Não se fala em outra coisa na mídia senão na prisão do deputado Daniel Silveira. Ele foi preso na última terça feira por ordem de Alexandre de Moraes, em razão de ter publicado um vídeo elogiando o Ato Institucional nº 5 e fazer ameaças aos Ministros do STF.
A prisão do deputado por ordem de um Ministro do Supremo deu início a uma crise institucional, que se não fosse trágica, pelas consequências que desencadeia, seria cômica pelas reações que provoca.
Daniel Silveira é um Brucutu a serviço da ideologia bolsonarista. Sua biografia é a de um bate-pau dos grupos ideológicos que apóiam uma ditadura encabeçada por Bolsonaro. Aliás, seu discurso lembra Ernst Röhm, o chefe da milícia nazista que Hitler mandou executar para acalmar os militares.
É interessante observar como se comportam as pessoas em questões como essa. Parecem mais torcedores de um clube de futebol do que cidadãos preocupados com os destinos do país onde nasceram e vivem. Nos tempos da ditadura militar, o governo mandava prender deputados por conta de opiniões que eles emitiam. Alguns até desapareciam sem deixar rastros. O corpo de Rubens Paiva, por exemplo, nunca foi encontrado. As vozes da esquerda revanchista cobram até hoje um esclarecimento para esse crime cometido pelo regime castrense.
Agora são os militantes da direita raivosa e vingativa que acusam o STF de autoritarismo por mandar prender um deputado ultra direitista que ousou registrar nas redes sociais impropérios e ameaças contra seus membros. E por conta disso fez com que se atirasse no lixo toda a obra intelectual de Montesquieu, expressa na teoria dos freios e contra pesos dos poderes de uma nação. Pois, como se pode falar em poderes complementares e harmônicos em uma situação dessas, em que o Poder Judiciário manda prender um membro do Poder Legislativo por conta de opiniões que emite a seu respeito?
No Brasil tudo se esculhamba, como dizia um personagem do comediante Jô Soares. Montesquieu, se pudesse, estaria se revirando na tumba com a esculhambação que estamos fazendo com a sua teoria. Está certo que o deputado Daniel Silveira está mais para um emissário que os milicianos cariocas mandaram para o Congresso do que para um legítimo representante das aspirações do bom povo do Rio de Janeiro. Mas se ele fosse de esquerda, os defensores dessa linha ideológica estariam acusando o STF de praticar a ideologia da direita. Como ele é da direita radical, são os saudosos da ditadura militar que saem às ruas para defender o Ernst Röhm de Petrópolis para dizer que agora, a ditadura não mais é exercida pela farda, mas pela toga.
Ditadura nenhuma presta, seja qual for o poder, o grupo, ou a pessoa que a exerça. Que nossos magistrados e parlamentares tomem consciência disso. Que cada macaco fique no seu galho. Afinal, são eles que fazem com que o Brasil ainda seja visto lá fora como uma república bananeira.