Limites da liberdade. Populismo. O mundo piorou. Notas breves.

Quais são os limites da liberdade? Há limites para o exercício da liberdade, de ação, de expressão? Se há, quem tem autoridade para determinar quais são? Tal questão atormenta os homens desde que o mundo é mundo. Se não há limites para a ação humana, se toda ação é admitida, um ato apenas, nem moral, nem imoral, tampouco amoral, e assim sendo deve ser aceito porque um homem o executa no seu exercício da liberdade, então assassinatos, estupros e roubos devem ser admitidos, e quem os comete dispensado de punições. Não há, no entanto, viva alma, se saudável, se lúcida, que admita correta tal idéia, e não pessa por limites à liberdade à ação humana - tal gente entende que assassinatos, roubos e estupros são crimes, e quem as comete deve ser punida com rigor. No entanto, há não poucas pessoas que, relativizando o valor de tais atos, coonesta-os, e emprestam-lhes ingredientes que retiraram de mentalidade política subversiva: o roubo pode não ser roubo, mas desapropriação de propriedade particular obtida por meios injustos, capitalistas, seu detentor a usufruir de privilégios fora do alcance de muitas pessoas, as que a sociedade oprime, e o assassinato, que, a depender do contexto, é dado como um ato aceitável por este ou aquele povo cuja cultura é milenar, de povos nativos, deve ser aceito como prática cultural respeitável e o assassino merecer respeito e compreensão - um bom exemplo é o assassinato, por algumas tribos indígenas, de crianças.

As ofensas que grupos revolucionários, que, supostamente, existem para acabar com preconceitos e defender minorias, grupos que lutam contra a Igreja, opressora, a família, opressora, o homem (principalmente se branco e heterossexual), opressor, o grande capital, enfim, grupos que lutam contra todos os opressores reais e imaginários, disparam contra a Igreja Católica, e os atos de violência, tais como invasão a igrejas e gestos obscenos na presença de crianças, e na do Papa, são, segundo os que os executam e seus apoiadores, atos de liberdade, liberdade de expressão, que, entendem, não possui limites; todavia, basta que aqueles que os esquerdistas têm na conta de inimigos expressem suas opiniões críticas aos ídolos esquerdistas e às políticas que estes defendem que os esquerdistas agitam a bandeira da liberdade e os acusam de propagadores de discurso de ódio e de disseminadores de fake news e sobre eles, esgoelando-se insanamente, descarregam impropérios impublicáveis e pedem aos poderes legais que os punam, se não com a prisão, e tampouco com a morte (o que desejam), com a proibição de se expressarem livremente, alegando que eles não sabem respeitar a democracia, a liberdade, a justiça, sendo imprescindível, portanto, que alguém, com o rigor da lei, lhes ensine bons modos.

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O tema de um texto, curto, de Fabio Blanco, é o populismo. Conta o autor, como que numa página de um seu diário, a sua ida, depois de meses, à feira livre de sua cidade, e relata ele seu encanto com a turbamulta reinante, para, depois, tecer reflexões acerca da romantização que ele faz da algaravia dos feirantes e do público. Ora, ele não vive de trabalhos na feira, não é dela que ele tira seu sustento financeiro; suas atividades são outras, de professor; ao ver a agitação das pessoas ele a interpreta sob a ótica de um intelectual, e acaba por emprestar ao ambiente, dir-se-ia caótico, de uma feira livre aspectos que ela não possui, embelezando-a. E é esse o pensamento, diz, que muitos intelectuais fazem da pobreza, dos pobres: romantiza-os. Dizem muitos amar os pobres e ver beleza na pobreza, mas eles na pobreza não vivem e não pretendem viver nas mesmas condições que os pobres vivem. É o populismo elitista, de gente que vê, ou finge ver, paz e beleza, maravilhas de um mundo perfeito, idílico, onde elas inexistem. E quantos são os políticos que se apresentam dedicados aos pobres e trabalham, não para extinguir a pobreza, mas para perpetuá-la? São muitos os demagogos; e é a pobreza o capital político deles.

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Lembro-me que há um bom tempo, em tempos não muito distante, afirmaram jornalistas anti-bolsonaristas que a economia brasileira, no governo Jair Messias Bolsonaro, despiorou. Ora, os sinais, claros, da recuperação econômica do Brasil, não podiam ser eclipsados por notícias apocalípticas, comuns hoje em dia; a economia brasileira ia bem, obrigado!, e não podendo negar o sucesso - mesmo que relativo - em tal departamento, jornalistas esforçaram-se para dar a entender que a coisa não é bem assim, que a recuperação econômica brasileira não ia bem, como se pensa, e que temos de nos preocupar, e decidiram que não diriam que a economia brasileira melhorou - como diria qualquer pessoa, menos os jornalistas anti-bolsonaristas - mas, sim, que ela despiorou. E numa era posterior, o Real valorizando-se frente ao Dólar, o que, para muitos, representa confiança do investidor nacional e internacional no Brasil, que se torna um porto seguro para investimentos, dizem jornalistas que, insinuando que vai mal a economia brasileira, o Dólar, no Brasil mais do que em qualquer outro país, se desvalorizou, e consideravelmente. Ora, até um dia antes de tal fenômeno econômico - o da valorização do Real -, o Real a desvalorizar-se frente ao Dólar, a olhos vistos, dizia-se que a desvalorização do Real era um sintoma da economia brasileira fragilizada, a ir de mal a pior, concluindo-se, então, que melhor para o Brasil seria a valorização da moeda nacional; e agora que esta valoriza-se, indica manchetes de alguns jornais que é o Dólar que se desvaloriza, o que vem em prejuízo à economia brasileira, conclui-se. E há poucos dias, sinais alvissareiros da economia brasileira a animar o espíritos de todos, jornais ensinam que a economia brasileira não melhorou, mas, sim, a economia mundial piorou, concluindo-se, portanto, que não temos os brasileiros o que comemorar, o governo Jair Messias Bolsonaro do que se vangloriar, afinal vai o Brasil de mal a pior. Ora, mesmo que se dê mãos à palmatória, e aceite-se que a economia brasileira não melhorou, e, sim, que ela, na comparação com a economia mundial, que piorou, sai-se bem, conclui toda pessoa decente que merece o governo Jair Messias Bolsonaro elogios, afinal ele impediu que a economia brasileira piorasse tanto quanto as economias das outras nações.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 10/04/2022
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