VERDADE É O QUE DÁ RESULTADO

 

 

Muitas vezes, quando queremos contradizer algum adversário, dizemos que tal coisa funciona em teoria, mas na prática é diferente. Proposição contraditória nos seus termos, pois se na prática uma teoria não funciona, é porque, na verdade, ela é falsa.  

Esse é o grande problema de todas as teorias econômicas. Thomas Malthus, por exemplo, no início do século XIX, afirmou que a população iria crescer tanto que seria impossível produzir alimentos suficientes para sustentá-la. Em seus fundamentos a teoria estava certa, e ainda hoje continua a ser uma sombra sinistra, cobrindo o destino da humanidade. Entretanto, suas previsões até hoje não ocorreram em face do avanço das técnicas de produção, que tem permitido uma produção de alimentos maior até do que a população mundial pode consumir.

É verdade que boa parte da população mundial não tem acesso à uma quantidade de alimentos necessária à sua sobrevivência. Mas isso não ocorre pela falta dele e sim pela má distribuição da produção mundial e a falta de condição econômica das populações carentes para adquiri-los.

Essa constatação nos leva a outras teorias que tem seduzidos muitos líderes mundiais e provocado terríveis enganos históricos e políticos, com sérias conseqüências na vida dos povos que eles governam. Marx, por exemplo, previu que o capitalismo estava destinado a desaparecer da história dos povos, pois ele engendrava os germes da sua própria destruição. Por conta disso os russos amargaram mais de setenta anos de um regime tirânico e castrador, que só deixou como herança outra ditadura - agora de direita - tão funesta quanto o anterior, do partido comunista.A previsão marxista foi feita há quase duzentos anos atrás e até hoje parece que ainda não se encontrou uma fórmula melhor de desenvolvimento econômico para as nações, do que deixar que a iniciativa privada faça esse trabalho. Mas Adam Smith também não foi mais feliz quando preconizou que a riqueza das nações só se constrói deixando que a ambição dos seus empreendedores seja exercida livremente, sem interferência do Estado, pois na economia há uma “mão invisível” que guia os capitais para onde eles são necessários. Essa tese, verdadeira em suas premissas, revelou-se falsa na sua conclusão, pois é exatamente a sua aplicação que tem gerado a injusta distribuição de renda que se observa no mundo e é a principal geratriz de todas as dores da nossa sociedade. Nação rica não é sinônimo de povo rico e feliz.

Por isso achamos que o atual conflito ideológico que está dividindo o povo brasileiro é tão insensato quanto atemporal. Insensato porque um PIB robusto de nada vale se não for bem distribuído. Do que adianta o Brasil ser o maior produtor de alimentos do mundo se boa parte de sua população morre de fome? E atemporal porque esse é um conflito que fazia sentido no século XIX, mas hoje, que todos sabemos que o planeta é redondo, seja qual for a direção que tomarmos, um dia nos encontraremos no meio do caminho.  Esquerda ou direita, importa é chegar onde se quer. Verdadeiro é o que dá o resultado que pretendemos. O resto é conversa de economista.