A NOVA REPÚBLICA

A NOVA REPÚBLICA

Esta pandemia serviu ao povo para esmiuçar e expôr os sonhos macabros de Bolsonaro e sua equipe de soldados. Parece coisa velha, mas os fatos mostram que algo novo está sendo maquinado nos porões da política. Há um projeto em curso, audacioso e perigoso. Na República de Bolsonaro, tem até Ministério da Iniquidade, onde pecado é não mentir, desonestidade é idoneidade, e a política é uma grande farsa, um teatro sem palco, as raízes desse cenário são antigas, de trinta anos pra mais, e remontam ao tempo da ditadura. Na Nova República o Iníquo Mor, o manda chuva do Reino, considerado Messias, lançou até um tributo a Iniquidade, a ordem é espancar, torturar e humilhar a verdade, ela precisa ser silenciada, pois ela é uma ameaça letal à República da Iniquidade, se falar, ela coloca em risco o sonho de muitos, ela é "persona non grata" para os habitantes do reinado. Se achando "Alexandre, o grande" da era moderna, Bolsonaro ataca a democracia como uma inimiga de longa data. É marca registrada da política bolsonariana fragilizar ainda mais aqueles já vulneráveis, ela política de curral, está espalhando pelo Brasil a senzala ideológica, uma nação de escravos da ignorância e da subserviência à mentira. Seguidores e apoiadores assistindo, o Chefe Bolsonaro dar de ombros para a razão, ignorando a ciência e a medicina, a população vai tocando na base do CTRL+C, CTRL+V. Se o líder faz, faremos nos também. Desta forma, passam a descumprir leis, regras e normas porque percebem que não valem muita coisa mesmo. Se o exemplo vem de cima… No Brasil, quem deveria reduzir a atrocidade das desigualdades seria a democracia, no entanto, pelas suas fragilidades, esta distância só aumenta, é o pobre cada vez mais pobre, e o rico cada vez mais escalpelando o pobre para se tornar ainda mais poderoso. Se as ideologias de esquerda se resumem na negação da dimensão religiosa da sociedade, por sua vez, a direita se adapta ao discurso religioso evangélico e o utiliza como parte de suas estratégias para conquistar e se manter no poder. O balcão de negócios na República da Iniquidade tem nome, igreja evangélica, atrás dele, as lideranças estão fazendo qualquer negócio para se manterem aliados do poder constituído. Há uma sede de supremacia evangélica para o Brasil, pelos rumos até aqui tomados, posso afirmar que, embora utópico, o projeto de pais evangélico está em curso. Poucos percebem, mas uma democracia não morre apenas com o uso dos violentos golpes militares, e aí me remeto ao sombrio março de 1964. Ela é sufocada, constrangida, desprezada, para depois ser assassinada num processo lento e doloroso, através de uma violência praticada em prestações, que corrói as instituições com a desculpa de que, quem dá o golpe, quer garantir o funcionamento da República. Deles, óbvio! Há coisas, inclusive, que vão acontecendo sem que a maioria das pessoas percebam. Até no jogo de palavras, ela é milimetricamente articulada, é tudo calculado, e no momento certo, vem o golpe de misericórdia. Aquele sapo deitado no berço esplêndido da vasilha com água fria colocada sobre o fogo, no entusiasmo da música tocada pela orquestra dos loucos, não percebe que algo está errado, que o fim será doloroso e cruel. Embalado pelo conforto fictício do ambiente, ele vai a óbito feliz por ter recebido um tratamento, aos olhos dele, o melhor que já recebeu. Vivemos uma doença perversa e cruel, pior que a pandemia, estamos diante da devastadora infeção moral, uma praga que existe desde que o Brasil é Brasil. Há séculos ela está matando, e ninguém, nenhum cientista ainda foi capaz de descobrir uma vacina com capacidade de imunizar a população, e principalmente os políticos. No meio de tudo isto, para vergonha dos mais responsáveis, temos a religiosidade de formas, mas sem conteúdo, fazendo o papel de enganar sem ser percebida, pois ela oferece soluções mágicas para os desesperados. É uma prática comum e aceitável que divide o mundo entre o bem, Deus, e o mal, o Diabo, mas que não possui nenhum vestígio de sinceridade, não é verdadeira, mas sim, uma doença, o mal maior que alimenta a República da Iniquidade. Se nada for feito, se não houver um levante, em breve, eu e você nos veremos obrigados a prestar continência para "Suas Excelências" até diante da TV, e acordar ao som da corneta e cantando o Hino Nacional em reverência à Nova República. Que Deus nos livre.

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 10/02/2021
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