Sobre Stallin copia

A Cidade Eterna

No final da tarde de 14 de junho de 1930 Plinio Salgado viveu o encontro mais importante de sua vida. Havia algumas nuvens no ceu, em Roma mas fazia calor e não havia sinal de chuva.Os termômetros chegaram a bater 31ºC no meio da tarde. Era dia claro ainda ás 18 horas; o sol só iria se por quase ás 21h ele estava ansioso, plinio. Apenas a sala em que entrou já causava impressão. Dezoito metros de comprimento , quinza de largura, num canto uma larga mesa de madeira sólida cuidadosamente talhada, com um elegante abejur art déco no meio. Nas paredes, afrescos de cinco séculos cobrindo toda superfície e uma lareira imponente, e o chão marcado por um mosaico de motivos gregos em pedra tão bem lustrada que chegava a brilhar. Cinco janelas davam para a praça em frente, a do centro abrindo para uma sacada. O ocupante daquela sala fazia muito uso da estreita varanda para discursos intensos, marcados por gestos fortes, ampliados por microfones de radio e cinema. No momento em que entraram , o sol iluminava o ambiente através dos vidros..ra a sala mais importante do palácio construído por um papa renascentista, a oito minutos de caminhada até o Pantheon. O Nascido e criado para emanar poder, o papa rico papa nobre

A sala mantinha-se intocada, restaurada com a mesma aparência dos tempos de Paulo II. Mesmo o mapa, marco de uma era antes de a Reforma destruir o poder que a Igreja manteve sobre todo continente durante dez séculos. Um papa morto onze anos antes de colombo descobrir a América e tudo mudar – incluindo o mapa. Uma sala afinal adequada ás ambições de seu novo inquilino. Pois os esperando, com simpatia, estava Il Duce, quadragésimo e mais jovem primeiro ministro da história italiana, Benito Mussolini

O premiê estava sentado à mesa quando o pequeno grupo entrou. Vestia paletó cinza e calças amarelas. Levantou-se pronto e rumou em sua direção. “Sejam bem vindos amigos brasileiros’, disse. À frente do trio, Plínio estava ansioso. Todos lhe disseram que o encontro seria difícil de marcar. O embaixador brasileiro, Oscar de Teffé, irmão da viúva de um ex presidente, já o alertara.

Jornalistas às vezes esperavam meses por uma entrevista. Entre as maiores estrelas políticas europeias, o Duce era um homem ocupado. E Plínio era um jornalista feito político. Como, aliás, Mussolini.

O assessor de imprensa do premiê, Lando Ferretti, confirmara que seria difícil. Mas aí veio um encaixe, só quinze minutos de duração, às dezoito horas, combinado na manhã do mesmo dia. Um dirigir-se apressado ao Palazzo Venezia. “tinha certeza que teria, na minha frente dois braços cruzados numa estátua de atleta,” escreveria mais tarde o brasileiro. “A catadura fechada do ditador.” Estava a dias de completar 47 anos. Mussolini. Não era alto, mas era imponente Tinha um queixo viril. Descreveu naquele tempo um parlamentar japonês. Impressionava pela tez, pela cabeça grande, os olhos de um azul muito intenso eram constantemente mencionados por todos que o encontravam. Nas conversas pessoais observava fixo enquanto ouvia. Quando falava , comentou de ideias, porém tinha o habito de virar os olhos olhando para o teto ou para o nada Plínio o achava emotivo e muito bem informado sobre o Brasil. E bem informado parecia mesmo estar. O chanceler comentou brevemente sobre o governo de Washington Luiz e lodo se meteu em uma conversa sobre teoria política. Agitado Plínio falava muito. Estava fascinado pela Itália, lera muitos artigos do Duce e buscava comparações com o momento brasileiro “Constatei que o prestígio do fascismo vem, em grande parte do primado que deu à inteligência viva e ágil ,

Pedro Doria
Enviado por YEDA FERREIRA em 29/06/2021
Código do texto: T7289433
Classificação de conteúdo: seguro