É NÃO FUNCIONAR PARA FUNCIONAR”

“É NÃO FUNCIONAR PARA FUNCIONAR”

 

Valéria Guerra Reiter

 

A frase/título de este artigo não é minha. Ela foi dita pelo indigenista Bruno Pereira; funcionário (licenciado) da Funai, Bruno concedeu uma entrevista à Folha no dia 22 de abril, e agora após sua morte por assassinato: o jornal soltou o documento na atmosfera das redes.

 

Um órgão que existe desde 1967 para proteger os indígenas, parece ter assumido uma postura neocolonialista, veja as palavras do Bruno: “A galera ali [Funai] está preocupante. Tem uns ali que se corromperam e estão fazendo um jogo muito perigoso de escolher o que deve ser entregue para manter os cargos”.

 

Precioso saber que ainda existem pessoas comprometidas com a ética, com à idoneidade e com à vida. Ao longo da conversa, que ocorreu por telefone, o funcionário concursado da Fundação Nacional do Índio, que fora coordenador dos índios isolados, no órgão, repetiu: "O presidente [Jair Bolsonaro] não demarcou um centímetro como ele prometeu.”

 

A morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira em uma região rica em todos os sentidos expressa o quão pobre é o pensamento dos detentores de poder executivo neste país desenhado em 2018. Bruno pede à Folha de São Paulo que não publique suas declarações a respeito da Funai ao longo da conversa, por orientação de seus advogados. E finaliza dizendo: “É a administração do caos. Não sei não [suspiro]. Difícil, cansativo, perigoso. Vamos simbora”

 

Sim Bruno vamos “simbora” apagar o rascunho do ódio instituído aqui há 522 anos. Vamos pintar um quadro novo, e sem vendilhões.

 

 

 

 

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 18/06/2022
Reeditado em 18/06/2022
Código do texto: T7540212
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