Dossiê do Saara, da pesca, da imigração, assuntos espinhosos na mesa do novo "governo marroquino" investido pelo rei
Depois da nomeação do novo governo pelo rei do Marrocos, Quinta-feira, 07 de Outubro 2021, os europeus motivados para estabelecer relações equilibradas com Rabat, visando a tratar dos dossiers espinhosos de forma a chegar-se a um consenso com Rabat, envolvendo sobretudo os assuntos dos menores e a crise dos vistos, bem como o acordo agrícola e pesca.
Tal novo governo vai enfrentar diferentes desafios com o mundo exterior. No primeiro lugar, ver como restaurar a confiança com o parceiro europeu, com quem as relações foram perturbadas, com certa “frieza”, devido à insistência de algumas forças tradicionais contra a ambição de Rabat na região do Norte da África, objeto do clima de confiança para com os aliados.
O problema dos menores
Rabat procura não atrasar o processo de deportação de crianças menores marroquinas espalhadas por várias cidades europeias, nem dar oportunidade aos europeus de manipular este dossier diferentemente, à luz do clima diplomático de “tensão ”,cujas relações entre Rabat e várias capitais europeias se envenenam.
A nomeação de um novo governo pelo rei precipitou rever tais dossiers, as potências europeias aproveitam tal clima para restabelecer o contacto com o poder executivo em Rabat, visando a trabalhar no regresso de crianças menores e pessoas em situação ilegal.
Tal dossier tem desencadeado uma crise entre Rabat e Paris, a qual levou a uma certa inquietação em termos de continuar numa situação incomprenssível e ilegal, objeto da política de redução de vistos para os marroquinos.
O novo governo vai ter um outro compromisso que é de assegurar o contacto diplomático com as partes francesas com as quais o Reino detém relações estratégicas, nomeadamente no domínio do combate ao terrorismo, imigração irregular e cooperação judiciária.
Os europeus se esforçam para encontrar uma saída da crise escaldante entre Rabat, Madrid e Berlim, afetando os procedimentos do regresso das crianças desacompanhadas, calculadas em milhares; sem que a União Europeia saiba como resolver definitivamente a situação da deportação de menores de várias formas.
Pesca marítima e acordo agrícola
O governo do Marrocos considera tal atitude incompreensível do Tribunal de Justiça Europeu que decidiu cancelar os acordos agrícolas e pesca com o governo do Marrocos; uma vez que tal acordo estabelece o respeito para alguns navios europeus explorar as águas marroquinas por um período de quatro anos, sujeito a renovação.
A pesca marítima é considerada como uma fonte importante de sustento para várias famílias espanholas, tais águas marroquinas recebem mais de 90 barcos de pesca.
O governo espanhol procura coordenar-se com o seu homólogo marroquino diante das repercussões da decisão judicial europeia, trabalhando em conjunto para pressionar “Bruxelas” a não perder oportunidades reais de cooperação entre os dois países.
Além do processo da integridade territorial do Reino, constituindo um dos pilares da política externa marroquina; qualquer nova construção das relações entre os dois países passa pelo respeito da soberania do Marrocos sobre o saara, objeto geoestratégico em termos da segurança e estabilidade regional, sobretudo depois do recente reconhecimento americano do Saara marroquino.
Relações do Marrocos com Alemanha
Não há dúvida de que as repercussões da crise diplomática entre Rabat e Berlim, estendida a todas as formas de cooperação bilateral entre os dois países, impactando sobretudo a ajuda financeira, o setor econômico e social, cujo Berlim lidera como o maior potência da União Europeia em termos de ajuda ao Reino.
Diante de tudo isso, o novo governo deve procurar a restaurar os contatos diplomáticos com Berlim, uma vez que o lado marroquino detém parcerias estratégicas com a Alemanha, cujas indústrias alemãs se desenvolvem, aproveitando o desempenho econômico marroquino e o mercado local, após uma estagnação circunstancial devido a “ Corona. ”
Tal crise atual tem resultado em mais de 1.400 milhões de euros de ajuda atribuída pela Alemanha a Marrocos, a maior parte dedicada ao combate do COVID-19.
Assim a Alemanha, um dos países mais ativos no Marrocos na área de energia solar, por exemplo, tem outro dossier preso na agenda para o novo governo, trata-se de restabelecer o ânimo das relações entre Marrocos e Amesterdão.
Interrogando sobre as estratégias do novo governo, as quais possam diluir essa frieza que conhece as relações, devido à questão do Saara, do dossier de detidos rurais. Bem como de procurar superar a tensão sem precedentes entre Rabat e Madrid, objeto do rompimento das relações diplomáticas.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário-Marrocos