LAMENTO DE UM VOTO
LAMENTO DE UM VOTO
Sou o sujeito mais conhecido,
Também sou a coisa mais cobiçada.
Nem sempre me fazem o preferido,
Muitas vezes vítima da palhaçada.
Sou o queridinho de candidatos
Seja para que cargo eletivo for.
Eu referendo a eles mandatos,
Muitas vezes de gente sem pudor.
Nem sempre aprovo a escolha,
Mas sou privado de opinião.
Como a garrafa e sua rolha,
Para mim não há sim ou não.
Me fazem cúmplice de crimes,
Me usam como moeda de troca.
Me colocam camisas de seus times,
Me sinto inútil, um grande boboca.
Colocam nomes nos meus ombros,
Muitos deles criminosos pontuais.
Todos formados, criado dos escombros
São manchetes de páginas policiais.
Sou obrigado a carregar a capivara
O prontuário extenso do candidato.
Me fazem co-autor não me livram a cara
Tem corrupção, até crime de peculato.
Gostaria de ter a opção de rejeitar
De fazer valer o valor que me deram.
Antes de naquela famosa urna entrar,
Se aprovo o vexame que me expuseram.
Toda vez que vejo a urna me pergunto,
Triste, frustrado e indignado,
Porque me transformaram num defunto?
Um objeto sem significado.
Quando acaba a farra das eleições,
Começa uma caça terrível às bruxas
O voto é o culpado das frustrações
Eu sempre seguro estas buchas.
Nunca fui valorizado pelo trabalho
Sou apenas um objeto explorado
Faço parte de um triste ato falho
De um regime mal planejado
Meu sonho é um dia no futuro,
Para moralizar a eleição desta gente
Ver o cidadão se sentir seguro
Me fazer um símbolo de um inteligente.
Se souberem escolher o candidato,
Não me sentirei moeda de suborno
Terei muito orgulho do tal mandato,
Já não serei mais um simples corno.
Você vai votar sei disso muito bem
Mas cuidado com sua opção partidária
Dependendo daquilo de você vem
Vou ter que chamar a saúde sanitária.
Urna não é lixo, muito menos um vaso
Lá você decide sua vida seu futuro
Não tenho culpa da cultura do atraso
Não sou papel higiênico de imaturo.
Escolha inteligente me poupa de culpa
Pois o resultado será aceito por todos.
Ninguém vai me usar como desculpa,
Para validar suas burrices e os engodos.