ENTERRO

Francisco de Paula Melo Aguiar

A política sempre foi e continua sendo a expressão literal de um grupo, de pessoas fiéis que não se deixam enganar para trair seus candidatos na vitória e na derrota. Esse é o pensamento dominante da situação e bem assim da oposição. Se bem que atualmente gente apagada se junta a um certo e determinado político que tem luz própria para ser visto por seus opositores, ganha “status” a pseuda liderança e se vende por qualquer preço.

Até os enterros tinham no passado bem próximo significados do sentimento coletivo sobre o individual, não importavam os perfis sociais dos mortos, se ricos, se pobres, se cortadores de cana de açúcar, se operários, etc, o que se levava em conta era o fato dele ter sido fiel durante sua vida a determinada ideologia, lideradas pelos políticos de suas escolhas conscientes. Ainda que por analogia o enterro é uma despedida simbólica ritualístico e que é visto como sendo uma espécie de resgate da morte domada [ARIÈS, 1977].

Assim sendo, em Santa Rita até a década de 80 do século XX, os políticos davam muito valor aos seus eleitores, amigos, colegas, correligionários e até adversários, vivos e bem assim mortos, existia um grande respeito entre as famílias ricas, pobres e pessoas do povo. Tanto é que a existe fotografia postada no Facebook sobre este registro de nossa gente e de nossa sociedade em 1972, visualizamos o povo comparecendo ao sepultamento do senhor conhecido Soldado Bita, pai de Luciene, Detinha e Dadão, esposo da senhora Lindalva Soares, “in memorim”, antigos moradores da Rua Terêncio Ferreira [em uma das 50 (cinquenta) casas construídas e inauguradas em 1949 pela Fundação da Casa Popular, criada pelo Presidente Eurico Dutra, que deu origem ao termo: Bairro Popular], onde compareceram seus vizinhos e especialmente o líder popular, ex-vereador, ex-deputado e ex-prefeito Heraldo da Costa Gadelha, juntamente com o então vereador Francisco Aguiar.

Um dentre inúmeros enterros verificados naquele tempo em Santa Rita, e que é uma coisa interessante, mencionar de que o povo que representava a elite política de Santa Rita comparecia as solenidades fúnebres, a exemplo do sepultado de "seu Bita", os políticos vestidos de paletó e gravata. Era na realidade uma Santa Rita de homens: práticos, teóricos e poésis, e que na atualidade já não vimos mais tamanho respeito e comportamento em nossos pobres e neófitos políticos de inicio e ou final de carreira.

A memória popular respeitava as presenças dos políticos nos funerais e principalmente na condução do cadáver do ex-correligionário e ex-eleitor à sepultura. Era uma prova de companheirismo, de sentimento e de amizade para os familiares do defunto. Laços afetivos postiços e de partidarismo político eleitoral até na hora do adeus. Sobre o caixão a bandeira do Santa Cruz, do Guarany, do CTP, do Cruzmaltino, do Onze, do Cruzeiro, do Atlético, etc. filas de atletas vestidos com as roupas dos times, inimigos entre e a diante do acontecimento fúnebre todos solidários. Esse passou e não volta mais.

Portanto, ainda que por dedução o ritual de despedida aos defuntos santa-ritenses aqui mencionados, não deixavam de ser um momento impar de sentimento e que direta e indiretamente atuava como sendo de consideração, respeito e sentimento de pertinência [IMBER-BLACK, 1991].

No cemitério declamavam até discursos em homenagem a quem estava sendo sepultado onde todos ali presentes caiam em lágrimas como coroamento pomposo patrocinado pelos políticos, familiares e amigos presentes e representados. Assim era a Santa Rita de antes...

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Santa Rita, Sua História, Sua Gente. 2ª ed. São Paulo: Clube de Autores Publicações S/A, 2016, 636p. Disponível in.: <https://rl.art.br/arquivos/6404665.pdf > . Acesso em> 07.Jul. 2020.

ARIÈS, P. O homem diante da morte Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1977.

IMBER-BRACK, , E. Motivos rituales en las familias y en la terapia familiar. In.: E. Imber-Black, J. Roberts & R. Whiting (Orgs.), Rituales terapeuticos y ritos en la familia. Barcelona: Gedisa, 1991, pp. 25-71.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 07/07/2021
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