraguay, onde as pessoas gostam de ir para fazer compras de produtos importados, isentos de impostos. É um dos destinos turísticos mais importantes do país. Essa tragédia é um claro reflexo do aumento de temperatura que as paixões políticas têm provocado no povo brasileiro. Dividido entre duas facções intolerantes e retrógradas, os eleitores do nosso país correm o risco de perder o tino e tomar um caminho muito perigoso para a nação como um todo.

Em nada ajudam os líderes das duas facções com seus discursos. De um lado, Lula e o PT acirram os ânimos dos bolsonaristas com ameaças de levar o país para um governo de esquerda, cujos exemplos, tanto da Venezuela quanto na Argentina atual, causam urticárias no eleitorado conservador. De outro o próprio presidente Bolsonaro não perde oportunidade de praticar o seu terrorismo eleitoral, levando os seus apoiadores a surtos psicóticos como os ocorridos em Foz do Iguaçu e no Rio de Janeiro, onde outro apoiador de Bolsonaro jogou uma bomba de fezes no Lula.  

Com respeito ao infausto acontecimento de Foz de Iguaçu Lula foi bem mais feliz que Bolsonaro em seus pronunciamentos. Ao lamentar o episódio pediu paz e tolerância aos eleitores, destacando que episódios como esse em nada ajudam a democracia e prejudicam o país, perturbando sua paz interna e manchando nossa imagem no exterior. Já Bolsonaro, seguindo a sua linha incendiária e extremista, culpou a esquerda pelo acontecimento e sequer se solidarizou com a família que perdeu seu chefe pela única razão de apoiar um candidato que se opõe a ele.

Vale dizer que a intolerância e a violência política sempre existiu no Brasil, mas aumentou bastante na era Bolsonaro. Sua política de manter um clima de conflito com a oposição e com as instituições do país incentiva o estabelecimento de um ambiente hostil e propício a acontecimentos como o de Foz de Iguaçu. Não é demais lembrar que ele mesmo foi vítima de um atentado em Juiz de Fora, na campanha de 2018. Portanto, ele sabe muito bem para onde esse tipo de comportamento político pode levar. E ao que parece, é exatamente para esse limite que ele deseja conduzir o país. Alguém precisa dizer a ele que quem gosta de acender fogueiras pode acabar queimando a própria casa.