TRABALHADOR (?)

 

Interessante como esse termo soa pejorativo dentre os profissionais, diria, qualificados, mesmo que sendo simplesmente trabalhadores.

 

Diria que a classe média é composto de trabalhadores que desempenham funções técnicas, administrativas, gerenciais, ou seja, chamados de trabalho qualificado e todos esses deveriam se identificar, dentro do contexto profissional/social, como trabalhadores.

 

Isto, porém, não ocorre. Não ocorre por que esses tem na expressão “trabalhador”, algo pejorativo, algo inferior, tipo serviçal, destinado a identificar os profissionais que exercem atividades primárias, braçais, coisas do tipo.

 

A mim, identifico como trabalhador, todo aquele que depende do seu “próprio trabalho” para buscar a necessária renda, que recebe um salário, que não é empresário, que não é proprietário de uma empresa qualquer. Todo autônomo, independente da atividade (advogado, médico, engenheiro, pedreiro, eletricista), é simplesmente um trabalhador.

 

O trabalhador é todo aquele cuja sobrevivência, cuja manutenção das suas condições sócio econômicas dependa do seu trabalho. Bem isso, trabalho, trabalhador.

 

Existem os que concordam e os que não concordam com essa minha visão. Tudo bem. Evidente que os médio classistas, diplomados, é o que mais resistem a serem chamados de trabalhadores, exatamente porque o termo lhe soa inferior.

 

Embora o tema possa parecer desimportante, eu o ligo umbilicalmente à questão político social. À questão político ideológica.

 

Se a pobreza persiste em nosso país, advinda principalmente da desigualdade social e se essa perversa desigualdade tem sua origem na injusta remuneração do trabalho, do trabalhador, teríamos centrar energia política focada no trabalhador.

 

Se temos duas frentes politicas, direita e esquerda, uma delas centrada na defesa dos interesses do trabalho, na melhor distribuição das riquezas produzidas, na redução da desigualdade sócio econômica e a classe mais preparada e com mais capacidade de formar opinião e formar peso do lado esquerdo desse cabo de guerra, não se considera um trabalhador, ficando “agarrado” do lado direito da corda do cabo de guerra que é a perene disputa entre capital e trabalho, evidente que o trabalhador fica enfraquecido.

 

Sabe-se que o câncer da situação econômica social do país, é a desigualdade social exacerbada e sabe-se também, que o redução dessa diferença só pode ser alcançada de duas formas, ou seja, do assistencialismo do estado, através da transferência forçada de renda, ou através da melhor remuneração do trabalho, do aumento dos salários.

Mas a classe média, trabalhadora, por não se considerar assim (trabalhadora), o que me parece advir somente do fato de se considerar “superior”, não forma fila, não se junta às lutas político sociais pelo trabalhismo, pelo direita, trazendo prejuízos em fim aos pobre, com a crescente e cancerígena desigualdade sócio econômica.

 

A classe média é o equilíbrio da balança. Dependendo da concha em que ela se coloca, faz a diferença nas lutas sociais, mas ele prefere se colocar na concha da elite econômica, para parecer elite, pensando que é elite e com vergonha da sua real condição de simplesmente ser um “trabalhador”.

 

 

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 21/06/2022
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