Questões de Lógica aplicadas à Política I
Analise a argumentação:
Hitler sempre fala mentiras.
Hitler disse que vacinas contra o Covid são eficazes.
Logo, as vacinas contra o Covid não são eficazes.
Este argumentação é falsa. É fácil notar quando colocamos uma figura histórica e manjada como sujeito, denunciando a piada.
Observando a argumentação utilizada nas discussões política vemos coisas parecidas com esta. Exemplo:
Fulano de tal é militante de tal partido.
(supondo que militantes de tal partido mentem e manipulam)
Fulano disse que no Brasil existe racismo.
Logo, não existe racismo no Brasil.
Este tipo de argumento serve para desqualificar quem fala como forma de contestar o que esta sendo dito. É falacioso, pois se o argumento dado pelo adversário é coerente, a qualificação do adversário não pode ser utilizado como argumento:
a) A qualificação dele não tem a ver com o assunto tratado. A ignorância do mesmo sobre o assunto é melhor demostrada por seu conhecimento e capacidade lógica. No argumento apresentado em si.
b) Que um argumento logicamente construído não depende da qualificação de outros para ser validado, valida-se por si mesmo.
c) A desqualificação do adversário também precisa ser provada, mas ainda sim não implicaria não validade do argumento apresentado.
> Desenvolvendo outros problemas lógicos
Hitler sempre fala mentiras.
Hitler disse que vacinas contra o Covid são eficazes.
Logo, as vacinas contra o Covid não são eficazes.
Imaginamos que aquele que sempre fala mentiras como no exemplo dado afirme então que vacinas são eficazes. Isto me permitiria concluir que logo as vacinas não são eficazes?
Primeiro, a preposição de que o sujeito sempre fala mentiras precisa ser provada.
Segundo, a eficácia da vacina não possui relação causal com o fato do sujeito mentir ou não. Tanto que ele poderia inventar tal coisa e por coincidência ser verdade.
Terceiro, sabemos pelos fatos que as vacinas funcionam ( temos mais provas disto do que provas de que o sujeito sempre mente), de forma que tal fato mostraria que a afirmação "Hitler sempre fala mentiras" seria contestada.
> Caso mais comum
Fulano de tal é militante de tal partido
(supondo que militantes de tal partido sempre mentem e manipulam)
Fulano disse que no Brasil existe racismo.
Logo, não existe racismo no Brasil.
A primeira preposição pode ser verdadeira, mas o que decorre dela em termos de atributos precisa ser provado: sempre mentem e manipulam.
O fato de um indivíduo afirmar que existe racismo no Brasil não prova nem que sim nem que não. Faltariam ele apresentar os argumentos e provas disto.
Não há elementos suficientes para concluir, nem do ponto de vista lógico nem dos fatos.
O que geralmente vejo é que antes do indivíduo possa apresentar estas provas, o oponente o desqualifica e tenta impedir o debate quando sabe que não terá elementos suficientes para rebate-lo.
> O caso "Bolsonaro é genocida"
. "Genocídio é o extermínio deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sociopolíticas."
. Muitas pessoas estão morrendo por Covid 19 por causa da política sanitária e deliberada e omissiva de Bolsonaro.
. Logo, Bolsonaro é um genocida.
A primeira preposição é uma das definições que precisam antes de tudo ser aprofundada conceitualmente antes de qualquer discussão.
Definição da ONU:
"Artigo II - Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:
(a) assassinato de membros do grupo;
b) dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
(c) sujeição intencional do grupo a condições de vida pensadas para provocar sua destruição física total ou parcial;
(d medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
(e) transferência à força de crianças do grupo para outro grupo."
A segunda preposição é mais consistente, pois se apoiam em muitos fatos. Pode ser refutada, caso alguém encontre fatos contrários ou negue as relações existente entre política sanitária do governo e as consequências.
A conclusão não pode ser validada, pois a qualificação dos fatos da segunda (ainda que comprovados) pode não se encaixar na definição prévia do que seria genocídio.
Aí vem o truque! O adversário contesta a definição para tirar o foco da segunda preposição que é muito mais difícil e trabalhosa para se contestar.
> Antes que concluam que defendo Bolsonaro
Se não deturpo a lógica para atacar um adversário,
Logo defendo meu adversário.
O que esta suposto:
Que preciso passar por cima do que acho certo para defender outra coisa que acho certo.
Que oposição às ideias de alguém é necessariamente feita por meio de formas desonestas. Se eu não as utilizo é por que não quero rebater meu adversário, logo estou a favor dele.