Por que o primeiro açude construído no Brasil está ameaçado?

Universidade Estadual do Ceará - UECE

Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - FAFIDAM

Curso: Ciências Biológicas

Disciplina: Projeto Especial em Biologia IV

Professor: José Robério de Sousa Almeida

Aluna: Maria Lucilene da Silva Nobre

Artigo: Por Que o Primeiro Açude Construído no Brasil está Ameaçado?

Limoeiro do Norte – Ce

Outubro - 2008

Por que o primeiro açude construído no Brasil está ameaçado?

Maria Lucilene da Silva Nobre

Resumo

Este artigo tem como objetivo conhecer as principais causas relacionadas com o baixo nível de água do primeiro açude construído no Brasil ( Açude do Cedro) ,por ordem do Imperador, em decorrência da grande Este artigo impacto social causado pela seca de 1877 à 1879.Foram realizados estudos através de livros, internet e a visita no local do açude , no município de Quixadá, estado do Ceará. Os resultados indicam que o Açude do Cedro , atualmente , está com menos de 7,5 % de sua capacidade.Apresenta uma deficiência na sua bacia hidrográfica , uma crise observada desde suas poucas sangrias . Foi encontrado que um dos motivos dessa crise é o superdimensionamento da barragem em relação ao potencial da bacia. Dados revelam que no tempo da sua construção mesmo D. Pedro II criando uma comissão científica para estudos físico - hidrológicos , o Açude do Cedro nunca obteve informações da sua região para a elaboração de um estudo hidrológico adequado para sua bacia. Foi encontrado também que muitas vezes sua construção foi marcada mais por questões políticas que ecológicas . A preservação desse açude é um fator muito preocupante pois até mesmo seu maior rio alimentador, o rio Sitia está poluído e assoreado. Projetos estão sendo realizados para salvação desse rio,que mostra que, a sociedade também pode contribuir com as ações da sustentabilidade ambiental. Porém, é válido criticar que ainda existem projetos que não saem do papel e que o descaso para com o mais antigo açude do Brasil , o Açude do Cedro, considerado um patrimônio Histórico da Humanidade, é um dos fatores que pode ameaçar a sua existência.

Palavras- chave : açude, seca, bacia hidrográfica, políticas, rio Sitiá, sustentabilidade, descaso, ameaça.

Introdução

O século XX, foi o século da açudagem no semi-árido brasileiro. O mais bonito açude no Brasil, o açude do Cedro, construído por ordem de D. Pedro II, devido o grande impacto social provocado pela seca de 1877 a 1879, é uma das primeiras grandes obras de combate a seca realizadas pelo governo brasileiro, e atualmente, precisa de medidas urgentes para a sua conservação, já que conta apenas com 9,2% do seu volume, estando assim, ameaçado.

Localizado no município de Quixadá, estado do Ceará, a 160km de Fortaleza, na região das terras do Cedro indicada como local para sua construção pelo quixadaense Dr. José Jucá de Queiroz Lima. O Cedro foi construído inicialmente em 1884, onde sua indicação e seu projeto foram aprovados por Dr. Revy, conhecido internacionalmente e estimado pelo Imperador do Brasil; onde foi concluído somente no ano de 1906, por motivos das paralisações da obra, que na maioria das vezes, foram por causas de questões políticas e não, ecológicas.

Apesar dessas paralisações, o açude do cedro teve uma grande importância na historia econômica do município de Quixadá e no acolhimento aos flagelados da seca que afligiram o estado do ceará e outras regiões. A partir da sua maior finalidade de combate a seca, até mesmo nas secas de 1888,1889,1890,1891,1898,1900,1903 e 1905 na época de sua construção , teve também como importância, o desenvolvimento da vazante, a irrigação ( primeira construída no Ceará ), a piscicultura, o aproveitamento das áreas de montante, o abastecimento de água para o município, a disposição de banhos e pesca , a prática de esportes náuticos e é considerado um ponto turístico movimentado, além do que, a barragem do cedro possui um coroamento protegido por mosaico importado na frança e como consta :

“é integrada com um pequeno vale fértil onde se implantou e com a serrania que o contorna, dela sobressaindo a “pedra da galinha choca” formando um conjunto paisagístico com a presença do açude que constitui uma das mais raras e belas paisagens da natureza brasileira”.(DNOCS,1977).

Por causa da sua bela paisagem e sua importância histórica no ano de 1977 foi tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional ( IPHAN).

Com seu projeto e construção realizados pela comissão de açudes e irrigações , seu recente proprietário é o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), um órgão federal.

Este açude construído pelo governo federal, cujos trabalhos de conclusão e projeto de irrigação foram por responsabilidade do Eng. Bernardo Piguet Carneiro com o objetivo de irrigar uma área de 1.000hectares, possui a capacidade de 126 milhões de metros cúbicos, sendo o 7° maior reservatório de água de Ceará. No entanto, em toda sua história, ocorreram apenas 6 sangrias.

Possuindo quatro barragens,

... “onde a principal é de alvenaria ciclópica e forma circular, existindo duas barragens auxiliares, construídas de terra com revestimento de pedra e cimento, tendo uma delas a austral 300 metros de extensão”, a outra, a boreal, 250 metros e finalmente, a quarta barragem denominada FORGES, localizada na parte meridional da represa, tendo apenas dois metros de altura; os cursos d’água que formam a sua bacia hidrográfica são:

O Sitiá, também conhecido por “Ipueiras” que percorre uma extensão de 20 quilômetros e é o maior rio alimentador do cedro, pois nasce nas elevações que servem de limite entre os municípios de Quixadá e Quixeramobim. Banha o distrito de Custódio, onde recebe o riacho Pitombeiras que vem da Serra do Estevão.

O caracol que faz barra com o riacho Massapé este já engrossado pelas águas do Guariba. Tem uma extensão de 18 quilômetros.

O Riacho Verde que tem uma dimensão de 7 quilômetros, desde a Serra do Estevão.

O Jatobá que nasce na serra da Palma, e percorre 6 quilômetros até desembocar no Cedro.

Os dados técnicos quanto ao reservatório do Açude do Cedro são: Profundidade máxima; 16 metros; profundidade média; 6,30 metros; área da bacia hidrográfica: 210 Km2; área desapropriada da bacia hidráulica : 6.700 ha; parte submersível da bacia hidráulica: 2.180 ha; contorno da bacia hidráulica: 91 Km.Dispondo de dois sangradouros, um dos quais medindo 11,50 metros de extensão, construído de terra com revestimento de pedra e cimento os cursos d’água que formam a bacia hidrográfica do açude do Cedro foram projetadas pelo Império”.(COSTA, 2002)

Barrando o rio Sitiá, afluente do Banabuiú, Sistema do Jaguaribe, que se encontra com dejetos sanitários jogados em suas águas e quase totalmente assoreados, no qual sua recuperação é a principal meta nas ações do projeto patrocinado pela Petrobrás, a subida dá água na escala métrica do açude do Cedro depende da quantidade de chuvas nas cabeceiras do rio Sitiá. Isso porque, como já foi comentado, é o maior rio alimentador desse açude.

Considerado, hoje, um símbolo da ineficiência na luta contra a seca, é muito preocupante a situação argumentada e vivenciada nessa época em que o mais antigo açude do Brasil, com sua importância histórica e sua beleza natural está enfrentando devido a sua baixa captação de água.

Desse modo este trabalho tem como objetivo reconhecer que é necessário conhecer um pouco da sua história, as causas relacionadas com a sua problemática para entender o agravamento da ocorrência, assim como, conhecer medidas preventivas para evitar danos mais drásticos e algumas providencias que já são tomadas a fim de adquirir condições para também a sociedade participar ativamente com meios cabíveis, como a sustentabilidade às ações ambientais que podem contribuir para a conservação desse patrimônio brasileiro que abrigou tantos sofredores da seca e que tem uma significativa importância para a história da açudagem no Brasil.

Objetivos

Objetivo geral

Conhecer as principais causas da problemática existente do açude do Cedro, no município de Quixadá, estado do Ceará.

Objetivos específicos

Avaliar o motivo da construção do Açude Cedro, bem como a causa de apenas o mesmo ser inicialmente escolhido.

Pesquisar as principais causas relacionadas com o baixo volume d’água do açude do Cedro.

Mostrar as finalidades do açude que foram comprometidas ao passar dos tempos.

Criticar o problema do rio Sitiá, o principal rio alimentador do Cedro, bem como demonstrar as principais medidas ambientais para a sua recuperação.

Exibir as ações governamentais conhecidas para resolver a deficiência da bacia alimentar do referido açude.

Instigar o leitor a tomar conscientização da importância da conservação do primeiro açude a ser construído no Brasil.

Material e Métodos

Este trabalho foi realizado através da pesquisa na internet, sendo o primeiro dia, em 8 de agosto de 2008 às 20:30 h no laboratório de informática da faculdade de Filosofia Dom Aureliano matos - FAFIDAM e o último dia, em 17 de outubro de 2008, as 20:30h, assim como em pesquisas que obtêm maiores informações nos livros “a viuvez do verde” de Eduardo Campos, exposto na biblioteca do município de Limoeiro do Norte – Ce, emprestado no dia 23 de julho de 2008, e “Retalhos da História de Quixadá” de João Eudes, Cavalcante Costa, emprestado no dia 21 de agosto de 2008 pela professora Maria Edvani SILVA Barbosa do curso de geografia da Universidade Estadual do Ceará – UECE.

Foi ocorrida uma visita no Açude do Cedro no dia 22 de agosto de 2008 para a realização da fotografia atual do mesmo.

Este artigo tem como orientação o professor José Robério de Sousa. É um pré- requisito para a conclusão do projeto IV, no curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas 2005/02 da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano matos – FAFIDAM da Universidade Estadual do Ceará - UECE, da aluna Maria Lucilene da Silva Nobre.

Foi concluído no dia 24 de outubro de 2008 às 11:36h e digitado por Jocelyta Beserra Dias.

Justificativa

É de grande importância conhecer a história da açudagem brasileira, uma vez que sua construção contribui para a renda do país, onde requer dessa forma também de quem a estuda, informações indispensáveis para o entendimento das suas problemáticas, a fim de facilitar o envolvimento da sociedade para a luta da sua conservação.

No município de Quixadá, no estado do ceará, a construção do açude do cedro, na época da seca, teve a finalidade de evitar o acréscimo do êxodo rural que provocaria a formação de favelas, na periferia das grandes cidades. Houve também um grande progresso na cidade, que com apenas a conquista de sua emancipação política em 1870, não seria realizado, pois a mesma contaria somente com seus poucos tributos do comercio e da atividade agropecuária.

Graças ao açude do Cedro, o município de Quixadá, tornou-se rapidamente um centro urbano desenvolvido em aspectos econômicos, sociais e culturais, com apenas 14 anos de sua emancipação. Por causa da objetividade da sua construção, o Cedro proporcionou a Quixadá a chegada da estrada de ferro que facilitou a interligação da população isolada com outros lugares, inclusive coma capital (Fortaleza), pois como ponto de linha da RVC, transportava passageiros de todo alto sertão.

Além do que, demonstrou ao país, que na região Nordeste, a contenção das águas e os eu aproveitamento racional em favor a todos que dedicam ao trabalho rural na luta contra a seca, não poderia existir maior crédito, pois a irrigação gerada pelo Cedro provou que tem capacidade de libertar a população dos caprichos de quem a governa.

Outra importância que o Cedro trouxe foi o orgulho da cidade ter o primeiro órgão e reflorestamento instalado no Nordeste, no inicio de 1911. Se não existisse o horto florestal jamais seria implantado naquele município. Porém, por possuir terras adequadas nas suas jusantes, não apenas prestou serviços ao município, mas a todas as regiões do ceará. No entanto, é triste relatar que esse programa ecológico não foi sucedido, que a visão da preservação floral não atingiu na consciência de todos com a idéia de ser a própria sobrevivência do homem.

Sabe-se que, o açude do Cedro foi tombado como patrimônio histórico da humanidade, contanto, atualmente, atinge apenas 9,2% do seu volume. A partir dessa problemática, esse trabalho enfatiza a realidade de que é obrigação do Brasil lutar por sua conservação e necessidade de todos para a conscientização, pois de acordo com os estudos da situação ecológica, o primeiro açude construído no Brasil, por D. Pedro II, considerado assim, uma obra histórica, está prestes a desaparecer.

Resultados

Foi encontrado que, enquanto a grande parte dos açudes das regiões norte e sul do Ceará possuem já atingem suas capacidades máximas, o Açude do Cedro ainda precisa de 114 milhões de metros cúbicos, pois encontra-se com um limite muito abaixo de sua capacidade.

Sabe-se que, nos estudos de sua construção é visto que no ano de 1910 / 12, O Eng. Dr. Piquet Carneiro realizou um projeto de desvio de riachos tais como, as de São Miguel e Ingá, do Livramento, Pirabibu, Canafístula, Vaca Serrada e campo grande para alimentar o Cedro. Pois já havia a percepção de que o açude não teria capacidade suficiente para irrigar uma área de 1.00 ha, observando que nunca excedeu a 500 há, devido entre outros motivos, o desperdícios de água nos regos.

Em análises não recentes em proximidades dos rios as nascentes do sitiá, existe uma conclusão de que a transposição das águas do Pirabibu seria uma solução, porém essa decisão só foi tomada em tempos atuais pelo governo, que preocupado em tentar fazer com que o Cedro irrigasse a área planejada, já que em 1932, a associação comercial do município de Quixadá, inquieta com a falta de espaço para abrigar os muito flagelados que se agravavam desde os anos de 1915, enviou um memorial ao IFOCS (atual DNOCS) pedindo a realização do projeto de Dr. Piquet com relação ao desvio do rio Pirabibu para o Cedro. Porém, para que isso acontecesse foi necessário comprometer a irrigação, o abastecimento de água para o município de Quixadá, a pecuária e os sitos irrigados pelo Cedro.

Relatando sobre o abastecimento de água na cidade de Quixadá , mesmo com seu comprometimento, o Cedro ainda oferece água a 35% daquela população.Com o seu bombeamento interrompido pela CAGECE desde o início da estiagem devido a irregularidade do serviço, onde a decisão veio do laboratório de análises da companhia,afirmando que a água é considerada não própria para o consumo ; sendo problema antigo, com a crise constante de armazenamento.

Essa crise é constatada desde as suas poucas sangrias.

Uma das causas apontadas para as poucas sangrias no Açude do Cedro está no grande número de pequenos açudes construídos a montante nos afluentes riachos Verde e Caracol, impedindo que a água chegue até a barragem. Observando o açude como a figura mostra, vê-se que a água acumulada com menos de 12 bilhões de metro cúbicos segundo a Cogerh, não atingiu ainda o volume capaz de tocar a parede de sangria.

Outro motivo argumentado, é que o superdimensionamento da barragem do Cedro em relação ao potencial da bacia hidrográfica também faz com que as sangrias sejam raras.

Com apenas 6 sangrias conhecidas, sua primeira sangria foi em 1924, onde a ocorrência repetiu-se no ano de 1925 causando a ultrapassagem das águas na resistência do sangradouro. Porém , secou totalmente nas secas de 1930/32 e 1950. A terceira sangria só ocorreu em quase 50 anos após a segunda, no ano de 1974/75 e anos após , em 1986/1989, apesar do leito do Sitia encontrar- se muito assoreado . Contanto , secou totalmente em 1999.

Como o rio Sitia é o principal rio alimentador do Cedro , e está quase totalmente assoreado , é preocupante a passagem de água desse rio para esse açude.

O rio Sitia que trouxe para o município de Quixadá, seus primeiros colonizadores, tendo a nascente na Serra do Estevão , além de apresentar assoreamento , a poluição e os dejetos sanitários lançados nas suas águas também são fatores que prejudicam a vida do rio.

A ação antrópica vem contribuindo para a destruição da natureza em poucas décadas, que pa ser construída , como o exemplo desse rio, foi necessário de séculos para esboçar suas curvas , seu curso e a vegetação em seus leitos.

Desse modo, diante de tantas problemáticas do Açude do Cedro, é urgentemente necessário “ acordar” o mundo para a sua salvação.

Nessa pesquisa, foram encontrados argumentos de que provavelmente estão sendo realizados trabalhos na área próxima do Açude do Cedro , onde há um projeto que possui o patrocínio da Petrobrás a respeito do rio Sitia , com o investimento das suas iniciativas de 367 mil reais e que tem a finalidade de oferecer sustentabilidade às ações ambientais.

Discussão

No semi – árido brasileiro , a grande seca de 1877/80 causou uma calamidade total. Foram destruídas 5.000 vidas, o gado foi dizimado.

D. Pedro II tratava da seca com apenas recursos financeiros para amparar seus sofredores. No entanto, com somente o deferimento de 75 mil réis não solucionava o problema . Com isso foi aceito em recomendar construções de barragens com a finalidade de reter o maior volume possível de água.

O Açude do Cedro ainda não era proposta para essa construção. Foi anunciado que seria realizada a transposição do rio São Francisco para outras bacias do semi – árido.

Porém, a tecnologia da época não conseguiu vencer o desafio do relevo acidentado da Chapada do Araripe que não permitia o transporte de água até o Ceará.

O Açude do Cedro então foi escolhido como a primeira construção de açudes no Brasil, porque no estado do Ceará, no período de 1878/1881 foi eleito o deputado Geral, João Brígido dos Santos, capixaba, residente no Ceará desde 1 ano de idade, que incluiu nas suas atividades , a construção de número maior possível de açudes. Teve total apoio do Ministério da Agricultura , uma vez que o Imperador tinha como meta, o combate à seca.

João Brígido pediu orientação ao quixadaense, Dr. José Jucá de Queiroz Lima que era elogiado por seus projetos, onde o mesmo indicou o boqueirão do Cedro , barrando o Sitiá, no município de Quixadá, estado do Ceará.

Mesmo o governo criando uma comissão científica com estudos geológicos , hidrogeológicos,, metrológicos, topográficos, faunísticos, fitogeográficos, bem como estudos das bacias hidrográficas . Porém na construção do Açude do Cedro por causa da falta de dados na região , não foi possível elaborar um estudo hidrológico adequado da sua bacia , o que provocou um superdimensionamento do mesmo em relação a sua bacia hidrográfica.

É necessário criticar que grande parte da construção desse açude não foi traçada por questões ecológicas, e sim políticas. Ainda que sua indicação e seu projeto inicial tenham sido aprovados por Dr. Revy, reconhecido internacionalmente, sendo um ser de confiança do Imperador foi expulso com o fim da monarquia.

Fica a crítica de que é inadmissível que os governantes que assumiam o poder tinham a audácia de demitir funções importantes do cargo da construção de açude onde haviam substitutos que nem sempre tinham a mesma capacidade comprovada para tal ação.

Sendo assim, a construção do Açude do Cedro foi marcado por questões políticas porque nas suas paralisações, os motivos eram sempre por agitações políticas do país, quando não era por desentendimento no seio da comissão ou por falta de recursos.

Um caso muito sério a discutir é que Ulrico Mursa, o novo chefia da comissão de açudes após o fim da monarquia, iniciou algumas modificações no primitivo projeto da barragem de autoria de Dr. Revy. Logo após, mais uma vez, por renovação política , o novo chefiada comissão de açudes, foi Dr. Bernardo Piquet Carneiro, que ficou com a parte final e com as obras complementares de importância crucial , como os canais de irrigação e as compostas de controle.

É bom ressaltar que nesse final de construção, o escopro ou pedra foi feito por dois operários que não tinham estudos em escolas de formação profissional.

No entanto, a competência profissional de Dr. Piquet sempre foi destacada . Ao projetar canais de irrigação para 1.000 hectares , percebeu que naquela região só poderiam irrigar 500 hectares devido a baixa capacidade de captação de água. Por isso, buscou soluções, iniciando estudos sobre a transposição de águas para o Cedro. Elaborou projetos dos desvios de água em 1910 / 1912 , pois sem a transposição , o projeto de irrigação seria comprometido no futuro. Porém, seu trabalho não teve a atenção devida dos órgãos competentes.

Essa problemática da pouca capacidade de água é observada também em arquivos que estão registrados os pedidos de alerta na época em que o Cedro acudia as vítimas da seca. Consta o seguinte documentário:

“ Em face da perspectiva da seca que nos aflige, já é

Grande o êxodo de habitantes de outros municípios

Para esta cidade , que se encaminham a cata de abrigo

No reservatório do Cedro . E como este recurso é

Limitado , pois até mesmo os terrenos de irrigações

Pertencentes a particulares foram cedidos , acha – se esta

Cidade na contingência de assistir à morte de inanição a

Toda horta de necesitados”. ( CAMPOS, 1983).

Desde muito tempo , o Açude do Cedro vem apresentando uma deficiência da sua bacia alimentar. Até mesmo o seu maior rio alimentador , o rio Sitiá está ameaçado. O assoreamento e a poluição são fatores determinantes para o seu comprometimento . Visto que a ação do homem contribui para a sua poluição , mesmo que as ações do Instituto Convivência juntamente com o poder executivo de Quixadá tenham a disponibilidade de lutar contra a poluição , construindo mil cisternas de placas em 4 anos , 1.100 banheiros com pia, aterro sanitário , esgotamento de quase 50 ruas , etc; que além de contribuir para a boa qualidade da água do rio Sitiá , contribui conseqüentemente para a do Açude do Cedro e sua maior disponibilidade de água . Porém ainda é necessário ser realizadas muitas medidas preventivas , pois dados mais recentes desta pesquisa , nos revelam que o Açude do Cedro já está com menos de 7,5% de sua capacidade.

Conclusão

O Açude do Cedro apresenta uma deficiência na sua bacia alimentar que provoca a grande problemática estudada, com pouca capacidade de captação de água , estando apenas , atualmente com menos de 7,5% de sua capacidade. Isso porque na época de sua construção foram mais bem avaliadas as questões políticas do que ecológicas.Mesmo o governo elaborando uma comissão científica com estudos da bacia hidrográfica não foram relevantes ou analisadas exclusivamente os dados de que em condições físico- hidrológicas , a barragem do Cedro , possui uma baixa rede d drenagem pluvial, com poucos afluentes, sem falar que o índice pluviométrico do local não contribui positivamente devido ao baixo índice de chuvas se comparado com outras áreas do estado do Ceará ou até do mesmo do país, tendo na sua região o mais baixo índice pluviométrico do estado. Dados atuais demonstram que sua bacia hidrográfica é pequena , com apenas 224km²,comparado com o Jaguaribe que possui uma bacia de 80.547km². O Açude do Cedro foi construído com a capacidade de 125.694.000m³, já o Castanhão com a capacidade de 6 bilhões m³.

Análises demonstram pouca eficiência na bacia hidrográfica do Cedro.

Foram estudadas que para resolver esse problema está sendo realizada a transposição do Pirabibu ( terceiro açude público de Quixeramobim) para o Cedro.

Quaando essa transposição ficar completa , junto com a implantação de 110 mudas , de Fiques , algodão do Pará e Pau-Brasil que a prefeitura municipal está elaborando para resgatar a beleza natural do Cedro, será revitalizado a construção de um restaurante e hotel fazenda , um museu e um pólo de lazer em camping. Porém, o Pirabibu está somente com 12,5% de sua capacidade. Sem esperanças então que atinja sua cota máxima de 74 mihões / m³ neste inverno , e conseqüentemente, sem perspectivas que alimente o Açude do Cedro, que está com dificuldade até para o abastecimento na cidade de Quixadá.

Uma das alternativas para suprir essa demanda é através da rede adutora do Pedras Brancas , que hoje está com 27,5% de sua capacidade. Conta com 95% do volume máximo que permite no Cedro. Porém , a problemática está no bombeamento para a estação de distribuição. A tubulação não agüenta o aumento da vazão suficiente para suprir o fornecimento interrompido . Por causa disso houve desabastecimento de águas , onde são realizadas manobras técnicas para assistência por bairro na cidade de Quixadá, no qual um setor recebe água e outro tem corte sendo abastecido por carro – pipa. Até o momento em que implantar uma nova rede . Com isso o chefe executivo municipal solicitou empenho dos órgãos responsáveis com a garantia do governo do Estado da duplicação da adutora o mais rápido possível . Medidas estão sendo tomadas.

O Açude do Cedro necessita urgentemente de medidas cabíveis para a sua salvação , tanto por parte do governo como pela população.

Ainda que exista o projeto “Água e Cidadania – Escassez á sustentabilidade patrocinado pela Petrobrás para salvar o maior rio alimentador do Cedro, o rio Sitia , que visa almejar a construção de cisternas de placas , o reaproveitamento de garrafas plásticas, etc.Porém ainda existem ações que contrariam as atividades de conscientização ecológica. Por causa disso no dia 05/09/2008, houve um protesto em Quixadá através da manifestação de ambientalistas e estudantes contra a obra do capeamento da via de acesso que degrada e desfigura um trecho de um pouco mais de 1,5 cm a área do portal – arco de alvenaria ao reservatório.Na luta da preservação das árvores seculares exigem a utilização de paralelepípedos no terreno.

Segundo Osvaldo Andrade , em apoio a reclamação da falta de transparências nas obras públicas , afirma que a gestão participativa está apenas no papel.

Outro problema a ressaltar é que foi noticiado que serão construídos novos açudes no estado do Ceará até os meados de 2010.

Nessa perspectiva fica a crítica sobre o descaso em que todos apresentam em relação ao Açude do Cedro, pois um patrimônio histórico não pode ser abandonado.

Referências Bibliográficas:

COSTA, João Eudes Cavalcante; Retalhos da história de Quixadá ; São Paulo, SP; ABC Editora ; 2002.

CAMPOS, Eduardo; A viuvez do verde ; ensaio. Fortaleza, Imprensa oficial do Ceará , 1983; 162pags

www.dnocs.br

www.diariodonordeste.globo.com

www.tvcomunitariaaf.com.br

www.opovo.com.br

www.ipce.ce.gov.br

www.sustentável.inf.br

www.quixadá.ce.gov.br

www.cidadesdobrasil.com.br

Lucilene Nobre
Enviado por Lucilene Nobre em 01/07/2021
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