ORDEM NO CAOS
 
Quando se pretende construir uma casa, normal é procurar um arquiteto, ou engenheiro civil para projetá-la, e depois um bom pedreiro para construí-la. Tratando-se de mobiliá-la, o que se requer é um marceneiro ou carpinteiro competente para fazer os móveis. Se o problema for jurídico procuramos um bom advogado; se a questão envolve assuntos de economia, contabilidade, investimentos, etc., contrata-se um bom economista, contador, ou alguém do ramo. Em se tratando de saúde, quem sabe das coisas é um médico, considerando ainda que cada um tem a sua especialidade.
Essa seria a atitude comum de qualquer mortal que se guia por um mínimo de racionalidade. Mas não parece ser o pensamento do nosso presidente. Em meio à maior crise de saúde da história do país ele já trocou quatro ministros da saúde e não deu, até agora, nenhum sinal de que esse problema será tratado, por ele, com alguma racionalidade no futuro.
Tudo bem. Alguém poderá dizer que a saúde não precisa, obrigatoriamente, ser administrada por um profissional da área. Pode ser. Dizem até que um dos melhores ministros da saúde que o país já teve foi José Serra, que era economista.  
Há controvérsias e neste caso, o argumento não se aplica. A grande verdade é que o presidente se colocou na contra mão da ciência e tratou o caso como se ele fosse exclusivamente político. Sua insistência em negar a periculosidade do vírus, posando inclusive como médico, receitando medicamentos sem comprovação científica de eficácia, levou boa parte da população brasileira a ignorar a devastação que ele poderia causar. Deu no que deu.
Quando o vírus aportou no Brasil tínhamos um ministro da saúde, que pelo menos era do ramo e tinha um plano para combater a pandemia. O ciúme do presidente (o Mandeta estava aparecendo demais) e o medo de que ele acabasse assumindo um protagonismo capaz de torná-lo um adversário perigoso nas próximas eleições fez com que Bolsonaro o demitisse e entregasse, após o breve intervalo de Nelson Teich na pasta, o comando da saúde a um general.
Nada contra o Pazuello, mas entregar uma pasta dessas, num momento como esse, a alguém que não é do ramo, é, no mínimo, uma tremenda irresponsabilidade. Votei em Bolsonaro e gosto das suas iniciativas no campo da economia. Mas não posso isentá-lo de culpa na crise sanitária que estamos vivendo. Pois quando o ego e a ambição superam a razão, o que sobra é o caos do desgoverno. E é essa a visão que o seu governo está me passando. Parece que agora o presidente acordou e está procurando mudar sua postura errática e chauvinista. Espero que o novo ministro consiga colocar um pouco de ordem nesse caos. Senão, o futuro que nos espera poderá ser mais sombrio do que aquele imaginado pelos filmes que a Netflix tem nos mostrado sobre o assunto.