CENSO OU CONTRA SENSO?
 
O Brasil caiu do 8% lugar que ocupava entre as maiores economias do planeta para 12% nos últimos anos.A inflação atual já passa dos 6% ao ano. É a maior do Plano Real. O índice de desemprego, que já passou dos 15% por cento, é o maior dos últimos tempos; o índice de pobreza absoluta, que havia caído bastante nos primeiros anos deste século, voltou a crescer exponencialmente, fazendo o país regredir tristemente nesse quesito. O PIB recuou, nestes dois últimos anos cerca de 6%. No conceito internacional, nosso prestígio está sensivelmente abalado. Além de tudo isso, já passamos de 400 mil mortes pela pandemia do Covid 19, sem saber quantas mais ainda teremos que contabilizar. Se a verdade se mede pelos resultados bons que uma estratégia, plano ou ação consegue obter, não há como atribuir qualquer mérito ao atual governo. Resultados mais catastróficos do que esses são difíceis de recensear na história recente do país.
Aliás, falando em recenseamento e em resultados práticos de uma administração, é possível entender por que o governo cancelou o censo que deveria ser feito este ano. O censo é como uma fotografia atual do país. Se ele fosse feito hoje, mostraria um Brasil macilento, enfraquecido, doente e dividido por uma febre malsã, que mais que o Covid 19, que mata por asfixia, está drenando o bom senso dos brasileiros, que só conseguem olhar para um lado: direita ou esquerda.
Quer dizer: se ele fosse realizado hoje, o que sairia na fotografia seria uma imagem bem constrangedora para o governo Bolsonaro, que certamente não serviria para alavancar sua reeleição no ano que vem. Mais que isso, colocaria nas mãos da oposição esquerdopata  uma arma mortal contra as pretensões do atual presidente.
Creio que foi mais por isso que o censo foi cancelado. A justificativa de que falta dinheiro para realizá-lo é pífia e não convence ninguém. O dinheiro gasto em propaganda pelo governo custa muito mais do que se gastaria na execução desse programa.
Por outro lado, não há como orientar uma administração sem informações atualizadas das condições sociais, sanitárias e econômicas do país, sem saber quantos somos, como vivemos e do que realmente precisamos. O atual governo, inchado de militares que se dizem grandes entendidos em estratégia está descurando exatamente da maior fonte de informações que um governo pode ter para orientar um plano de governo. Que diabos de estrategistas são esses que lhe aconselharam esse contra senso?
O recenseamento é uma espécie de GPS que serve para orientar o melhor caminho a seguir para se chegar a um bom resultado em termos de políticas públicas. Sem esse guia, o país, que já está bem desorientado, perderá fatalmente o rumo. Com isso, um governo cheio de boas ideias e interessantes estratégias de crescimento para a nossa economia, passará à História como mais um rotundo fracasso.