Moro e a corrupção
O ex-juiz Sérgio Moro, após as brigas com sua criatura, o eleito Bolsonaro, e ver frustrados os planos de ser ministro do STF, bandeou-se para os EUA. Lá se associou a uma consultoria internacional que tem como cliente a Odebrecht, uma das empresas arruinadas pela Lava Jato, operação comandada por Moro. Esta foi desmascarada pela Vaza Jato, a revelação de documentos provando que se tratou de uma operação fraudulenta, que visou desmontar empresas brasileiras e pôr no governo fantoches obedientes aos interesses do mercado e do grande capital internacional. A especialidade da consultoria a que Moro associou-se é justo a recuperação de empresas abaladas, caso da Odebrecht, OAS, JBS, Petrobras e outras, vítimas da farsa da Lava Jato.
Agora a Fênix renasce no país da mentira e da falta de discernimento. Moro lança-se candidato à eleição de 2022, pelo Podemos. E logo no discurso de filiação diz que é o candidato honesto, contra a corrupção, o mensalão, o petrolão, as rachadinhas, os crimes todos atribuídos a Bolsonaro e Lula, que levaram este último a dois anos de prisão. Agora reconhecida uma indecente violação jurídica, orquestrada por Moro, que visou destruir a possibilidade do Brasil ter governo progressista e empresas fortes, uma ameaça para os interesses do mercado e do imperialismo. Como Moro pode, arrogando-se honesto, falar de mensalão e petrolão, que as investigações mostraram tratar-se de invenções destinadas a sabotar o governo que estava transformando o Brasil num protagonista mundial? Como ele pode falar em honestidade e luta contra a corrupção após ser o principal responsável pela farsa da Lava Jato, operação fundamental para que se instalasse no país o desgoverno que temos agora?
Moro não é bobo, já o provou sobrevivendo ao escândalo da Vaza Jato e do rompimento com sua criatura Bolsonaro. Certamente viu que nas pesquisas eleitorais em curso, os ludibriados entrevistados declaram que não associam nem Bolsonaro nem Lula com capacidade de combater a corrupção. O ladino ex-juiz está procurando ocupar esse espaço que lhe foi criado por outro personagem deste imbróglio nacional: a grande mídia. Foi ela que criou o caçador de marajás Collor, que demonizou o PT e Lula, que promoveu o golpe de Dilma, que endeusou a Lava Jato e Moro. E que agora faz de conta que critica Bolsonaro, mas na verdade é seu grande aliado. Acordemos, a grande mídia está a serviço dos mesmos interesses do mercado e do imperialismo que fabricaram Moro, a Lava Jato e Bolsonaro.
Resta outro personagem crucial: o povo, que se manifesta pela “opinião pública”. O povo parece continuar sendo a massa hipnotizada pela grande mídia, atoleimada com o deturpado noticiário diário, com as mentiras digitais, as fake news que infestam nosso dia a dia, e a desavergonhada astúcia de supostos homens públicos como Moro. Falta-nos o discernimento e a coragem de encarar a verdade para deixarmos de ser a eterna senzala com complexo de vira-lata. E enfim tornarmo-nos povo e nação livres.