O Brasil não gosta de política, mas de eleição.
Na eleição passada, 2018, o Brasil teve o privilegio de conhecer ou melhor reconhecer pelo menos 13 candidatos, que relembro em ordem alfabética; 1. Álvaro Dias, 2. Cabo Daciolo, 3. José Maria Eymael, 4. Ciro Gomes, 5. Geraldo Alckmin, 6. Guilherme Boulos, 7. Henrique Meirelles, 8. Jair Bolsonaro, 9. João Amoêdo, 10. João Goulart Filho, 11. Fernando Haddad, 12. Marina Silva, 13. Vera Lúcia. Toda essa gente com único desejo em mente, claro melhorar o Brasil.
Ocorre que no clima pré-eleitoral (cercado de acusações, desmando e até um atentado) não coube exposição de projetos, afinal ecoava nas mentes, país à fora a telenovelização do escândalo do petrólão, o heroísmo do juiz contra todos os maus feitores, e um ódio genuíno contra o PT, que passaria a ser a marca indelével da corrupção, afinal a mídia ensina o fato jornalístico e não histórico.
Mas de uma certa cela de cadeia em Curitiba o ex-presidente Lula acompanhava tudo, certamente pensava, - eu deveria estar ali. Isso não aconteceu.
Nas ruas um clima de final de campeonato brasileiro, sim, isso mesmo, afinal no Brasil, talvez no Estados Unidos, no pós Trump, seja assim, os sinais são muito, mas muito trocados mesmo. No Brasil Politica é futebol, futebol é religião e religião é política.
O que traz a sensação de vitória não é a profundidade da discussão, ou o conteúdo, isso não importa, mas uma vontade louca de ter razão e se sobrepor com todos os tipos de argumentos, ainda que infundados, inverídicos, e por aí a fora. Respira-se um clima de derby, um vale tudo sem consequências previsíveis, some-se a isso uma espécie de carência infantil paterna que deseja sempre um ser, um homem, um alguém que venha e recoloque tudo no lugar. Alguém vindo não sei de onde disposto a reinventar tudo, temos uma espécie de sebastianismo à brasileira, talvez seja uma das últimas de nossas heranças coloniais. Lamento informar, mas isso não ocorrerá. O brasil necessita de projeto e projeto precede experiência e equipe.
O que menos se viu lá em 2018, como agora, foram projetos com capacidade de discutir e compreender o Brasil, com suas complexidades e particularidades, um país que de tão grande parece desproporcional, mas que tem uma vocação natural para dar certo e, que só não vinga pela politica que tem.
Já no dia posterior a posse, que ocorreu em 01 de janeiro de 2019, o presidente eleito com 57,7 milhões votos em segundo turno; Jair Messias Bolsonaro, afirmava que iria disputar a reeleição. Isso era algo inusitado. Alguém sem o menor conhecimento de causa, sem as assombrações nebulosas que o cargo tem, dizendo algo que não conhecia. Quando o ideal seria primeiro tomar posse da cadeira e conhecer os problemas reais do país, o que nos parece até hoje não ter ocorrido. Só temos as superficialidades.
Mas aquelas afirmações ditas ali com todo o vigor do recém eleito, provocava uma ressonância em boa parte do seu eleitorado que via nele o fator decisivo contra todos os males da nação. - E quanto as famílias e amizades desfeitas, tempos antes das eleições? essas, ou muitas delas, jamais se restabeleceram, tudo para que a vontade dos que tem "certeza", mas nem sempre razão prevalecesse. Perca de tempo! Engano dobrado! Não há político, independentemente de partido, que leve a disputa tão a sério exceto, claro, quando o gongo soa e tem início a competição que apelidamos de eleições.
Discutir politica dá trabalho, precisa de estudo, requer elementos históricos e até certos cálculos matemáticos e estátisticos, mas se empreendêssemos este tempo, essa energia em um médio esforço que fosse, não estaríamos tão divididos, até porque já teríamos percebido que entre eles, os políticos, o que vale mesmo é a conveniência.
Não, não se pode esquecer das malas de dinheiro televisionadas em horário nobre, dos áudios gravados, com a turma do Temmer e a turma do Lula. Não se pode esquecer de nada, muito menos do Brasil.