Coloque um freio na idiotice e aprenda que
Há verdades a respeito do relativismo que tomam conta das artes e das visões políticas em geral:
> A verdade se tornou algo embaraçoso de ser dito, de forma, que culposamente falamos em verdades, muitas vezes de forma precipitada. Visto que:
* A arena política democrática não se move pelo relativismo, mas joga com o mesmo: o relativismo é um questionamento válido quando se disputa o poder em desvantagem e é suspensa quando se chega ao poder. Em outras palavras, quem muito desdenha quer comprar. Quem esta em baixo reclama de quem esta em cima e tão logo esta em cima faz o mesmo com quem esta em baixo.
>Nada é mais falso do que o líder que se coloca como alguém que diz atender ao interesse de todos.
> Observe como o mundo anda fragmentado: gostos, estilos e técnicas que antes seriam descartados como pouco inteligentes ou profissionais, hoje ganham destaque e se colocam como iguais ou até superiores ao que já é consagrado. Incapazes de substituir o alcance das formas consagradas, porém disputando seus lugares produzindo ainda mais fragmentação e falta de parâmetros - relativismo em seu sentido mais comum. A aplicação política de tudo dito antes.
* isso não significa que as pessoas abraçaram a diversidade, mas que cada um se encontra cada vez mais indisposto a subsumir suas opiniões e valores em prol das outros - por mais que sejam de mal gosto, pouco inteligentes ou perniciosas.
> O relativista ingênuo recua quando seu posicionamento implica em colocar em igualdade uma opinião que pode subsumi-lo, o que mostra que não é tão ingênuo assim. Porém isso implica em outras questões como a de que:
a) É possível em um mundo cada vez mais fragmentado cultural, estética e ideologicamente uma democracia fundamentada em outros consensos que não sejam as regras relacionadas a conquista e manutenção do poder?
b) Até que o ponto a democracia conseguirá cumprir seu papel ideológico de disfarçar a disputa em consenso democrático o que tem por natureza a disputa pelo poder de subsumir quaisquer outras visões que não sejam a do grupo que conquistou o poder?
c) A democracia não é compatível com o fato de que a arena política é antes de tudo aquela em que visões de mundo divergentes procuram não só disputar adeptos, mas subsumir às demais. Por isso o autoritarismo sempre esta a espreita da democracia, como uma porta em que tanto esquerda quanto direita se recusam a sela-la definitivamente.
> Sim, o poder organizado do Estado tem como fundamento o poder difuso nas relações sociais, de forma, que a política no cotidiano e a política do Estado não se diferenciam em sua natureza, mas em seu potencial e funções. A natureza da política reside no próprio ser humano como ser cultural e não em uma invenção qualquer que contaminou as relações sociais em dado período.
* Viver em sociedade já implica em uma constante negociação e disputa por lugares, direitos e privilégios junto a mesma. Isso ocorre tanto na família, quanto dentro de uma empresa. Diria até mesmo nas relações amorosas e afetivas.
* O Estado é uma instituição que resulta dessa natureza do poder, sendo uma organização que se torna complexa ao longo do tempo e sendo um instrumento social destinado aos erguidos dessa mesma sociedade como poderosos e mandantários para que exerçam o domínio.
* As pessoas aceitam uma instituição como o Estado justamente por que participam da mesma natureza do poder que o constitui, de forma que não há como nega-lo, sem negar a si mesmas.
* Não seria o ingênuo definido justamente como aquele que nega as relações de poder tão presentes no cotidiano? A disputa pelos espaços, pelas vozes, lugares e privilégios... não há nada que não seja mantido às custas de alguma forma de poder que não pode ser desassociado daqueles se beneficiam deles ( uma abstração tão ingênua quanto).
> Há uma escolha para alguns de tocar a partitura, geralmente a mesma incansavelmente e ainda se achar um Choppin não reconhecido, e há a opção de entender como a partitura foi composta, assim como há escolha de continuar ingênuo e não ser um ingênuo - para alguns é claro.