A MORTE MANDA RECADOS
A MORTE MANDA RECADOS
Carlos Roberto Martins de Souza
O valentão lá da roça foi morto com a própria arma, num descuido, a espingarda foi leiloada, pois todos queriam o troféu. A morte transforma adversários e inimigos políticos em bonzinhos, mas as flores no velório não mentem jamais. Que a Lava Jato morreu, não resta dúvida, inclusive com o seu "deus" Moro, o sagrado Diviníssimo Juiz. Este foi até embalsamado, pois há expectativas enormes de um milagre, uma ressurreição em 2022, num ritual de Farra dos Votos. A morte foi de falência múltipla de órgãos, uma morte lenta, sofrida, pois desde 2018 ela estava ligada aos respiradores da imoralidade jurídica, tomando medicamentos de origens duvidosas, sendo acompanhada por profissionais incompetentes e mancomunados com Laboratórios da Criminalidade. A morte ocorreu no HCC - Hospício de Canalhas de Curitiba. A receita de PowerPoint passada a paciente pelo Médico Legalista Deltan Dallagnol e sua equipe não surtiram os efeitos desejados, as vacinas de Moralidade tiveram efeitos colaterais, os antibióticos de Justiça eram "placebo", importados dos Laboratórios da Política. Tentaram até sessão de terapia na sala de Delação Premiada. E foi tão premiada que os números vazaram, levando a Dona Operação ao desmaio. Da trama nasceu o Projeto Bozo, um arremedo de molecagem e golpe na democracia. Com apoio da igreja, o novo Capetão do Exército iria emergir das sombras da senhora Lava Jato, do submundo do baixo clero da Câmara Federal, coroado de glórias pela igreja evangélica, onde permaneceu por mais de duas décadas, para disputar e vencer, num jogo sujo, as eleições de 2018. Foi tudo milimetricamente planejado. Caiu sobre nós esta praga, este estorvo, este ignorante. Hoje me lembro do humorístico "Viva o Gordo", dos anos 80. Um general numa UTI, em coma, de vez em quando recobrava os sentidos. Ao ouvir uma história sempre escabrosa, implausível, inacreditável, o general soltava o bordão que se tornou popularíssimo na época: "Me tira o tubo!", indicando que, se tudo estava daquele jeito, era melhor morrer ou continuar inconsciente. E, na semana passada, ao ouvir a manchete no Jornal Nacional numa TV de seu quarto de hospital: "Lava Jato morre e juiz Moro não vai para o céu", ele berra para a enfermeira: "Deixa este tubo quietinho p!". Grande defensor da ditadura, o militar sonha em acordar e ver blindados, soldados e tropas por todos os lados do Brasil. Quando viu o circo armado pelo Moro, pediu para deixar ele onde estava. O Grande Chefão Moro, com uma biografia, até então de HONESTÃO, agora se vê desmascarado, ele e sua Tropa de Choque, ou de Burros, se tornaram campeões no torneio de Tiro no Pé. Era notório que o espetáculo de Curitiba uma hora mostraria a bandalheira que era montada nos bastidores, já nas primeiras operações, para observadores, podia se ver, nos detalhes, que aquilo iria acabar de forma cômica, melancólica e criminosa. O velório começou. Vivemos o clímax que precede ao enterro, o culto fúnebre deverá ter notáveis enganadores evangélicos fazendo a encomendação da alma. Malafaia, do alto da sua pedreira espiritual, vai puxar a fila na base do: "MERMÃO" perdemos a parada". Pelo caixão, que será coberto com a bandeira da Mentira, uma ilha cercada por tubarões da política, habitada por trapaceiros, passarão nomes como, Eduardo Cunha, Aécio Neves, Temer, Sérgio Cabral, Roberto Jeferson, entre outros. O último ato ficará por conta do Cerimonial Presidencial, Bolsonabo fará o discurso final de olho na sua reeleição: "Vivemos uma tragédia anunciada, o nosso "Gabinete do Ódio" está em risco, estamos perdendo tudo, muita gente me deixou, estou estudando mover um processo contra meus apoiadores por "Abandono de incapaz", e agora, lavaram tudo a jato no STF, acho que já vou começar a preparar o nu velório político, do jeito que as coisas andam, não emplaco 22. Talkey?". No fechamento do caixão um coral evangélico irá cantar "Não se vá" a Moro e Lava Jato. Do silêncio do esquife se ouvirá o Herói Curitibano: "Estou partindo porque sei que você já não mais me ama" e "O seu ciúme é o culpado dessa minha desventura". Nas coroas de flores poderão ser lidas mensagens como: "Já vai tarde", "Escreveu não apagou, o pau quebrou", "Aqui se faz, aqui se paga", "Adeus Curitiba", "O último a sair, feche a porta". Apesar do nacionalismo e da sua aparente inteligência, Moro e seu poder de justiceiro durou o quê? A contar de sua ascensão ao Reinado de Curitiba em 2015, à sua derrota, em 2021, cinco anos. Ele foi só topo carregando seu troféu, a Lava Jato, lá de cima, contemplando o horizonte político, esqueceu-se que havia alguém louco para passar o pé na escada e dar aquele tombo. E deu! Com nomes exóticos, a Dona Lava-jato surfava na onda do espetáculo midiático, coisas como:0 “Resta Um”, “Vitória de Pirro”, “Triplo X”. A criatividade por trás dos nomes era algo sui generis, até que numa onda gigante no mar dos Hackers, a prancha da mentira rodou, pegou na cabeça da surfista, foi tão grave que ele foi levada ao Hospital Constitucional, lá foi diagnosticada com o Mal da Mentira, uma doença gravíssima que ataca o sistema nervoso moral, levando a falência múltipla da ética e da honestidade. Quem estivesse desacordado há mais de três anos e lesse no jornal que Bolsonaro quer atacar o "STF", teria toda a razão em se perguntar: mas isso não foi na ditadura? Nada mudou? Deixa o tubo! Um desacordado mais recente iria logo ficar sabendo que mudou o presidente do país e que Bolsonaro foi eleito após várias derrotas da direita. Mas, ao ler os jornais, poderia se assustar: "A gasolina tem aumentos diários", o PIB tem a maior queda nos últimos tempos". "Os salários são os menores dos últimos governos". Mas não era assim o governo petista que Bolsonaro tanto criticava? Tira o Tubo! Deixa o tubo! Há um movimento em curso para que não se enterre, mas que se faça um mausoléu onde ela possa ficar exposta, coisa assim, como Elvis Presley, John Lennon ou como um Ayrton Senna. Ficará na alma do povo. Para todo o sempre! É bom deixar claro que, pelos erros infantis que cometeram, Sérgio Moro e os procuradores de Curitiba ajudaram a cavar a própria sepultura, se lambuzaram todos com a água suja da Lava Jato. Para o velório mandaram levar o corpo para a Capela Fúnebre Congresso Nacional, lá, velada por Deputados e Senadores, ela vai aguardar a liberação do Laudo de Autópsia que será assinado pelos 11 médicos do STF - Sistema de Tratamento de Falcatruas. A se constatar o óbito, ela será enterrada no Cemitério do Esquecimento, os coveiros serão "OS ONZE DE PRETO" da empresa STF, localizada em Brasília. Para fechar a conta e passar a régua, será servido aos presentes miniaturas da "Aguardente 51" e um pacote de torresmo. A Presidência da Republiqueta de Brasília também oferecerá um cartão com a foto de Bolsonaro e o seu texto preferido: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Em alusão às verdades da defunta Lava-jato. Mas cuidado, a cadela da ditadura está sempre no cio, é bom ficar atento! Muitas vezes os poderes de um governo são conhecidos depois que termina. A corrupção não acabou no país. Apenas sumiu do noticiário, hiberna. De juiz justiceiro da mídia golpista a serviçal dos milicianos, Moro e seus copeiros não terão uma saída honrosa. Bolsonaro vai passar, Moro também vai passar, a Lava Jato vai alimentar o humor. Mas o problema é outro, e igualmente grave, o povo precisa aprender a votar!