RATINHO TEM A SOLUÇÃO PARA O BRASIL
O apresentador e empresário Carlos Massa, vulgo “Ratinho”, talvez empolgado com sua recente amizade com o atual inquilino do Planalto (estiveram juntos em uma pescaria há pouco tempo) resolveu atacar a democracia e defender uma intervenção militar. Usando o microfone de sua própria emissora de rádio (que não deixa de ser uma concessão pública) falou, entre outras coisas, que “em Singapura entrou um general, consertou o país e, um ano depois, fez eleições. Mas primeiro consertou, chamou todos os denunciados e disse: ‘vocês têm 24 horas para deixar o país ou serão fuzilados’. Limpou Singapura.” E completou: “os homens do botão dourado têm que voltar para por ordem na casa”. Além de antidemocrático, Ratinho, em sua habitual ignorância, mostrou não conhecer a história de Singapura. O líder do país ao qual ele se refere, Lee Kuan Yew, não era general e sim advogado, formado em Cambridge. Como primeiro-ministro, ficou 30 anos no poder e é considerado o responsável por transformar um país pobre e carente de recursos naturais em um importante centro comercial e financeiro. Mas isto não aconteceu em um ano e sim ao longo de décadas, com investimentos em educação, habitação e saúde (bem diferente do que os “homens do botão dourado” fizeram no Brasil). Tudo isso aliado a um forte controle da vida privada dos cidadãos, como a proibição de mascar chicletes e de abraços dados em público, e limites à liberdade de expressão e de imprensa. Também processou meios de comunicação que não concordavam com ele (alguma semelhança com o Brasil de 2020?), prendeu jornalistas e opositores sem julgamento e instituiu o uso de chibatadas em prisões, escolas e reformatórios. Seria esse o Brasil sonhado por Ratinho? Além da incoerência em tentar comparar uma ilha de 700km2 e cinco milhões de habitantes com um país do tamanho do Brasil, o pequeno Rato ainda nos deixou algumas dúvidas: quem seria o impoluto e destemido general que “limparia” o Brasil? Ou seria um ex-capitão? E os denunciados a serem fuzilados, quais seriam? Arthur Lira estaria na lista? Flávio Bolsonaro? Temer? Gedel? O senador que usou as nádegas como cofre? Caso seja questionado, é provável que Ratinho use a surrada desculpa da “liberdade de expressão”. Ou seja, primeiro ataca a Constituição, depois a usa para se defender. Provavelmente ele não sabe, mas fazer apologia à ditadura militar é crime, previsto em lei. Apesar da repercussão, não devemos esperar questionamentos por parte do governo. O ministro das comunicações, por exemplo, é genro do dono do SBT (Sistema Bolsonarista de Televisão?), a “casa” de Ratinho. Coincidentemente, foi um apresentador da mesma emissora, um certo “Marcão do povo”, quem sugeriu, no ano passado, que os infectados pelo coronavírus fossem colocados em campos de concentração.
Falando em “limpeza”, não seria a hora de “limpar” as emissoras de rádio e TV de certas figuras que, em nome do “entretenimento”, nada fazem de útil, além de enriquecerem explorando a desgraça humana?