O que acontece com a República? - parte 2

Pois bem, essa pergunta não quer calar: Como vai a república? O ideal republicano moderno surgiu fruto das ações populares nos EUA e na França já em fins do século XVIII, naquele, geando a independência da Inglaterra, neste rompendo com a monarquia. Em ambos os casos, percebe-se forte influência dos ideais iluministas que contaminaram inúmeros povos, sobretudo na América, e posteriormente na Europa.

Nos dois casos citados, vemos que o ideal republicano não gerou só uma transformação no exercício do poder. Trouxe consigo graves comoções internas, culminando em guerras internas e externas. No caso dos EUA gerou a maior guerra que o continente americano viu, a Guerra de Secessão, vencida pelos Estados do Norte, a União, contra os confederados, os Estados do Sul.

Igualmente na Europa surgiu uma guerra, as guerras revolucionárias, seguidas pelas guerras napoleônicas., já que a transformação social vivida na França poderia, segundo alguns, contaminar todo o continente. O interesse crescente dos republicanos de levar seus ideais a todos os países acarretou nessas guerras.

Aliás, é importante frisar que os ideais iluministas também se alastraram pela América latina e foi responsável pelos movimentos de independência na América espanhola. Já no caso do Brasil, a iminente invasão de Portugal por Napoleão trouxe uma oportunidade única para um país Americano. O Brasil passa a ser a sede da coroa portuguesa e a estabilidade do país é preservada, já que o rei de Portugal vem para o Brasil e aqui continua o governo português, livre (diferente do que ocorreu com Holanda, Espanha e demais Estados europeus). Destaque-se, aliás, que, ao contrário do que dizem os livros de história atual, que denigrem a monarquia portuguesa e brasileira, essa jogada política do rei de Portugal visava manter a independência do Reino de Portugal, Algarves e Brasil (novo nome do reino português). Aliás, Napoleão afirmou em certa passagem que Dom João VI, rei de Portugal na época, foi o único que conseguiu enganá-lo. Foi na invasão de Portugal que começa a derrocada do imperador francês. Não foi uma fuga, foi uma estratégia política.

Expliquemos: a decisão do rei de Portugal de sacrificar parte do território português, para, enquanto a luta continuava, preservar a independência do país, mostra uma sagacidade, visão política, capacidade administrativa que poucos têm. Essa atitude culmina com a independência do Brasil sem o derramamento de sangue, diferente do que ocorreu nos demais países americanos, todos eles nascendo sob a égide da República. Inclua-se aqui, os EUA. Aliás, o surgimento do Brasil como nação independente no cenário mundial faz surgir também uma potência que viveria os próximos anos numa crescente de importância no cenário mundial, sobretudo sob o reinado de Dom Pedro II, um líder reconhecido até hoje pela sua sabedoria.

Ora, isso só foi possível pois o país tinha estabilidade na liderança do Estado. Mesmo havendo o jogo político entre as diversas forças no país, a estabilidade da nação existia, pois os valores defendidos por seu líder eram preservados. Todos sabiam o que ele pensava e como ele agia. A disputa política não o atingia e não atingia à estabilidade do país.

É evidente que a explicação dos fatos históricos aqui foram bastante sucintos. Apenas foi uma breve exposição dos fatos. No entanto, fica uma pergunta, por que a República não é capaz de trazer a mesma estabilidade da monarquia? Como vai a República?