Trapalhão empertigado

Um governo é uma enorme organização com milhões de empregados e centenas de divisões, como estatais, ministérios, secretarias, agências reguladoras, autarquias, comissões etc. No Brasil, apenas o governo federal comanda 148 estatais, sem contar as outras 119 empresas que possuem participação do BNDES.

E isso não tem como funcionar bem.

Para começar, o governo, por sua própria natureza, não opera com recursos próprios. O governo é a única organização da economia que obtém suas receitas não por meio da prestação de serviços voluntariamente adquiridos por consumidores, mas sim por meio da tributação — isto é, por meio da coerção dos cidadãos.

Mais: ao contrário de empresas privadas, as receitas do governo independem da qualidade dos serviços prestados.

Consequentemente, o governo não está sujeito às demandas dos consumidores. Não há "soberania do consumidor" no que diz respeito ao governo. Suas receitas são garantidas. Com receitas garantidas, o governo não está sujeito aos mecanismos de lucros e prejuízos do mercado. O governo não tem de se preocupar com prejuízos ou risco de falência; seus funcionários não precisam servir a ninguém senão a si próprios.

O "consumidor" dos serviços do governo não escolhe entre vários fornecedores, direcionando seu dinheiro para aquela empresa que fornece os melhores produtos aos melhores preços. Ao contrário: com o governo, o consumidor paga compulsoriamente por tudo, goste ele ou não do serviço.

O setor público é um setor que, por pura lógica econômica, sempre funciona às escuras, sem ter a mínima ideia do que faz, e sempre tendo de fingir que está fazendo tudo certo.

Esta é uma realidade inevitável. Não se trata de ideologia; é pura ciência econômica. (Instituto Mises Brasil)

Gary Burton
Enviado por Gary Burton em 23/02/2021
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