O Sinal
O Sinal
Publicado no Blog Diário do Poder, Brasília DF, de 9/7/21
Não são bem vistas analises socioeconômicas que lançam mão de crenças religiosas, para ajudar entender e resolver o caos humano que está se instalando.
Na história do Ocidente, foi decisiva a presença do Cristianismo, exaltando a dignidade e os direitos naturais das pessoas, conceitos que foram os alicerces do direito positivos dos povos de quase todo o planeta.
Em todos esses séculos de guerras e de agressões ao meio ambiente, criaram-se sistemas de produção e consumo propiciando extraordinárias conquistas que, no entanto, determinaram o distanciamento entre uma minoria rica dona do poder e uma maioria pobre. Neste mundo injusto surgiu a atual pandemia.
Para os que creem em um Deus Senhor do Universo, infinitamente justo e misericordioso, sabem que Ele não criou o mal, fruto do individualismo das pessoas, movidas pela ganância. As atuais sociedades não são obras diretas de Deus e sim fruto das ações livres dos povos.
A atual pandemia, para os que creem, pode ser um sinal para a ação dos cristãos, visando a sobrevivência da humanidade, exigindo mudanças radicais nas estruturas sociais e nas formas de pensar as relações com o próximo. Fé cristã sem ação social e política, coerente e consequente com o que se crê é atitude inaceitável, principalmente no momento histórico em que se vive. Uma reflexão honesta e competente, do aqui exposto, concluirá ser a única opção para que se recupere o senso da justiça social, dando início a ações solidarias que propiciem oportunidades de vida digna. Certamente serão sociedades muito mais austeras em termos de consumo, muito mais democráticas pela participação do povo nas decisões políticas.
A Política precisa reinventar-se, de tal forma que o Estado Democrático de Direito, leigo, muito mais presente e atuante na vida dos povos, possa servir ao ideal democrático, a liberdade, a justiça e a promoção do bem comum. O capitalismo e o comunismo desapareceram como expressões políticas. Os políticos e seus partidos estão tontos sem saber o que fazer e propor. Os grupos que assumiram posições de poder, aprofundam o distanciamento entre ricos e pobres, com a ajuda do notável desenvolvimento tecnológico. As Universidades estão caladas. Os sindicatos e trabalhadores estão sendo silenciados, fazendo com que a reação ao crescente mal social recaia sobre escassas pessoas, motivadas pelo dever moral de agir visando promover a liberdade, a justiça e a paz.
As alternativas políticas, para o caos, deverão ser aquelas que, necessariamente, passam pela radical adesão da maioria dos povos, tocados pelo ideal da solidariedade: cooperar e não apenas competir. A educação de qualidade, o emprego, o meio ambiente e a eliminação da fome e da miséria são as urgentes questões a serem atendidas.
Recuperar a perspectiva ética dos povos é o primeiro passo da reação Humanista: – a primazia da dignidade das pessoas, nas iniciativas das sociedades democráticas.
Com a palavra os partidos políticos bem definidos ideologicamente, os sistemas educacionais de qualidade e a pregação das Igrejas Cristãs históricas.
Eurico de Andrade Neves Borba, 80, aposentado, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Caxias do Sul. eanbrs@uol.com.br