ELEITOS DE FORMA PRECÁRIA
De acordo com minhas observações empíricas numa cidade pequena, um vereador eleito gasta em torno de 30 a 80 mil reais, mais ou menos, numa campanha eleitoral; e, ditas a boca pequena, a última cartada do candidato é oferecer um agrado ao eleitor.
“...a compra de votos tem um limite...uma autoridade eleita não tem como ficar pagando o voto pro eleitor todos os meses... Vereadores de pequenas cidades do Brasil passam baixo... sei que a dificuldade financeira está precária desde 2016, tem vereador eleito que já está morto de arrependido. As necessidades da população pobre tá grande...”
Muitos desses conseguem se adaptar ao sistema e vão levando algumas reeleições aplicando a estratégia da famosa barrigada, de vez em quando promovendo um movimento de massa, popular, ou quando não, tem um bom contato numa especialidade médica que lhe garante quatro ou cinco consultas por mês, e vão trabalhando esse capital político. Mas o pobre povo a cada dia fica mais carente e sem condições; chega um momento em que as expectativas se estreitam a ponto de não haver mais saída, onde até a fonte que jorra do vereador não existirá mais.
Não que vereadores não tenham utilidade, têm...Eles representam a vontade popular num ambiente parlamentar onde o povo pode participar das discussões como ouvintes e depois cobrar o vereador. Muitas coisas importantes são tratadas numa câmara de vereadores, muito mais teria se o povo fosse participativo, não pra pedir um cadim, mas para exigir que se dê condições de dignidade aos pobres trabalhadores que os elegeram.
Sem a presença do povo organizado numa câmara de vereadores o mandato é sustentado de forma precária ideologicamente e moralmente.