O primeiro-ministro espanhol contorna o Marrocos nas visitas a África

Os jornais veiculam notícias sobre a "ausência" na agenda dos políticos de Madrid, o Marrocos; a primeira razão é ligada ao adiamento da cimeira extraordinária entre Marrocos e Espanha, situação ensombrada devido ás relações entre os dois países, agravada num momento em que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez vai decidir, nesta semana, uma série de visitas ao estrangeiro, envolvendo os dois países africanos, Angola e Senegal.

Após uma hesitação devido  ao estado de emergência sanitária, a actividade diplomática foi retomada segundo o Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol, cujo  Primeiro-Ministro socialista espanhol, Pedro Sanchez realiza uma viagem de trabalho para a África, o primeiro do gênero, começando pela Angola.

Tendo em vista que Sr Sanchez realiza  visitas aos países africanos e asiáticos durante esta  viagem, sem portanto  decidir nenhuma visita a Marrocos, o vizinho do sul com quem compartilha uma série de questões, das quais a questão da imigração e a segurança regional.

A Espanha é o principal parceiro comercial de Rabat. O Marrocos é o primeiro cliente da Espanha fora da União Europeia, depois dos Estados Unidos, cujos marroquinos formam a maior comunidade da Espanha,  aproximando-se a um milhão de pessoas, além da maior rede do Instituto Cervantes.

Os turistas espanhóis são o segundo cliente do Marrocos, depois dos franceses. Em 2018, 900.000 turistas marroquinos viajaram à Espanha, enquanto o Reino do Marrocos acolheu 700.000 espanhóis. Antes de 2018, cerca de 5.000 mulheres marroquinas costumavam cruzar o estreito para colher morangos.

Sobre as visitas de Sanchez, contornando Rabat, o analista político Nawfal Al-Ba'mari esclareceu que o assunto não significa  a indiferença  ou a marginalização,  o Marrocos desempenha uma posição essencial do ponto de vista diplomático e não pode ser contornado ou ultrapassado na região, uma vez que ele é considerado  como a porta da entrada principal e porta de saída da África. 

Por isso, conforme os jornais de Marrocos tal fato não pode ser qualificado de avassalador ou marginalizador do Marrocos. Pelo contrário, ele pode ser relacionado com outros aspectos diplomáticos, envolvendo algumas questões sensíveis entre os dois países, a serem aprofundadas no debate diplomático, quanto aos recentes acontecimentos positivos  nas regiões  do sul do Marrocos. 

O pesquisador universitário, Al-Ba'mari considera que “o Saara obriga a Espanha a lidar de forma diferente com estes acontecimentos,  amadurecendo a sua posição no conflito como um todo e da região,  tornando-se um zelo diplomático, podendo mudar a postura clássica da Espanha sobre o conflito, refletindo  sobre as várias dinâmicas lançadas pelo Marrocos, em termos diplomáticos."

Finalmente o jornal eletrônico Hespress sublinhou que “o que Marrocos e Espanha precisam é envolver numa linha directa e estratégica entre os dois países, devido ao papel histórico da Espanha no conflito e na região,  abrindo juntos um diálogo sobre o futuro de sua relação com respeito aos interesses vitais de cada país. "

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 07/04/2021
Reeditado em 07/04/2021
Código do texto: T7226211
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