COMBINANDO COM OS RUSSOS
Garrincha era um extraordinário jogador e também um sujeito folclórico. Tinha o espírito do menino que jamais se tornou adulto. Um dos mais conhecidos “causos” que se conta sobre ele ocorreu quando Vicente Feola, o técnico da seleção brasileira na Copa de 1958, dava instruções para o jogo contra os russos. “ Quando atacarmos, os russos vão fazer uma linha de quatro zagueiros na frente da área. Então o Didi passa para o Garrincha. Ele dribla o lateral e cruza na marca do pênalti para o Vavá, entenderam? ” Todo mundo entendeu, menos o Garrincha, que levantou a mão.“ Fala, Garrincha”, disse o técnico.
“Entendi, professor. Mas isso já foi combinado com os russos?”
Lembrei-me de um sujeito que me falou dos erros que havia cometido com sua filha, de forma que ela foi embora de casa e nunca mais falou com ele. Católico fervoroso, é um sujeito que não perde missa e vive se confessando todo dia.
“Peço todo dia para Deus me perdoar pela besteira que fiz”, disse ele.
“E para sua filha”, perguntei. “Você já pediu perdão?”
Nunca esquecerei a cara com que ele me olhou.
Leibnitz disse que o homem era tão incoerente que inventou um Deus perfeito, imortal, todo-poderoso e ainda assim acha que pode aborrecê-lo com suas travessuras e trapalhadas. Faz besteiras e corre para pedir perdão, como se Ele se fosse alguém que se magoa quando contrariamos a sua suposta vontade (que ninguém nunca soube qual é). Talvez por isso Jesus aconselhou: “acomoda-te com teu adversário enquanto ainda estás a caminho do tribunal, para que não suceda que ele te entregue ao juiz e este te ponha na prisão. Na verdade te digo que não sairás de lá antes de pagares o último quadrante.”
Mas Jesus era um rebelde que pagou com a vida pela quebra dos paradigmas da sua época. Assim todo mundo continua pedindo perdão para Deus e poucos têm a coragem de negociar com o desafeto.
O perdão de Deus talvez seja mais fácil de obter. Antigamente era vendido por bom preço. Quem tinha grana comprava lugar no céu com a maior facilidade. Hoje não é diferente. Deus tem representantes comerciais em cada esquina das nossas cidades.
Agora, difícil é obter o perdão do ofendido. Nesse caso, reza não adianta, mas sim capacidade de negociação. Até o Bolsonaro já entendeu isso e está aprendendo a negociar. Vai até recriar ministérios para ter mais poder de negociação.
Se Deus nos perdoou, só saberemos quando morrermos. Ou não. Mas com os nossos desafetos é fácil saber. Basta computar os resultados. E nisso ele está certo. Verdade é o que dá bom resultado. As duas presidências do Congresso ele já ganhou. Agora é ver se combina com os “russos” e consegue pagar o que nos prometeu para ser eleito.
Garrincha era um extraordinário jogador e também um sujeito folclórico. Tinha o espírito do menino que jamais se tornou adulto. Um dos mais conhecidos “causos” que se conta sobre ele ocorreu quando Vicente Feola, o técnico da seleção brasileira na Copa de 1958, dava instruções para o jogo contra os russos. “ Quando atacarmos, os russos vão fazer uma linha de quatro zagueiros na frente da área. Então o Didi passa para o Garrincha. Ele dribla o lateral e cruza na marca do pênalti para o Vavá, entenderam? ” Todo mundo entendeu, menos o Garrincha, que levantou a mão.“ Fala, Garrincha”, disse o técnico.
“Entendi, professor. Mas isso já foi combinado com os russos?”
Lembrei-me de um sujeito que me falou dos erros que havia cometido com sua filha, de forma que ela foi embora de casa e nunca mais falou com ele. Católico fervoroso, é um sujeito que não perde missa e vive se confessando todo dia.
“Peço todo dia para Deus me perdoar pela besteira que fiz”, disse ele.
“E para sua filha”, perguntei. “Você já pediu perdão?”
Nunca esquecerei a cara com que ele me olhou.
Leibnitz disse que o homem era tão incoerente que inventou um Deus perfeito, imortal, todo-poderoso e ainda assim acha que pode aborrecê-lo com suas travessuras e trapalhadas. Faz besteiras e corre para pedir perdão, como se Ele se fosse alguém que se magoa quando contrariamos a sua suposta vontade (que ninguém nunca soube qual é). Talvez por isso Jesus aconselhou: “acomoda-te com teu adversário enquanto ainda estás a caminho do tribunal, para que não suceda que ele te entregue ao juiz e este te ponha na prisão. Na verdade te digo que não sairás de lá antes de pagares o último quadrante.”
Mas Jesus era um rebelde que pagou com a vida pela quebra dos paradigmas da sua época. Assim todo mundo continua pedindo perdão para Deus e poucos têm a coragem de negociar com o desafeto.
O perdão de Deus talvez seja mais fácil de obter. Antigamente era vendido por bom preço. Quem tinha grana comprava lugar no céu com a maior facilidade. Hoje não é diferente. Deus tem representantes comerciais em cada esquina das nossas cidades.
Agora, difícil é obter o perdão do ofendido. Nesse caso, reza não adianta, mas sim capacidade de negociação. Até o Bolsonaro já entendeu isso e está aprendendo a negociar. Vai até recriar ministérios para ter mais poder de negociação.
Se Deus nos perdoou, só saberemos quando morrermos. Ou não. Mas com os nossos desafetos é fácil saber. Basta computar os resultados. E nisso ele está certo. Verdade é o que dá bom resultado. As duas presidências do Congresso ele já ganhou. Agora é ver se combina com os “russos” e consegue pagar o que nos prometeu para ser eleito.