31 DE MARÇO - O DIA T

31 DE MARÇO - O DIA T

VALÉRIA GUERRA REITER

De forma representativa e participativa há que se desenhar um outro momento político para o país. Um país que rascunha formas de comemoração que exaltam a morte.

Institucionalizaram um dia T no Brasil? A tortura é comemorada?

A História não pode ser manchada, a "marca" do dia 31 de março é indelével, e este ano o efeito é duplo: o inapagável dia caiu em uma quinta-feira santa.

Vivemos sob um regime fantasiado de democracia e república, que nasceu no quintal de um fisiocrata vestido de filósofo. Foi engendrado um novo golpe, (mais um) que se consolida, apesar do coma.

E tal golpe passou para o sangue dos "verdinhos e amarelos'': estes homens e mulheres que deixaram cair a máscara que escondia seu perfil ideologizado de extremistas. O macabro é ver as pessoas morrendo, em primeiro lugar por falta de alteridade. A alteridade coloca o ser humano no centro, e a sindemia/hostilidade/tortura pode extinguir a vida.

Será que cinquenta e sete milhões de brasileiros votaram na tortura? ferindo a Constituição, sem saber disso. Será que este número expressivo da população não aprendeu nos bancos escolares que houve uma ditadura militar selvagem no país do futebol e do carnaval: que gerou tortura e morte.

Por 21 anos, o regime foi responsável por práticas cruéis de tortura, assassinatos e desaparecimentos políticos.

"Até o final de 1968, ano do AI-5, a tortura ainda não tinha se tornado praxe nos cárceres brasileiros. "Ela já começava a ser praticada, mas não com a frequência do final dos anos 60 e começo dos 70", diz o historiador Jorge Ferreira, da Universidade Federal Fluminense.

Entre 1964 e 1968, foram torturados e mortos 34 opositores do regime. Sabe-se até quem foi o primeiro torturado: o líder comunista pernambucano Gregório Bezerra, que no dia 2 de abril foi preso, arrastado pelas ruas de Recife, amarrado em um jipe e depois espancado por um oficial do Exército com uma barra de ferro.

Os militares governaram o Brasil por 21 anos, de 1964 a 1985. Durante esse período, muitas pessoas foram torturadas, assassinadas e também desapareceram. A Comissão Nacional da Verdade, fundada em 2011 pela ex-presidenta Dilma Rousseff, foi criada com o objetivo de investigar as graves violações de direitos humanos ocorridas na época.

Em 2014, um relatório final foi divulgado que listou o nome de pessoas que foram mortas ou desaparecidas durante o regime. 191 assassinadas e 243 desaparecidas — ou seja, 434 pessoas no total. Segundo a organização internacional não governamental de direitos humanos, a Human Rights Watch, aproximadamente 20 mil pessoas foram torturadas no período brasileiro.

O documento consolidado pela Comissão da Verdade foi redigido por seis comissários que afirmaram que os crimes cometidos no período, como assassinatos, a prática da tortura, desaparecimentos políticos e ocultação de cadáveres foram "crimes contra a humanidade" e alegaram que os atos fizeram parte de uma “política" que durou todos os anos da ditadura. Os números, segundo o coordenador da Comissão, Pedro Dallari, ainda não são definitivos e podem aumentar.

#DITADURANUNCAMAIS

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 31/03/2021
Código do texto: T7220337
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.