O PAÍS DAS CPIs.
 
Aí vem mais uma CPI. O Brasil é o país das CPIs. Já sabemos como elas terminam. CPIs, como o próprio nome indica (Comissão Parlamentar de Inquérito) é uma investigação feita pelo Poder Legislativo com a intenção de apurar atos de um dos três poderes, que implique em violação das regras basilares que devem nortear a boa administração de um país. No caso, a presente CPI tem por fulcro investigar se o Governo Federal falhou na administração da crise sanitária instalada com a pandemia do Covid  19 e se alguns governadores e prefeitos, por seu turno, se aproveitaram da crise para desviar recursos público em proveito próprio.
Não acredito que se apure nem uma coisa nem outra. Ou por outra, poder-se-á apurar sim que ambas as situações ocorreram, porque as evidências, tanto em um quanto em outro caso são óbvias, mas nada se fará a respeito porque o que se quer mesmo, em ambos os lados, é ferir o adversário para deixá-lo enfraquecido para as eleições do ano que vem.
Não se precisaria ir muito longe para apurar a responsabilidade do presidente Bolsonaro na tragédia sanitária que estamos vivendo. Quando o vírus chegou ao Brasil ele já havia devastado a maioria dos países europeus e a própria China, seu país de origem. Todo mundo sabia que ele chegaria fatalmente por aqui. Mas Bolsonaro tratou do problema como se ele fosse de somenos importância. E nem quando o bicho começou a pegar feio ele se deu conta do tamanho da bucha que tinha nas mãos. Não traçou um plano para combater a pandemia nem deixou seu ministro da saúde, Mandeta, fazê-lo. Ao contrário, boicotou o trabalho dele, por inveja, ciúme e egocentrismo, porque o ministro estava aparecendo demais. E para piorar o quadro, colocou no lugar dele, depois de uma malograda experiência com Nelson Teich, (outro que se recusou a rezar pela sua cartilha), um general que, em termos de saúde pública, era jejuno.
Quatro ministros da saúde em meio de uma crise dessa magnitude já diz tudo. A responsabilidade de Bolsonaro nessa tragédia é patente, assim como também parece claro que alguns governadores e prefeitos não são inocentes com relação às suspeitas de que andaram aproveitando a pandemia para desviarem recursos em proveito próprio. No Rio de Janeiro, o governador já dançou. Se a coisa for séria ele não será o único. No fim, a culpa por esse descalabro poderá ficar com o STF, que, diga-se a bem verdade, mete o nariz em tudo. Pelo menos é o que os dois outros poderes reclamam. Só se esquecem que o STF só se pronuncia quando é provocado. Sem interpelação ele não pode dizer nada. Se cada um dos poderes fizesse o seu trabalho quietinho, com eficiência e zelo, como se espera que façam, as coisas não teriam chegado ao descalabro que chegou. Mas culpar os outros pela própria desídia é mais fácil.