ESTÁ EM NOSSAS MÃOS...

ESTÁ EM NOSSAS MÃOS...

"O Destino prega muitas peças, ata

e desata nós, abre e fecha caminhos

(...): a gente vai aos trancos e barran-

cos quase todos o tempo".

LYA LUFT (escritora, in VEJA nº 1978,

18/out. 2006, SP, pag. 22)

Em Belém a garotada apressa-se para tirar o título de eleitor e resolver TODOS os problemas do Brasil através do VOTO. Desde os anos 90, a partir de Collor e suas desgraças, que não consigo ver eleições COMO SOLUÇÃO para coisa alguma. Mas nos diz um cientista social "que gostamos de mentiras, precisamos delas e -- mesmo sabendo que políticos mentem -- quem não quer ouvir alguém lhe dizer que vai MELHORAR a sua vida ? Como é um alento crer nessa hipótese, acabamos nos convencendo". (David Livingstone Smith, in VEJA nº 1978, pag. 14)

A escritora continua a "martelar" na mesma tecla: "A maior armadilha que ele, Destino ou azar, nos prepara é exigir, aqui e ali, que a gente decida. Analisar e optar é tormento da maioria. (...) Precisamos escolher, e pior: decidir amparados em coisas além de Partido e ideologia, embora eles devam contar. Quase todos se fundiram e nos confundiram, descaracterizaram-se e nos largaram à beira do caminho, mãos abanando aflitas". Sempre tive a sensação de que Lula e Bolsonaro eram iguais, não em termos de comportamento pessoal, porém enquanto agenda política, ação "partidária" e objetivos, usando ambos de um populismo tosco e de ojeriza às Leis e Tribunais.

Acabo de ler duas antigas revistas, de 2006/7, que abordam o pavoroso "Mensalão", onde o que nos espanta não é o volume das verbas "desviadas" -- para "comprar" meio Congresso -- mas a desfaçatez com que isso era feito. Ainda que a revista VEJA possa ser vista "como Imprensa de Direita" (?!), as revelações sobre o PTismo vão da compra de um "dossiê falso" a respeito de um certo governador Alckmim até a "montagem" de capa da Playboy com o rosto de senadora "de Oposição" no corpo seminu de uma "sereia' qualquer. Pois é, queridos "bolsominions", NENHUMA SEMELHANÇA com as práticas & táticas de seu impoluto e magnífico "MITO", não é mesmo ?!

Nosso país "não sai da merda" porque o que todos os presidentes que já tivemos poderiam MUDAR, nenhum deles o faz: 1) reduzir os salários milionários dos políticos todos e as DESPESAS absurdas de Câmaras, de Assembléias e do infeliz Congresso, e 2) acabar com a doação de verbas públicas para políticos... coisa impossível agora, depois que votaram "em seu favor" o tal Orçamento Impositivo", as EMENDAS. Repriso no fim do texto trechos da reportagem "DINHEIRO PELO RALO", da revista ISTO É nº 1975, de 3/set. 2007 (pags 38-9), lembrando apenas que esse "sistema" vem desde os primeiros anos da República... da época citada li página inteira em jornal de Belém lamentando o mau uso de R$ 4 BILHÕES e tanto de reais distribuídos entre quase 1200 ONGs (e OSCIPs) que pouco ou nada fizeram com a verba recebida "a fundo perdido".

Como escreveu Lya Luft, "precisamos de uma ELITE de honrados e capazes", elite essa que nada tem a ver com fortuna, nome ou cargo, mas sim, mais do que CARISMA, "preparo, compostura, equilíbrio e CLASSE"... tudo o que nossos políticos e governantes raramente possuem.

"Buscar criaturas CARISMÁTICAS é um perigo: alguns dos assim chamados na História do mundo não foram lúcidos nem honrados; alguns esconderam sob aparência e pretextos sua falta de coragem. Muitos provocaram caos e sofrimentos". (Lya Luft) Pois é... como isso nos lembra nossos presidentes, quase todos, desde Jânio Quadros & sua "vassourinha", varrendo a corrupção e baderna e prometendo belo Futuro, que não chega nunca.

"NATO" AZEVEDO (em 30/maio 2022, 21hs)

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(reportagem "DINHEIRO PELO RALO" - trechos, de 3/set. 2007, revista ISTO É, nº 1975, pags 38-39)

"Em Guaianases, zona leste de São Paulo, seis mil analfabetos deveriam estar agora aprendendo a ler e escrever, em cursos minIstrados por 165 professores da ONG "C.E.C.I. (obs: abreviação do nome real). Para tanto, o Ministério da Educação (MEC) lhe repassaria R$ 632,9 mil. De tudo o que foi escrito acima, apenas o dinheiro do MEC é verdadeiro: do total reservado para a ONG, R$ 222,7 mil chegaram a ser liberados. Quanto aos analfabetos, a depender da ONG, continuam iletrados. Por quê?! Simples. No endereço da entidade não há salas de aula e muito menos professores. Na verdade, a ONG nem sequer existe ! (...) Essas são histórias que colocam em xeque um modelo de gestão de recursos: a PARCERIA do governo federal com as entidades do chamado TERCEIRO SETOR, as ONGS e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). No governo FHC, quando o modelo foi concebido... (etc).

SEM ESTRUTURA, o governo repassaria as verbas públicas para entidades filantrópicas da sociedade civil que, nas suas áreas de especialização, fariam o trabalho social. A verdade é que, em boa partes dos casos, em vez da filantropia imaginada inicialmente, a parceria da União com o chamado terceiro setor revelou-se UM DUTO DE DESVIO do dinheiro público. De 2001, quando o modelo foi criado, até o ano passado, o número de ONGs e de OSCIPs no Brasil cresceu nada menos que 1.180%. O governo repassou a elas nesse período R$ 14 BILHÕES. O Estado NÃO DISPÕE de instrumentos de FISCALIZAÇÃO eficientes para verificar se esses recursos que estão sendo repassados realmente são utilizados", afirma o ministro do Tribunal de Contas da União, o TCU.

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Eis o primeiro resultado prático de uma auditoria que o MEC resolveu fazer no programa.. e que constatou o tamanho do ral por onde poderiam ter escoado boa parte dos R$ 51 MILHÕES de reais repassados para ONGs [só] no ano passado: de un total de 47 conv~enios firmados em 2006, a auditoria constatou que APENAS 13 funcionam de fato. Nove ONGs, que chegaram a receber R$ 2,1 milhões eram FANTASMAS, simplesmente não existiam. Sete delas são da Bahia e duas de SP. Há outros 25 convênios que continuam com os recursos bloqueados para uma nova auditoria mais aprofundada. Para eles estão reservados mais R$ 19 MILHÕES. A expectativa do MEC é que, em pelo menos metade dos novos casos, problemas graves serão detectados.

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A situação verificada agora pelo MEC (*2007) não é muito diferente da que o TCU já constatara em 2005 ao auditar convênios de vários Ministérios com ONGs ligadas aos trabalhadores "sem-terra". A auditoria encontrou problemas EM TODOS OS 109 CONVÊNIOS que analisou. "A rigor, a execução dos convênios NÃO É FISCALIZADA", resumiu o Ministro do TCU ! *** (fim da reportagem)

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NOTA DO AUTOR: "o que mudou no país"?! O que vemos HOJE, 2022, nos gabinetes do MEC e do Ministério da Saúde ?! Não foi "problema DO PT", a reportagem cita que ESSA ROUBALHEIRA surgiu "desde os primeiros dias", ainda no Governo FHC, em seu último ano de mandato. Alguém SABE quando isso irá MUDAR ?! NUNCA... os políticos que "arranjam" essas verbas NÃO SE IMPORTAM nem um pouco como serão usadas, isso quando são usadas. Lhes basta a PROPAGANDA de que conseguiram tal verba... e assim vai o Brasil !