Don't Cry For Me
Relato de um empresário que esteve na Argentina esta semana:
Estive na Argentina para cobrar pendências financeiras, e também para saber sobre o rumo do nosso negócio naquele País. O drama começa na entrada:
Entramos como motoristas, na boléia, senão não teríamos entrado.
Os argentinos estão proibidos de sair e impedidos de circular dentro do próprio país.
Cada cidade possui uma barreira sanitária que impede a entrada de pessoas que não sejam daquela comunidade.
Somente caminhões e automóveis previamente autorizados, num sistema de rodízio, possuem autorização para rodar.
Pessoas só trabalham no sistema de rodízio.
O mais chocante para mim foi entrar numa churrascaria onde havia 10 pessoas comendo e mais de 100 pessoas, inclusive ex-empresários, pois conversei com alguns, na fila para a porta dos fundos para ganhar sobras do restaurante.
Nos açougues havia filas para ganhar pedaços de gordura, ossos e nervos, que os mesmos - em grades improvisadas - colocam fogo embaixo para dar uma tostada naqueles resíduos e comer.
Pessoas roendo ossos como cachorros.
Nas padarias havia poucas pessoas comprando pão e centenas na fila aguardando doações destes poucos que entram para comprar ou os restos da panificadora.
Vou para a Argentina há 22 anos e no começo não acreditava que estivesse um país tão chique e glamouroso como aquele: os cafés e bares com pessoas extremamente elegantes.
Hoje o que se destaca é a miséria total!
Dizem meus parceiros que o índice de pobreza já ultrapassou 50% da população.
O Governo distribui pães nas principais praças em horário determinado.
Simplesmente lamentável!
Acabaram de vez com o País em menos de 1 ano.
Me perguntava, como o sistema é frágil. Quando a roda para de girar ela simplesmente tomba.
Impossível calcular o tempo pra recuperar tamanha tragédia.
O empresário, "hoje" mendigo, que conversei tinha 26 empregados no ramo metalúrgico, pagava aluguel do barracão, prestação do carro e do apartamento que morava. Em 90 dias sem poder trabalhar e com as contas chegando foi obrigado à fechar.
Hoje pede comida na rua para sobreviver. (RL)