BOLSONARO VERSUS TANCREDO
BOLSONARO VERSUS TANCREDO
Recentemente, vi no twitter uma pessoa falando que não tinha visto nada igual em termo de apoio popular a um político desde Tancredo Neves. Eu acho que a pessoa se enganou redondamente. Tancredo Neves chegou à presidência fazendo acordo com Deus e o diabo para ganhar a eleição, tendo como vice o famigerado Sarney, e contando ainda com o apoio maciço da Rede Goebles. Naquele tempo, iludida pelos esquerdistas, a população foi às ruas pedir diretas já e anistia ampla geral e irrestrita, para vagabundos e criminosos. Vagabundos e criminosos que hoje assolam o país e nos levaram aos dias atuais.
Tancredo não era uma liderança nacional, era um político matreiro que desde a década de cinquenta rondava nas hostes palacianas, nunca teve tanto destaque, nem mesmo era a maior estrela do MDB à época; fazia sobra a Ulisses Guimarães, sendo talvez a terceira pessoa da agremiação, visto que antes dele está Franco Montoro e nada mais. É tanto que quando se acabou o bipartidarismo, Tancredo logo se mudou do PMDB, fundou o Partido Popular.
Sua escolha para concorrer à presidência foi mais em função de agradar os militares do que por suas qualidades, pois o MDB sabia que os militares não aceitariam a candidatura de Ulisses que já havia se lançado como "anticandidato" quando da eleição de Médici em 1970.
Tancredo Neves foi primeiro-ministro por pouco mais de nove meses, em 1962, quando foi implantado um rápido parlamentarismo no País, não tendo logrado êxito sua liderança. Em 1982, foi eleito governador de Minas, ganhando apertado de Eliseu Resende. Portanto, nem mesmo em seu próprio estado era reconhecido como uma grande liderança. Todo o burburinho, todo o alvoroço em relação a ele, deu-se devido à doença que o afetou antes da posse e ao sensacionalismo da Globo, pois o povo mesmo não o tinha como uma grande liderança, preferindo naquela época figuras bem mais à esquerda. O próprio Ulisses não tinha a preferência da população como presidente do MDB mesmo sendo sua maior liderança.
Comparar Tancredo a Bolsonaro é completamente descabido, o primeiro viveu na politica a vida toda, sempre nos bastidores, à espreita, à espera de uma oportunidade, e teve sua ascensão à presidência mais por acordos políticos esoúrios do que mesmo por mérito, tendo sua eleição trazido males imensuráveis ao País, em decorrência de tais acordos feitos com todo tipo de gente, fatiando cargos a torto e à direito para se eleger; o segundo ascendeu sozinho, sem acordos espúrios, sem Rede Globo ou qualquer meio de comunicação, elegeu-se presidente e tornou-se o mito que é hoje por seu esforço, trabalho, dedicação e honestidade no trato da coisa pública.
Fui de esquerda, hoje sou antiesquerdista ferrenho, não tinha amores por Tancredo, pois não representava o pensamento político da esquerda, sempre se comportando com uma velha águia. Não estou aqui discutindo as qualidades políticas dele, embora seja impossível se afastar delas, mas simplesmente comparar sua ascensão e popularidade à de Bolsonaro. A deste foi espontânea a do outro foi feita, parida a partir de interesses de grupos antagônicos que queriam ascender ao poder.
Em conclusão, Tancredo foi fruto de uma comoção nacional devido à sua morte, patrocinada pela televisão brasileira, cuja doença passou a ser um show midiático de Antônio Brito, que todo dia anunciava o boletim médico assinado pelo professor doutor Pinheiro da Rocha como um acontecimento diário e transformou Tancredo em mito, principalmente, porque era o primeiro presidente civil em 21 anos de Regime Militar que nos trouxe tantas glórias e dispensamos.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, SETEMBRO/2021