A TRAIÇÃO DO BOLSONARO
As duas últimas iniciativas do presidente Bolsonaro caíram como um balde de água fria sobre a cabeça dos apoiadores que ainda não foram contaminados pelo radicalismo venenoso dos ultradireitistas reacionários. Esses apoiadores são aquelas pessoas que o elegeram acreditando que ele realmente iria praticar uma nova forma de política, onde os interesses do país fossem tratados com mais seriedade e honestidade. Foi isso que ele prometeu em sua campanha e foi essa crença que o levou ao Planalto.
Mas agora vê-se que ele em nada difere dos políticos populistas e demagogos que iludem o eleitorado com mirabolantes promessas de um róseo porvir e depois de conquistar o poder agem exatamente igual aos antecessores que eles tanto criticaram.
A nova política de Bolsonaro, isenta de conchavos e acordos sub reptícios bancados pelo dinheiro público não passou de uma sinistra peça de propaganda destinada a enganar um povo, historicamente despreparado e ingênuo em termos de política, mas principalmente cansado de um governo corrupto e incompetente, como foi a gestão Dilma-Temer.
A PEC dos precatórios, que o governo conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados só aconteceu por conta de uma vergonhosa manobra de cooptação de políticos ávidos do dinheiro público para bancar suas campanhas eleitorais. Em nada difere do Mensalão que o PT patrocinou no tempo do presidente Lula, e que acabou levando para a cadeia vários políticos, alguns deles inclusive, hoje apoiadores do atual presidente.
A sua filiação ao PL é outro soco no queixo daqueles que honestamente acreditaram que Bolsonaro fosse, realmente, fazer o que disse em termos de uma nova política. Não que o PL mereça algum tipo de reprimenda. O PL é apenas um partido pragmático, cuja única ideologia é um arraigado apego ao poder. Na verdade, trata-se menos de um partido político, mas sim de um grupo de pessoas que se une para apoiar os vencedores. Já apoiaram o Lula, a Dilma, o Temer, e agora estão com o Bolsonaro. E estarão com quem ganhar, seja quem for, não importa a ideologia política que professem. Para eles, verdade é o que dá resultado. E talvez tenham razão.
O PL não merece críticas por ser o que é. Bolsonaro sim, por trair os eleitores honestos e crédulos que votaram nele acreditando que ele seria diferente. É verdade que muitos dos seus apoiadores ainda procurarão justificar essas traições, apelando justamente para o argumento do pragmatismo. Como diz Schopenhauer (A Arte de Ter Razão), uma manada de carneiros segue o carneiro guia ainda que ele os conduza ao abismo. Por que, para eles, é mais fácil crer do que julgar. Para julgar é preciso ler o processo e ter discernimento. Isso cansa e não é todo mundo que gosta. Para crer basta apenas ser convencido. E para isso só é preciso um Messias.