O CALCANHAR DE AQUILES DO BOLSONAR

 

O governo Bolsonaro tem se notabilizado por uma orientação errática em várias frentes. Notadamente nos setores do meio ambiente e política exterior, no qual o desempenho dos ministros que ele escolheu e a orientação ideológica que eles imprimiram aos seus ministérios construíram para o Brasil uma imagem bastante constrangedora no cenário internacional. Isso sem contar o próprio desgaste que o presidente causou à sua imagem e ao país ao visitar a Rússia exatamente uma semana antes do seu autocrático presidente ordenar uma invasão armada à Ucrânia, provocando revolta e comoção na maior parte do planeta.

Os erros estratégicos de Bolsonaro, agravados pelo descontrole emocional que ele tem mostrado em seus pronunciamentos, têm levado muitos dos eleitores que votaram nele nas eleições passadas a duvidar que ele seja um verdadeiro estadista. Só mesmo os bolsonaristas mais radicais ainda acham que ele é o homem certo para ocupar a cadeira de máximo mandatário do país.

Ao contrário do que dizem muitos analistas, não é a economia o principal problema do governo Bolsonaro. Na verdade, a economia vai mal no mundo inteiro, principalmente em razão da pandemia do Corona Vírus, agravada agora pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O principal problema do atual governo está mesmo nos setores da saúde e da educação. Na saúde, por exemplo, nada menos que quatro ministros ocuparam essa pasta em menos de três anos. Não fosse esse despropositado rodízio de ministros- o que indica a falta de uma política para o setor- tivemos o problema da pandemia, que foi muito mal administrado pelos titulares que ocuparam essa pasta e agravado pela atitude do próprio presidente, que preferiu colocar suas convicções ideológicas acima de todas as opiniões científicas que se propuseram a estudar e oferecer soluções para esse problema.

Na educação a errática orientação que o governo Bolsonaro implantou vai deixar um prejuízo que dificilmente será compensado em futuras administrações. Nada menos de cinco ministros, até agora, foram nomeados para a pasta. Um deles, Carlos Decotelli, não chegou nem a assumir. Nenhum deles conseguir imprimir nesse importante segmento do governo um plano de trabalho, para mostrar que o governo tem alguma política de educação consistente e não apenas ranços ideológicos fundamentados em falsas concepções sobre as verdadeiras necessidades educacionais do nosso povo.

Agora o atual ministro também deixa a pasta sob suspeitas de favorecimentos orquestrados por lobistas evangélicos. Lança suspeitas e dúvidas sobre a seriedade da bandeira mais defraudada pelos bolsonaristas, que é a ausência de corrupção nesse governo. Mito que aliás já havia sido desmentido com as mazelas apuradas no Ministério da Saúde e com a própria atitude do presidente ao escolher seus aliados políticos.

Assim, se Bolsonaro não se reeleger não serão as dificuldades econômicas que vão derrubá-lo. O seu calcanhar de Aquiles está na Saúde e na Educação. E principalmente em alguns dos seus apoiadores, que mais atrapalham do que ajudam.