SEM EXTREMISMO

 

Sabido por todos que me leem minimamente, que tenho um posicionamento político ideológico de esquerda. Nunca, contudo, fui um extremista, pois, entendo que todo extremismo explicita falta de inteligência emocional, situacional. Nunca deixei que as questões políticas,  partidárias, afetassem minha vida, nem minhas relações, nem sociais e muito menos profissionais.

 

Aliás, durante muitas e muitas décadas, abdiquei de me manifestar politicamente de forma pública, isto porque por mais de 40 anos exerci atividades gerenciais e diretivas em diversas empresas e sabia eu que um empresário, um investidor, jamais delegaria funções e mandos a uma pessoa que se identificasse como de esquerda e propogasse isso abertamente e da forma que faço atualmente.

 

O mundo corporativo, principalmente no Brasil, lê a cartilha única e extremista do neroliberalismo, da exploração do trabalho e "esquerda" para tais pessoas e corporações é sinal de rebeldia, de aproveitadores, de malandros, de irresponsáveis, de abusados, de folgados. Definitivamente o mundo capitalista discrimina de forma nojenta toda pessoa que seja de esquerda, independente da sua capacidade e produtividade.

 

Somente nos últimos anos, já sabendo que estaria me aposentando de vez e que não mais dependeria de emprego, de referências profissionais, é que passei a me manifestar livremente sobre minha vertente política e tentar esclarecer e alertar outros tantos quando possível sobre a realidade e lógica político-partidária.

 

Essa discriminação do mundo empresarial para com a esquerda é tão verdadeiro, gritante, que a partir do momento em que passei a me manifestar social e publicamente sobre política, perdi meu emprego (já previsto) e nenhum empresário ou empresa me fez qualquer convite para exercer qualquer atividade na iniciativa privada, muito apezar de contar com longa experiência e rico curriculum no mundo logístico, financeiro e comercial, como longa vivência no segmento de varejo e atacadista/distribuidor.

 

Interessante é que mesmo sendo esquerdista convicto, sempre exerci atividades de comando, sem jamais ter abusado dos meus empregadores ou permitido o abuso de funcionários que compunham minha equipe, fazendo valer o esforço, a disciplina e a dedicação nas suas atividades e nas avaliações. Longe, contudo,  de ler a cartilha doutrinário da famigerada e imperativa meritocracia, mas fazendo valer o mérito segundo a atividade que exercia ou exerceria. 

 

E sempre tive sucesso em minhas atividades, sempre buscando os melhores resultados para o empresário, para o empregador, porque sempre procurei orientar, ensinar todos a pensar, jamais doutrinar e sempre deixando claro que a relação de empregado x empregador e vice-versa, é uma relação de negócio, sem favores, sem cabrestos, sem submissão do pensar, cada um cumprindo sua parte e ponto.

 

Sou de esquerda unicamente em função do meu entendimento muito mais humano que ideológico, de que precisamos buscar um melhor equilíbrio sócio-econômico, uma melhor equalização na distribuição das riquezas tidas e produzidas pela empresa, pelo pais, pela nação qual seja ela.

 

Sou esquerda porquê abomino a ganância, a exploração abusiva do trabalho e porque entendo que o empreendedor, o empresário,  não precisa ser um explorador mesquinho do trabalho alheio para ter sucesso. Muito ao contrário, sempre obtive sucesso em minha lida corporativa, pagando o melhor possível e cumprindo todas as obrigações e com isso me cercando dos melhores e sabendo estar cumprindo a função social da atividade empresarial.

 

Sou esquerda porque partilho do pensamento de que somente o estado, e se forte, pode buscar e fazer valer um mínimo de equilíbrio sócio econômico, permitindo a todos dispor de condições mínimas de sobrevivência, de vida minimamente descente e humanamente tolerável. Entendo sim que cabe ao estado, e por consequências aos governos continuadamente, manter o necessário equilíbrio entre capital e trabalho, criando os mecanismos que evite a exploração mesquinha dos pobres, via trabalho, ou que pratique a escravidão branca, como costume mencionar.

 

Defendo a ideia, filosoficamente falando, de que todo o desenvolvimento e toda riqueza é produzido a partir da inteligência inerente a raça humana e por isso todos os humanos, mais ou menos inteligente, devem usufruir humanamente dos seus resultados.

 

Sou esquerdista sim, porque a esquerda simboliza em sua origem o trabalho, o trabalhador e vejo na remuneração do trabalho a forma mais eficiente de melhor distribuir as riquezas que só podem ser produzidas pelo trabalho, pela efetiva produção e o capital não pode se apropriar majoritariamente dos seus resultados, como costuma ocorrer e é a cartilha do neoliberalismo.

 

Sou de esquerda porque entendo que não é justo, não é coerente, não é correto, não é admissível que o resultado do trabalho não proporcione a dignidade de uma vida minimamente confortável, quando todos devem, ou deveriam, usufruir do desenvolvimento que a inteligência da raça humana como um todo é capaz de produzir, sem contar que algo burro, idiotizado, que seres da mesma espécie vivam de forma tão assustadoramente distanciada.

 

Sou esquerda porque adotei como bíblia social, a nossa constituição atual, que determina exatamente o que considero nortear da forma mais correta, muito justa social e civilizadamente, as responsabilidades do estado e os direitos mínimos do povo, da humanidade. Se é condenável expor um cachorro, um gato ou qualquer outro animal ao sacrifício, o que dizer de expor um ser humano, uma criança, à miséria, à fome, à restrições absolutas no seu viver.

 

Não sou, contudo, um extremista, em nenhum sentido. Não partilho, nem admito o abuso de direitos de qualquer ordem.  Abomino a preguiça e a tenho como uma patologia, normalmente provocada pela falta de perspectivas e condições mínimas humanas. Distúrbio na formação ou no andamento da vida e que só pode ser curada com oportunidades, educação e perspectivas.

 

Partilho do equilíbrio sempre. Veejo,  tenho a atividade política unicamente como o meio, a forma, o mecanismo, a arte de se buscar exatamente o equilíbrio, a conciliação entre interesses divergentes, conflitantes, contudo,  sem extremismos, jamais. E nessa busca pelo desejado e sonhado equilíbrio, pela busca da harmonia entre capital e trabalho, não poderia, não pode, nunca, o poder do dinheiro, das posses, ser um divisor de águas, sobrepondo-se o justo e a coerente necessidade humana balanceada pela busca da satisfação mínima das partes, desejos e necessidades de todas as partes.

 

Entendo o fato da grande maioria da população pobre, trabalhadora, não se posicionar, na sua totalidade, à esquerda (já que é um trabalhador e a esquerda o representa), da mesma forma que entendo o porque da grande maioria da população mais bem informada e que teve melhores oportunidades na vida, serem neoliberais, mesmo sem o saberem.

 

Os pobres erram por desinformação. Os melhores informados pelo fato de terem recebido, durante sua formação, uma forte carga da propaganda de massa da maior frente mundial da ganância, do absolutismo capitalista, que é a doutrina neoliberal. A lavagem cerebral da cartilha neoliberal tomou conta da população mundial e só os mais pensantes e com liberdade de pensar e optar percebem isso.

 

Sim, o neoliberalismo é como que uma seita, que tem fundamentou uma cartilha, que impõe como o poder capitalista,  para explorar mais e mais a força do trabalho. Para dominar todas as atividades do estado, mesmo dos produtos e serviços mais essenciais à vida e a soberania da nação.

 

A direita, guiada e mantida pelo neoliberalismo mundial, não quer ensinar, evita que as pessoas pensem. Quer unicamente doutrinar e o faz com maestria, a ponto de muitos pobres trabalhadores serem devotos do neoliberalismo, do estado mínimo, do mais valia e outros tantos pensamentos anti-trabalhistas, anti-sociais, contrários ao bem estar coletivo e universal. É tão forte a doutrina e a propaganda de massa neoliberal, que faz com que esses pobres e desinformados trabalhadores reneguem o trabalhismo, representado, ideologicamente, pela esquerda.

 

Sou sim  esquerdista convicto, mas não sou extremista, nem um pouquinho, nem uma pitada. E abomino todo e qualquer extremismo, até mesmo dentro da esquerda. O extremismo evidencia  truculência, violência,  falta de inteligência prática,  emocional, situacional  e ausênia de humanidade e ponto final.

 

Jamais me privei da amizade, da companhia e das conversas, dos debates políticos e ideológicos com pessoas de direita, tanto que a maioria dos meus grandes amigos o são de direita, mas fujo como o diabo foge da cruz, de todo aquele que se coloca como um bolsonarista, porque o bolsonarismo é a mais moderna, nefasta e explícita demonstração do extremismo que emburra  a humanidade, contrários a lógica  humana humana, que está exatamente na convivência coletiva harmônia, pacífica, afetiva e inteligente.

 

 

 

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 24/04/2022
Reeditado em 24/04/2022
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