Tio Arno Preis

Tio Arno Preis.

Quanta saudade!

Infelizmente, meu tio materno Arno Preis nos deixou prematuramente, em 1972.

Depois de estudar nos seminários franciscanos de Luzerna-SC, Rio Negro-PR e Agudos-SP (locais onde eu fui também estudar posteriormente), tio Arno fez o curso de Direito na USP.

Na fervilhante USP dos anos de 1960, tio Arno acabou sendo hipnotizado pelo canto da sereia comunista, se envolvendo com a gangue terrorista de Carlos Marighella, chefe da cruenta Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Na época, era bacana ser comunista.

Carlos Lacerda foi comunista.

Rachel de Queiroz foi comunista.

Olavo de Carvalho foi comunista.

Tio Arno foi sempre um sujeito muito valente, sem medo de nada. Chegou a ser o comandante do Grupo Tático Armado (GTA) da ALN, época em que a organização terrorista cometia assassinatos em assaltos a bancos, a casas d’armas, a supermercados, a pedreiras (para obter explosivos). Em 1968, tio Arno participou do assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí, junto com o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, que era o motorista e guarda-costas de Marighella.

Confira e-mail recebido de Olavo de Carvalho, no dia 12/06/2003:

“Prezado Félix,

Que surpresa, saber que você é sobrinho do Arno! Ele foi meu amigo. Eu gostava muito dele e o admirava. Ele era um homem culto, inteligentíssimo e de uma valentia física notável. Uma vez desarmou e surrou um policial que havia disparado contra ele, bem na frente da Casa do Estudante, em São Paulo (nada de coisa política, foi questão de mulher). Não me parecia ter convicção marxista muito séria – seguia as ordens do Partidão para acompanhar os amigos. Tinha bom coração e era generoso. Cantava trechos de ópera e hinos sacros com uma bela voz de tenor, fazendo duetos impressionantes com João Leonardo da Silva Rocha, barítono. De vez em quando entrava em depressões, bebia e arrumava brigas, mas em geral era bem humorado e tranqüilo. Comigo, sempre foi exemplar. Ele foi uma verdadeira perda para a nossa geração.

Um abração do Olavo de Carvalho”

Tio Arno fez curso de guerrilha em Cuba e, junto com o “Grupo da Ilha” ou “Grupo Primavera” ou “Grupo dos 28”, participou da criação, em 1970, do Movimento de Libertação Popular (Molipo), sob orientação do chefe do Serviço Secreto de Cuba, Manuel Piñero, o “Barbarosa” (Barba Ruiva).

De volta ao Brasil, tio Arno retornou à luta armada junto com o Molipo, ocasião em que o cubano-brasileiro José Dirceu deu para trás, fez plástica de nariz e se escondeu em Cruzeiro do Oeste, PR, com nome falso. A luta armada de tio Arno era contra a ditadura militar, certo, mas não a favor da volta da democracia, porque o modelo para todos os grupos terroristas da época era a ditadura cubana, muito mais feroz do que a brasileira. Depoimentos de antigos terroristas, como Fernando Gabeira, comprovam essa verdade: nenhum grupo terrorista lutava pela volta da democracia.

Todos nossos parentes conheciam as atividades terroristas de tio Arno, pois seu nome havia aparecido na TV. Por sorte, os pais de tio Arno, Edmundo Preis e Paulina Back Preis, nada sabiam.

Infelizmente, veio a má notícia, a morte de tio Arno. Na cidade de Paraíso do Norte, GO (atual Estado do Tocantins), no dia 15/02/1972, tio Arno frequentava um clube pré-carnavalesco, quando foi convidado para ir à Delegacia Policial, por estar portando uma arma. Portando documentos falsos, com o nome de Patrick McBundy Comick, e sabendo que ia ser identificado, tio Arno matou o soldado PM/GO, Luzimar Machado de Oliveira, ferindo gravemente outro militar, Gentil Ferreira Mano. Fugiu para o mato, onde foi caçado e morto com vários tiros.

Assim, foi ceifada prematuramente a vida de tio Arno, aos 37 anos de idade.

Hoje, tio Arno empresta seu nome a locais públicos de Forquilhinha, SC, sua terra natal, assim como de Criciúma, SC, além de Diretórios Acadêmicos.

Se vivo fosse, por sua coragem moral, por seu compromisso com a verdade, tenho certeza de que tio Arno concordaria com Gabeira, de que os grupos terroristas não queriam a volta da democracia, mas uma ditadura sangrenta como a de Cuba.

E que daria graças a Deus de o Brasil não ter caído sob o jugo comunista ou, no mínimo, concordaria também que nosso País poderia estar enfrentando guerrilha contra as “FARB” dos Genoinos e dos Dirceus, à semelhança das FARC da Colômbia, em uma guerra civil com milhões de mortos.

Que Deus tenha misericórdia da alma de tio Arno!

Félix Maier

Brasília, DF, 26/01/2021.

Clique no link abaixo e conheça um pouco da história de tio Arno.

http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/tio-arno-preis-e-os-herdeiros-de.html

Veja mais fotos de tio Arno em https://www.facebook.com/felixmaier1950/posts/3070806756482418